Covid-19: queda na taxa de ocupação de leitos estimula Estado a reorganizar a rede de saúde

Entre as mudanças previstas está a abertura do Hospital Delphina Aziz, referência para o tratamento de Covid-19, também para outros tipos de atendimento, incluindo cirurgias e exames. Foto: Divulgação/Rodrigo Santos/SES-AM

A Secretaria de Estado de Saúde (SES-AM) planeja a reorganização da rede estadual de saúde, visando a ampliação dos atendimentos de causas não relacionadas à Covid-19. Entre as mudanças previstas está a abertura do Hospital Delphina Aziz, referência para o tratamento de Covid-19, também para outros tipos de atendimento, incluindo cirurgias e exames.

O anúncio foi feito durante a audiência pública virtual sobre o Plano de Contingência Estadual para enfrentamento da pandemia da Covid-19, realizada nesta quinta-feira (29/4), pela Comissão de Saúde da Assembleia Legislativa do Amazonas (Aleam).

A decisão leva em conta a queda na taxa de ocupação de leitos Covid-19 e o aumento na taxa de não-Covid. Conforme os dados apresentados pela SES-AM, os leitos clínicos na rede pública para Covid-19 estão em 29% e de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) alcançou 58%. No momento, a SES-AM trabalha na reorganização e mantém alerta para a virada de chave nos Hospitais e Prontos-Socorros (HPSs), onde leitos Covid-19 foram convertidos para atendimento de outras causas, mas que podem ser reconvertidos a qualquer momento na rede, caso o cenário mude.

Causas não-Covid

No início da tarde desta quinta-feira, a maioria das solicitações de transferência de pacientes registrados no Sistema de Transferência de Emergência Regulada (Sister), da SES-AM, é de causas não-Covid, principalmente do interior do Estado.

“As solicitações não-Covid são muito mais altas, 79 chamados nesta quinta-feira, mostrando a necessidade de virar a chave na rede estadual de Saúde para o atendimento não-Covid”, afirmou o secretário de estado de Saúde, Marcellus Campêlo. Ele disse ainda que os chamados para transferências de pacientes com Covid-19 eram de apenas 12, sendo três de Manaus e nove do interior.

A orientação da Organização Pan-Americana de Saúde (Opas) é que os leitos para pacientes com Covid-19 não sejam desfeitos. Foto: Divulgação/Diego Peres/Secom

As internações dos pacientes acometidos pela Covid-19 ficarão concentradas nos hospitais Dephina Aziz e Nilton Lins. A secretária executiva de Urgência e Emergência, Mônica Melo, ressaltou que a estrutura montada para o atendimento da doença não será desativada, mantendo-se organizada para possibilidade de uma nova subida de casos.

“Desocupamos leitos Covid nos prontos-socorros. A rede está configurada com leitos reservados para a doença, pois o paciente que sofre acidente pode estar com Covid e precisa do atendimento especializado, por exemplo, neurotrauma, na unidade. Seguindo a orientação da Opas (Organização Pan-Americana de Saúde), não foram desfeitos os leitos Covid”, explicou a secretária.

As unidades da rede estadual já atendem, em sua maior parte, pacientes com outros agravos à saúde. Na rede estadual, a taxa de ocupação de leitos clínicos não-Covid é de 79% e a de UTI corresponde a 77%. Os hospitais estão com pacientes fora do período de transmissão da Covid-19, que concluíram o tratamento e estão hospitalizados por outras sequelas.

Mudança no atendimento

Segundo o secretário executivo de Assistência da Capital, da SES-AM, Jani Kenta, a proposta é transformar o Hospital Delphina Aziz em uma unidade de atendimento híbrido e com perfil cirúrgico. “A unidade possui capacidade para fazer mais de mil cirurgias, de média complexidade e ambulatorial, de pacientes não Covid-19, mais de 10 mil atendimentos de ambulatório especializado e mais de 65 mil exames laboratoriais. A nova configuração com a ampliação da oferta de diversos serviços e atendimento regulados visa acelerar a fila do Sistema de Regulação (Sisreg)”, explicou o secretário.

“Ondas ocultas”

O secretário executivo de Assistência da Capital enfatizou que, com o direcionamento da rede para os atendimentos de casos do novo coronavírus, outras necessidades de assistência médico hospitalar, as chamadas “ondas ocultas”, tiveram aumento.

Onda oculta refere-se aos casos externos, como agravos à saúde no período da pandemia, relacionados às doenças crônicas, violência ou outra causa como acidentes de trânsito, agressões, ferimentos por arma de fogo, por arma branca e as quedas.

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