Veja conversas vazadas Moro-Dallagnol, repercussão, ministro em Manaus e decida: #MoroCriminoso ou #EuApoioaLavaJato

Veja conversas vazadas Moro-Dallagnol, repercussão

Veja conversas vazadas Moro-Dallagnol, repercussão na mídia, Judiciário e Legislativo, em meio à visita do ministro da Justiça e Segurança Pública (esquerda) a Manaus, no confronto com o premiado jornalista Glenn Greenwald (direita)

O site theintercept.com publicou quatro posts com conversas entre o então juiz Sérgio Moro e o procurador Deltan Dallagnol. Os diálogos foram enviados por fonte anônima, recolhidas do aplicativo Telegram. A ideia geral parece ser a de que houve ajuda de Moro à acusação, no processo da Lava Jato. A conduta é vedada pelo Código de Processo Penal (CPP). Moro, a família Bolsonaro, advogados e analistas de todos os matizes reagiram à publicação.

A disputa entre partidários do PT e do governo Bolsonaro logo se espalhou nas redes sociais. O Twitter, onde a família Bolsonaro atua mais fortemente, recebeu logo duas hashtags: #MoroCriminoso e #EuApoioaLavaJato.

Em Manaus, o ministro da Justiça e Segurança Pública abandonou entrevista coletiva, na manhã de hoje (10/06), no hotel Quality. Ele chegou a dizer, mais cedo, que não deu orientação aos procuradores na Lava Jato. “Juízes conversam com advogados, procuradores e policiais. Isso é normal e eu não dei orientação nenhuma”. E foi a única coisa que falou a respeito, na coletiva, antes de se retirar. “Vim aqui para falar sobre a crise da segurança pública no Amazonas (massacre de 55 no presídio)”, disse.

 

As publicações

O theintercept dividiu as publicações retiradas do Telegram, tudo indica que do perfil de Dallagnol, em quatro partes.

A primeira é “nariz de cera”, onde o que importa é que o site emite conceito sobre o que deve ou não publicar. “(Conversas) puramente privadas e infringiriam o direito legítimo à privacidade ou outros valores sociais devem ser preservadas”.

A segunda parte entra na matéria propriamente dita e aborda supostas ações para impedir entrevista de Lula. Afirma que as decisões foram tomadas por medo de “eleger o Haddad”.

A terceira parte aborda dúvida do procurador Deltan Dallagnol sobre as provas que ligavam o triplex do Guarujá ao Petrolão. Sem essa ligação, o processo estava fora de Curitiba e das mãos de Moro.

A quarta parte é onde o site acusa Sérgio Moro de colaborar com Dallagnol na Lava Jato.

 

Reação de Moro

O ministro Moro emitiu uma nota oficial, como resposta à publicação. Confira:

“Sobre supostas mensagens que me envolveriam publicadas pelo site Intercept neste domingo, 9 de junho, lamenta-se a falta de indicação de fonte de pessoa responsável pela invasão criminosa de celulares de procuradores. Assim como a postura do site que não entrou em contato antes da publicação, contrariando regra básica do jornalismo.

Quanto ao conteúdo das mensagens que me citam, não se vislumbra qualquer anormalidade ou direcionamento da atuação enquanto magistrado, apesar de terem sido retiradas de contexto e do sensacionalismo das matérias, que ignoram o gigantesco esquema de corrupção revelado pela Operação Lava Jato.”

Moro não questionou a veracidade dos diálogos vazados, nesta nota.

 

Glenn Greenwald

O jornalista Glenn Greenwald ficou famoso publicando revelações colhidas pelo Wikileaks, de Edward Snowden, no jornal britânico The Guardian. Ganhou o norte-americano Pullitzer e o brasileiro Prêmio Esso. Fundou, logo em seguida, o The Intercept.

Greenwald afirma que as revelações de seu site, já apelidadas de “Vaza Jato”, abala as estruturas do Judiciário brasileiro. E deixou no ar que as publicações são apenas o começo. “O arquivo fornecido pela nossa fonte sobre o Brasil é um dos maiores da história do jornalismo. Ele contém segredos explosivos em chats, áudios, vídeos, fotos e documentos sobre Deltan Dallagnol e Sérgio Moro e facções poderosas. Nossas reportagens acabaram de começar”, disse, no Twitter.

 

Filhos de Bolsonaro

O presidente Jair Bolsonaro não comentou a publicação do theintercept. Mas os filhos dele, o vereador Carlos (PSL-RJ), o deputado federal Eduardo (PSL-SP) e o senador Flávio (PSL-SP) entraram na briga.

Carlos tuitou três horas e meia após a publicação do theintercept. Repetia o grupo “república de Curitiba” apoiando Moro e Dallagnol. Em seguida questionou a publicação de informação “sem validade jurídica”. E convalida ser “fácil interceptar o celular de Moro, mas difícil os dos advogados de Adélio Bispo”, que esfaqueou Bolsonaro.

Carlos foi o primeiro a lembrar que Greenwald é casado com o jornalista e estrategista de marketing David Miranda. Este virou deputado federal (PSOL/RJ) com a renúncia de Jean Willys. Os dois são cônjuges desde 2005.

Eduardo retuitou a ideia de ação orquestrada contra a Lava Jato. E Flávio, o mais discreto dos três, apenas replicou a nota de Moro sobre o caso.

 

Repercussão

A publicação começou a ter repercussão nas primeiras horas da manhã desta segunda (10/06).

O Uol publicou que cerca de 400 advogados, do grupo Prerrogativas, pedem afastamento de todos envolvidos na Lava Jato.

O jornalista Reinaldo Azevedo revelou reunião para tratar do assunto nas cúpulas do Judiciário e Legislativo. Os presidentes da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP) e do STF, Dias Toffoli, discutiram o cenário.

A conclusão de Maia, Alcolumbre e Toffoli parece ter sido de que uma CPI “só se sabe como começa e nunca como vai terminar”. E decidiram esperar mais um pouco antes de criar uma CPI.

 

Resumo da Lava Jato

O the intercept publica, no bojo das revelações da fonte anônima, um dado sobre as delações premiadas decorrentes da Lava Jato. Elas envolvem a nata do poder brasileiro, segundo mensagem de Dallagnol a Moro: “9 presidentes (1 em exercício), 29 ministros (8 em exercício), 3 secretários federais, 34 senadores (21 em exercício), 82 deputados (41 em exercício), 63 governadores (11 em exercício), 17 deputados estaduais, 88 prefeitos e 15 vereadores […]”.

É uma guerra que está apenas começando.

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