Após acusação de assédio, bailarino amazonense volta aos palcos de NY

Bailarino Marcelo Gomes foi contratado para o corpo de baile do Sarasota, da Flórida. Foto: Arquivo

Seis meses após se afastar do posto de primeiro bailarino do American Ballet Theatre (ABT), o brasileiro Marcelo Gomes foi contratado nesta semana para integrar o corpo de baile do Sarasota Ballet, da Flórida, como artista convidado.

A primeira de suas apresentações com o Sarasota acontecerá em 18 de agosto no Joyce Theater, em Nova York, e marcará o seu retorno aos palcos após um afastamento de oito meses.

Acusação

Em dezembro passado, Marcelo foi acusado de assédio sexual. A denúncia, anônima, se referia a um episódio supostamente ocorrido há nove anos, e não teria envolvido nenhum integrante atual ou ex-integrante do ABT.

Desde o surgimento da notícia, Marcelo não se pronunciou publicamente sobre a denúncia que o afastou da Cia. em que atuou por 20 anos.

Na última sexta-feira (29), o dançarino evitou comentar o assunto durante uma entrevista ao “The New York Times”, e a reportagem apurou que uma investigação interna do American Ballet havia sido terminada — as conclusões, porém, não foram divulgadas.

Temporada

O brasileiro participará de quatro programas ao longo da temporada 2018-2019, e sua contratação foi defendida pelo diretor artístico do Sarasota, Iain Webb.

“Hoje em dia é difícil encontrar pessoas que tenham esse nível de arte”, disse Webb. “E eu realmente sinto que ele é uma pessoa incrível, um grande artista e muito generoso em sua ética de trabalho”.

Perguntado se havia conversado com o bailarino sobre as alegações, Webb afirmou que ambos não entraram em detalhes: “Seja o que tiver acontecido, não foi tornado público, e ele não precisa me dizer. Sou da velha escola, e acredito nos devidos processos”.

Ao “The New York Times”, Marcelo disse se sentir “grato por Iain e eu nos conectarmos. Planejamos criar a arte mais bonita juntos”, afirmou.

Foco no futuro

Quando perguntado sobre a alegação, acrescentou: “Estou tentando focar no futuro, na dança. Estou absorvendo cada minuto que ponho no palco neste momento da minha vida. Tudo tem um significado diferente para mim agora”.

Em seu retorno, Marcelo irá dançar o pas de deux “The two pigeons”, de Frederick Ashton, junto da primeira bailarina bailarina Victoria Hulland.

Será a quarta vez que o bailarino dança com a essa Cia. — à época das acusações, em dezembro de 2017, Marcelo havia acabado de criar um balé para o Sarasota, “Dear life…”.

Desde a sua saída do American Ballet, o brasileiro dançou em “Giselle”, no Mariinsky Theater, em São Petesburgo, e em “After the rain”, de Christopher Wheeldon, no Bolshoi, em Moscou. Em março de 2018, Marcelo coreografou “The outset”, para o Washington Ballet.

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