Nove detentos ligados a facção devem ser transferidos para presídios federais

Nove detentos ligados a facção devem ser transferidos para presídios federais

Nove detentos ligados a facção devem ser transferidos para presídios federais. Racha entre João Branco e Zé Roberto seria motivação para mortes. Foto: Arquivo

Com a Força-Tarefa de Intervenção Penitenciária (FTIP) acionada para atuar na crise do sistema prisional do Amazonas, após um novo massacre em quatro unidades prisionais, que resultou em 55 detentos mortos por asfixia e perfurações de estoques, nove presos de Manaus, ligados a facção criminosa Família do Norte (FDN), deverão ser transferidos para presídios federais.

Os nomes dos nove detentos não foram divulgados, inclusive por questões de segurança. A partir desta terça-feira (28), uma equipe precursora da força-tarefa do Ministério da Justiça e Segurança Pública está na cidade para dar suporte local.

Nove detentos

O pedido de ajuda ocorreu após as 55 mortes registradas em dois dias. Manaus já tem um recorde de massacre, registrado em 2017, quando 56 detentos foram assassinados dentro do Complexo Penitenciário Anísio Jobim (Compaj), a segunda maior chacina no Brasil.

Setores da inteligência do sistema de segurança já tinham informação da instabilidade nas unidades e a resposta rápida teria evitado que o número de assassinados fosse maior. Segundo o governador Wilson Lima, os presos estavam na tranca e algumas possíveis vítimas identificadas, cerca de 200, foram trocadas de celas.

Durante as intervenções no Instituto Penal Antônio Trindade (Ipat), Centro de Detenção Provisória Masculino (CDPM 1), Complexo Penitenciário Anísio Jobim (Compaj) e Unidade Prisional do Puraquequara (UPP), nesta segunda-feira (27) foram encontrados 40 detentos mortos, todos com indícios de asfixia.

Agentes

Agentes de segurança federais de execução penal e da Força Nacional devem chegar na cidade até o fim de semana, em número superior a 100 homens. Há dois anos, a Força Nacional atua na entrada do Compaj, e agora passará a estar dentro da unidade.

A Força-Tarefa foi criada para atuar na custódia de presos, mas desde dezembro do ano passado, após portaria assinada pelo ministro Sérgio Moro, passou ser utilizada para situações extraordinárias de grave crise no sistema penitenciário e para treinamento e sobreaviso.

Motivação

Vários salves de facções criminosas, da FDN e do Comando Vermelho (CV), divulgados desde o início das mortes, buscam atribuir responsabilidade e motivação à série de mortes nos presídios.

Vídeos gravados de um homem identificado como Magdiel Barreto Valente, vulgo “Magnata”, mostram parte de um suposto complô armado por membros da própria FDN que teria resultado nas 55 mortes nas cadeias.

Guerra declarada

Fontes da segurança pública confirmam um racha na facção, uma guerra declarada pelo controle no topo do tráfico entre os fundadores da organização criminosa, José Fernandes Barbosa da Silva, o Zé Roberto da Compensa, ou Mano Z, e o narcotraficante João Pinto Carioca, o João Branco. Ambos estão em presídios federais.

Nos vídeos, “Magnata”, que aparece amarrado e com marcas de tortura, conta as relações perigosas que teriam levado a mulher de João Branco, Sheila Faustino Peres, a iniciar os ataques que derem origem aos novos massacres.

Sheila é a mulher que teria motivado a morde do delegado de Polícia Civil, Oscar Cardoso, no dia 9 de março de 2014. O narcotraficante foi acusado, na Justiça, de ser o mentor da execução do delegado.

Tribunal de rua

Ele foi denunciado pelo Ministério Público Estadual, que aponta que o crime foi motivado pelo torpe sentimento de vingança, visto que João Branco entendia que um grupo de policiais presos na operação “Tribunal de Rua”, comandado pelo delegado Cardoso, teria sequestrado, extorquido e estuprado Sheila Faustino Peres, em 2013.

Citada como a terceira maior facção criminosa em estrutura no País, a FDN foi apontada também como fomentadora e executora das 56 mortes em 2017, em confronto com o Primeiro Comando da Capital (PCC).

Além do racha interno, a facção ainda teria no seu calcanhar o CV, que busca comandar o tráfico na cidade. A ordem para a matança teria partido de Sheila, com aliados, e colocaria João Branco contra Zé Roberto, em um novo capítulo bastante sangrento.

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