SANGUE E TERROR Líderes de massacre, esquartejadores, traficantes e xerifes são transferidos

SANGUE E TERROR Líderes de massacre, esquartejadores, traficantes e xerifes são transferidos

Sangue e terror: Líderes de massacre, esquartejadores, traficantes e xerifes são transferidos. Fotos: Bruno Zanardo/ Secom

Líderes e executores do massacre do Complexo Penitenciário Anísio Jobim (Compaj), homicidas, traficantes, assaltantes e xerifes ligados à facção criminosa Família do Norte (FDN) estão entre os 17 detentos transferidos para presídios federais, nesta quinta-feira (30), após as mortes de 55 internos de quatro cadeias do Amazonas.

A medida atende a uma solicitação do Governo do Amazonas junto ao Ministério da Justiça e Segurança Pública. Ao todo, 26 criminosos deixaram a cidade após serem identificados como líderes de facções dentro das unidades prisionais do Estado.

Sangue e terror

Entre os transferidos, aparecem como protagonistas do capítulo de sangue e terror de 2017, Márcio José Lopes Carneiro, “Márcio Doido”; José Bruno de Souza Pereira, “Bruninho”; João Ricardo Santos da Costa, “Kaká”; Adailton Farias Da Silva, e Danilo Oliveira Duarte, “Paulistinha”.

Esse grupo é apontado, inclusive na denúncia feita à Justiça pelo Ministério Público (MP-AM), como de líderes e executores do massacre. E teriam repetido a dose agora, em 2018.

Líder

“Márcio Doido” foi um dos líderes da chacina no Compaj em 2017, atuando junto com outros presos na tomada da portaria 3, do posto de guarda e dos eventos nas celas especiais do chamado seguro P3.

Ele é flagrado atirando contra internos que tentavam fugir pelos corredores entre o gradil e muro do presídio. Ele atirou contra PMs que se posicionaram na muralha durante a rebelião. Mário ainda foi apontado como representante geral do Compaj no massacre, responsável por mortes e esquartejamento de vários corpos.

Esquartejados

João Ricardo Santos Da Costa, “Kaká”, está entre os denunciados e apontados como autor de disparos contra as celas da inclusão no Compaj. Teve participação protagonista na chacina, como líder do motim, ora matando, ora esquartejando corpos.

Na denúncia do MP, “Kaká” é citado como um dos responsáveis pela deflagração da rebelião e um dos primeiros detentos a se “insurgir contra os agentes de socialização”.

Com poder de mando, ele ordenada mortes, bem como poupava vidas de desafetos. Alguns afirmam que o preso determinou que os agentes de socialização não fossem mortos. No início da rebelião, ele rendeu um dos agentes e o usou como escudo humano para se proteger.

Vida e morte

Para alguns dentro do sistema, “Kaká” era tido com o 01 do Compaj, estando acima de “Caroço” na hierarquia da facção. Em 2016, segundo testemunhas, João Ricardo teria mandado presos desocuparem a inclusão e descer para os pavilhões, porque “queria que ali fosse o motel dos FDNs”. Se não desocupassem, assim que a cadeia “lombrasse”, os presos da inclusão seriam mortos.

Outro líder da chacina de 2 anos foi Adailton Farias Da Silva, participando ativamente do início, quando as portas se abriram, representando a ala 2 do pavilhão 2. Ele estava armado com pistola.

José Bruno de Souza Pereira, “Bruninho”, também esteve à frente de assassinatos na hora que as portas do complexo se abriram no motim, no início do horror. Ele estava no grupo de detentos armados que domina o primeiro agente de ressocialização, e sob ameaça fazem com que outro agente abra o portão de acesso à portaria 3.

Executores

Listado no núcleo chamado de “os executores”, pelo MP, Danilo Oliveira Duarte, “Paulistinha”, foi outro a protagonizar cenas de terror no Compaj, em especial, segundo testemunhas, no massacre nas celas especiais. No mesmo time estava ainda Alex Sandro de Araújo Ventura, o “Alex Tatuador”

Alex responde por roubo e homicídio. Ele participou de uma fuga coletiva do Compaj, em 2012. Demétrio Antônio Mathias, “Dm”, processado por homicídio, é outro dos xerifes da FDN, acusado de assassinato naquele dia sangrento. Em 2017, ele foi transferido para presídio federal, mas voltou para Manaus.

Completa o time dos envolvidos na chacina Xavier Da Silva Pinto. Ele foi apontado como um dos líderes e estava armado no motim.

Peruano e cartel

Entre os transferidos, há um peruano, Wilder Chuquizuta Velayarse, “Tronquito”. Ele foi extraditado da Colômbia para o Amazonas para responder pelos crimes de narcotráfico, tráfico de armas, evasão de divisas e lavagem de dinheiro.

Em “salves” da FDN e mensagens interceptadas de José Roberto Fernandes Barbosa, o Zé Roberto da Compensa, Velayarse é citado como sendo um contato direto do cartel de Cali para abastecer a facção, via Tabatinga. Foi condenado pela Justiça Federal a 24 anos de prisão.

Suspeito de pelo menos cinco homicídios, Antônio Marcos Pereira Capucho, “Capucho” foi no grupo dos transferidos. Ele foi preso, este ano, durante a operação Laborum Meta, com um verdadeiro arsenal: 11 armas diversas, incluindo espingardas, revólveres, pistolas e munições.

Ele responde a sete processos no Tribunal de Justiça do Amazonas (TJAM) e cumpria pena na Unidade Prisional do Puraquequara (UPP) por homicídio.

Capucho e Nariz

“Marquinhos Capucho” é traficante conhecido que dominava a área do Tancredo e Mutirão, e atualmente é investigado por envolvimento nos ataques ocorridos nos bairros, como o do dia 23 de fevereiro de 2018, que foi frustrado por operação da Polícia Civil.

Diego Bruno De Souza Moldes, “Nariz”, foi condenado por tráfico, a 5 anos de prisão, e mesmo dentro da penitenciária continuava comandando uma organização criminosa.

É apontado como um dos xerifes da FDN e chefe do tráfico na zona Sul. Ele também apareceu numa lista citada por um perfil no Facebook, como marcado para morrer, em função do racha entre os cabeças e traficantes João Pinto Carioca, o João Branco e o Zé Roberto, que resultou em 55 mortes em quatro cadeias de Manaus.

Pistoleiro

Com 10 processos no TJAM, Francisco Diego Dos Anjos Albuquerque, “Diego Olhão”, é conhecido no mundo do crime como “Dieguinho” ou “Shrek”.

Ele é investigado por ao menos 30 homicídios em Manaus e é um dos pistoleiros mais perigosos da facção, cumprindo ordens de João Branco. Foi condenado a 19 anos e 6 meses de prisão por tráfico e homicídio no Compaj.

Sentença

Ele foi sentenciado pela morte de Gabriel do Nascimento Chaves, crime ocorrido no bairro Nova Cidade, zona Norte da capital, em março de 2013, sendo julgado por homicídio qualificado (motivo torpe).

“Diego Olhão” já foi detido também por crimes de pistolagem e com laboratório de drogas na zona Norte, além de armas e munições. “Dieguinho” é apontado como um dos braços armados da FDN, sendo um dos grandes pistoleiros da organização. Ele é irmão de outro homicida e pistoleiro da FDN, Jeanderson Anjos, o “Billy”, suspeito de ser o autor de pelo menos 20 homicídios.

Outros da lista

Entre os detentos transferidos estão Fernando Félix Da Silva, “Fernandinho” (responde por porte de arma e roubo majorado); João Fredy Polanya Barros, “Veneza” (responde por tráfico, sendo condenado a 7 anos de prisão pela Justiça Federal); Thiago Oliveira Serrão, “Th” (corrupção passiva); Heberth Bastos Andrade (tráfico); e Júlio César Ramos Moreno, “Binho”, sem informações.

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1 comentário

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  1. Frank disse:

    Até quando o país vai aturar esse tipo de assassinos cruéis e traficantes que além de as despesas para o estado não acrescenta nada à sociedade.