Cerca de 70 alunos enganados por diretores da Esbam prestam queixa em Manaus

Alunos protestam em Manaus. Os proprietários Amós Alves Santos, 35, e Rubens Pedro de Farias Jr., 33, estão sendo procurados. Foto: David Batista/PMS

Cerca de 70 alunos que foram enganados por diretores da Escola Superior Batista do Amazonas (Esbam) prestaram queixa em Manaus, na tarde desta segunda-feira (25) no 24º Distrito Integrado de Polícia (DIP), no Centro. Na última semana foi deflagrada a Operação Incautos, na qual foram presos cinco envolvidos em esquema de venda de falsos cursos do ensino superior no interior do Amazonas, usando o nome da Esbam.

Entre os presos estão Valdir Pavanello Jr.,  Ellen da Silva Santos,  Meyre Jane da Silva, Valdir Pavanello Junior, advogada Núbia Batista e Marivaldo Carvalho Fonseca. Os proprietários Amós Alves Santos, 35, e Rubens Pedro de Farias Jr., 33, estão sendo procurados. Os dois foram afastados por intervenção judicial no dia 27/02/2018.

Alguns casos

Jéssica Gomes, 27 anos, cursou administração por quase seis anos, passou por três instituições e por último finalizou na Esbam, no Careiro Castanho. “Ficamos sabendo de toda essa trama através da mídia e também por meio de do prefeito e vereador do nosso município que reuniu com alguns alunos na mesma semana e nos contou o que estava acontecendo. Nós fomos roubados e também foi tirado nosso tempo, nossa expectativa e nossos sonhos”, contou. Segundo Jessica, nessa semana os alunos devem estar contratando um advogado para defender a todos.

Paulo Sérgio, 21, de Vila do Araçá e da sede do Careiro Castanho, aluno da Fatesp, foi outra vítima, que após ficar sabendo da fraude, procurou a instituição que negou que isso seja verdade. “Segundo a coordenadora do curso, o Marivaldo responsável pela Fatesp iria resolver tudo quando chegasse em Manaus. E que é pra ficarmos tranquilo que o curso vai continuar.”.

Segundo o aluno, a coordenação da Fatesp justificou que o antigo dono da Esbam é quem está fazendo toda essa trama.

De acordo com um outro aluno que não quis ter o nome divulgado, a coordenadora identificada como Maria, informou que a partir do dia 14 de julho, a esposa do senhor Marivaldo vai estar no município para dar continuidade às aulas. A professora foi identificada como Martha Beleza.

A operação “Incautos” teve em vista desarticular um esquema de falsos cursos de ensino superior. Foto: David Batista/PMS

Luana Correa, 23, aluna de pedagogia na Esbam, disse que os envolvidos na fraude ofereciam cursos de administração, serviço social, educação física, entre outros.

“Eu já tinha desconfiança. Esse senhor chamado Amós já havia sido suspeito de fraude em uma outra faculdade chamada Faam. E agora com a Esbam foi a mesma coisa, essa não é a primeira vez que acontece isso com ele. O prefeito e os vereadores deram respaldo de certa forma. Passamos por três instituições, até chegar aqui, onde não chegamos a nada”, desabafou.

O delegado do Careiro ficou surpreso em saber, pelo prefeito, que a polícia tinha um processo de investigação contra a Esbam. “O que sempre achamos estranho foi porque eles utilizavam as dependências da escola Municipal Coronel Fiúza”.

Greice Teixeira Marques, 31, do município do Careiro, sempre acreditou que tudo era legalizado e reconhecido pelo Mec. “Eu iria defender meu TCC agora nesse sábado dia (23), tudo foi decepção para nós. Estamos desesperados com essa situação, não estamos aqui pedindo nada de ninguém, queremos nosso direito, nossa dignidade de volta. Nós só queremos o nosso diploma”, disse.

Áudio de Marivaldo Fonseca, que atuava na venda de cursos, aos alunos

 

Operação

A operação “Incautos” teve em vista desarticular um esquema de falsos cursos de ensino superior. Pessoas que residem em alguns municípios do interior do Estado foram lesadas por indivíduos que utilizaram o nome da Esbam para expedir diplomas de graduação sem o reconhecimento do MEC. Durante as investigações, foi comprovado que, na atual gestão da faculdade, os atuais sócios proprietários criaram uma estrutura organizacional interna dentro da faculdade em Manaus, quando foram criados cursos de graduação no interior do estado e, também, em outros estados, sem a devida autorização.

 

Esbam

Por ocasião da operação “Incautos”, a Esbam divulgou nota informando que a instituição não opera no interior do Amazonas e todos os cursos ministrados em Manaus estão devidamente regularizados perante o MEC. Também afirmou que tem mais de 15 anos de atuação no Amazonas, com uma trajetória de honestidade, legalidade, compromisso, respeito, qualidade e excelência. “Assim como a sociedade, a atual administração espera que a investigação seja concluída e que as pessoas que utilizaram o nome desta respeitável instituição de ensino sofram as sanções cabíveis”, afirmou a direção da Esbam, em nota.

 

Foragidos

O delegado Aldeney Goes informou que os atuais sócios da faculdade, Amós Alves e Rubens Júnior, seguem foragidos, além de Fabiano Lima da Silveira, 30, que também participou ativamente dos delitos.

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