Polarização perigosa

Por Augusto Bernardo Cecílio

As eleições para presidência e para os governos estaduais acabaram. É hora de se pensar no melhor para a população e deixar no passado os tantos conflitos, as desavenças e o envenenamento que tomaram conta das redes sociais e da mídia. É hora de reconciliação entre as partes envolvidas e principalmente entre os que teimam em manter os focos de incêndio bem acesos.

Parece até que os palanques continuam armados e que existe a necessidade desses confrontos para justificar que os 100 primeiros dias se aproximam e que em todas as esferas de governo é necessário, sim, que os resultados apareçam. Em resumo: falar menos e trabalhar mais. Temos problemas de sobra e que foram enraizados após décadas sem a atenção necessária e o enfrentamento profissional e sério para zerar, ou pelo menos amenizar os sofrimentos da sociedade, razão maior da existência dos governos.

Cabe aqui alertar que muitos que hoje reclamam das heranças recebidas participaram, de alguma forma, de outras administrações, seja como parlamentares, como governantes ou ocupantes de cargos da administração, e nada ou pouco fizeram para que melhorasse a situação. Espalham-se pelo Brasil somente as queixas sobre os antigos mandatários. Ora! Se isso foi fartamente explorado lá nas campanhas eleitorais, é passada a hora de arregaçar as mangas, afinal, os eleitos carregam enormes esperanças e serão cobrados.

Vale um alerta aos eleitos e eleitores. Todos os governantes passados receberam elogios ou críticas. Não pensem que é algo pessoal e nem peguem corda das milhares de postagens que entopem as redes sociais e os grupos, muitas repetidas e alarmistas, outras tantas sem o menor pingo de verdade, sem procedência e de “autoria duvidosa”, que promovem a desunião, a discórdia e o confronto. Precisamos de paz.

O Brasil é lindo principalmente pela sua pluralidade, pelas diferenças que aqui habitam. Querer forçar a barra para que todos pensem de forma igual é um erro, uma agressão e um perigo. Isso não é nada bom para a Democracia.

Em seu artigo “A Constituição de 1988: Democracia e Política”, Wastony Aguiar Bittencourt afirma que “A Constituição Brasileira de 1988 consolida o ideal democrático com o viés eminentemente pautado em cidadania. Apelidada de constituição cidadã, por ser a mais completa entre as constituições brasileiras, com destaque para os vários aspectos que garantem a cidadania. Embora a democracia brasileira seja jovem, com muitos partidos, fica evidente que essa gama de possibilidades tenta alcançar todas as camadas da população e assim, fazer com que todos os segmentos estejam representados visando atender de maneira democrática o povo”.

Como disse um amigo, “ter opiniões diversas dentro da legalidade é natural em sociedade, porque em sociedade coabitam pessoas com opiniões diferentes, que muitas vezes entram em oposição, divergências e debates de ideias, algo absolutamente normal. Dessa forma, ideias socialistas e capitalistas coabitam, sem haver anormalidade nisso, e nem perigo à estabilidade da nação”.

“Direitistas e esquerdistas que respeitem a Constituição podem se manifestar livremente, sem colocar em risco a convivência social. Criticar Bolsonaro e a direita é tão normal quanto foi criticar Lula e a esquerda. Toda crítica é própria de um regime democrático. O melindre é que não é uma boa prática”. E isso serve para todos.

 

Augusto Bernardo Cecílio

Augusto Bernardo Cecílio

* Auditor fiscal da Sefaz, coordena o Programa de Educação Fiscal no Amazonas.

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