A pandemia de coronavírus aproveitou um traço da família Cruz Fonseca, natural de Parintins, para dizimá-la. Eles eram alegres, festeiros e numerosos. Marcavam datas comemorativas e mesmo fins de semana por encontros memoráveis. Morando próximos e muito apegados, já em Manaus, eles fizeram a festa de Réveillon 2021. E se contaminaram. Marilda, a matriarca, e os filhos Marlúcia (Lúcia), Marilene (Bay), Marinelda (Nelda) e Marcelo sucumbiram à Covid-19.
Francisco William Batista de Oliveira (o Baby) pode ser considerado um sexto membro perdido. Ex-marido de Nelda, ele era frequentador assíduo da família e também sucumbiu à peste.
Muito conhecidos e cheios de amigos, eles sofreram os percalços da fase aguda ocorrida no auge da crise de oxigênio e da segunda onda. Todos chegaram a ser internados em leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Bay ainda chegou a ser levada para São Paulo. E mesmo assim a irreparável perda aconteceu.
Tradição
Mestre Élcio Fonseca, o patriarca, falecido anteriormente, se destacava na Marujada de Guerra. Era dos mais importantes diretores do Boi Caprichoso. Clotilde, a primogênita, foi uma vereadora reconhecida em Parintins. Lúcia era aposentada da Federação das Indústrias do Estado do Amazonas (Afeam). Nelda era uma espécie de braço direito de Antonio Malheiros, o conhecido proprietário da Rádio Cidade/Manaus.
Os Cruz Fonseca, tradicionais moradores do bairro do Esconde, em Parintins, eram presença certa nas festas parintinenses. E mesmo mudando para Manaus, há muitos anos, voltavam para confraternizar com os amigos.
Mauro Cruz, o Baú, irmão mais velho, também estava no Réveillon e acabou acometido pela Covid-19. Foi transferido para Brasília e ficou semanas em leito de UTI, mas conseguiu a recuperação.
Mauro é um reconhecido alfaiate e produz ternos de alta qualidade para desembargadores, advogados e políticos, com ateliê localizado no bairro do Japiim.
Ficaram outros cinco: Clotilde, Mauro (Baú), Maraselma (Selma), Marinelson (Neldo) e Marilin (Maína). A família já havia perdido a segunda irmã, Marlene, há alguns anos.
Um luto sepulcral toma conta do bairro do Esconde, na rua Sá Peixoto, um dos redutos mais tradicionais do Caprichoso. A mesma família Cruz havia perdido Irlani Lima, esposa do artista Juarez Lima, para a pandemia. Irlani era conhecida como “guerreira do galpão”, por auxiliar com determinação o trabalho do marido. Ela era sobrinha de dona Marilda Cruz Fonseca.
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