Milton Nascimento apresenta o show ‘Semente da Terra’, no palco do Teatro Amazonas

Um dos ícones da MPB, o cantor e compositor Milton Nascimento anunciou que fará um show no Teatro Amazonas no dia 13 de agosto, às 20h. Os ingressos para a apresentação já estão à venda pelo site Alô Ingressos.

O “Bituca”, como é chamado pelos mais próximos, apresentará em Manaus a turnê “Semente da Terra”, (Ava NheyPyruYvyRenhoi )este é o nome que Milton recebeu de 37 lideranças espirituais da Nação Guarani Kaiowá numa cerimônia realizada em 2010.

O repertório foi escolhido através de uma seleção com forte conotação política e social que foi sendo afiada em suas três últimas turnês: “Uma Travessia – 2012”, “Linha de Frente” – em parceria com Criolo em 2014, e a Tour “Tarde”, realizada em 2015.

Em março deste ano, Milton visitou o Teatro Amazonas enquanto turista. Ele esteve no Estado com o ator Daniel de Oliveira para uma performance com o personagem “Homem Lama”. Na performance, o ator se cobre de lama e divulga a ação em mídias sociais.

Em 2017, ano em que seu primeiro disco – “Milton Nascimento” – completou cinquenta anos.

Semente da Terra

O nome de batismo Guarani, concedido para pouquíssimas pessoas nascidas fora da tribo – surgiu a partir da percepção que os índios tiveram ao olhar uma foto de Milton. Nenhuma das lideranças jamais tinha ouvido falar dele antes deste evento, que reuniu índios de várias etnias em Campo Grande (MS), onde Milton se apresentou para sul-mato-grossenses e comunidades indígenas. E após uma discussão fechada de quase duas horas em que uma foto de Milton era passada de mão em mão, caciques e pajés – que estavam num dos camarins – entraram durante o show de
Bituca e fizeram o batizado ali mesmo, no palco. Semente da Terra, nome de batismo concedido pelos índios naquela noite, foi o nome escolhido para sacramentar essa volta de Milton ao encontro direto de seu público, após um ano de período sabático.

Este show, Semente da Terra, tema direção artística de Danilo “Japa” Nuha. Já a direção musical é de Wilson Lopes (que também toca guitarra e violão), acompanhado de seu irmão, Beto Lopes (sete cordas), do baterista Lincoln Cheib, além do contrabaixo de Alexandre Ito, dos vocais de Barbara Barcellos, do piano de Kiko Continentino e dos metais de Widor Santiago.

A música é a mensagem

O presente pode não ser muito promissor, ainda mais na mão de quem hoje controla céus, seja em Brasília, em Washington, na Avenida Paulista ou no Rio. Mas ainda existe uma força, um lapso de ânimo que conduz os homens de coragem antes da “Queda do Céu”, como profetiza Davi Kopenawa, caso ambições de uma minoria usurpadora continue espalhando cartas bomba e genocídios: “A floresta está viva. Só vai morrer se os brancos insistirem em destruí-la. Se conseguirem, os rios vão desaparecer debaixo da terra, o chão vai se desfazer, as árvores vão murchar e as pedras vão rachar no calor. Então morreremos, um atrás do outro, tanto os brancos quanto nós. Todos os Xamãs vão acabar morrendo. Quando não houver mais nenhum deles vivo para sustentar o céu, ele vai desabar”.

Desta forma, Milton e banda nos trazem, através da música, uma reflexão de dias extremos -como os atuais. Porém, cheios de esperança – ainda mais fortes. E, através de canções que marcaram profundamente 50 anos de história a partir da primeira gravação de Travessia, Milton chega em 2018 renovado, com a força de seu canto, sua raça, seus sonhos e, principalmente, sua coragem.