Economista amazonense aponta erro do Brasil no futebol: “Viramos exportador de matéria-prima para a Europa faturar”

O Brasil é conhecido como o ‘país do futebol’, mas essa fama não se reflete no mundo dos negócios. Em termos globais, o futebol movimenta 250 bilhões de dólares a cada ano, mas os clubes brasileiros ficam com apenas 3% desse mercado bilionário.  “Estamos nos transformando em simples exportadores de atletas para a Europa faturar bilhões”, lamenta o economista e professor Rodemarck Castelo Branco, em entrevista ao programa Diário da Manhã, da rádio Diário (95,7 FM), na quinta-feira (22/06).

Como exemplo da goleada que o Brasil está levando da Europa, líder absoluta nos negócios relacionados ao futebol, Castelo Branco cita os três clubes mais ricos: Manchester United, Real Madrid e Barcelona. “Em 2017, o faturamento desses três times foi quase 9,5 bilhões de euros. Dizem alguns que o valor de mercado do Manchester é superior ao PIB de 33 países. Comparar isso com o Brasil é impressionante. O maior clube em faturamento no país, o Flamengo, fatura de 15 a 18% do que ganha o Manchester”, afirma, destacando que o futebol já representa 12% do PIB do mercado comum europeu, no Brasil chega a pouco mais de 1% do PIB.

Para o economista, o futebol faz parte da economia criativa e é subutilizado no Brasil. “O jogo, com a venda de ingressos, é apenas uma forma de gerar faturamento. Hoje os times são uma marca. O Manchester United, o mais rico do mundo, o Real Madrid e o Barcelona são marcas, vendem produtos, promoções. Só o Real Madrid faturou em 2017 com vendas de produtos quase 900 bilhões de reais. Isso foi mais do que tudo o que o futebol brasileiro recebeu de recursos em promoções de marcas”, observa.

Ele ressalta que os 30 clubes mais ricos do mundo são clubes europeus: 14 ingleses, cinco italianos, quatro alemães, três espanhóis, dois franceses, um português e um russo. O primeiro clube fora da Europa é o Flamengo, que ocupa a 31ª posição.

 

Mão de obra

Castelo Branco destaca que o Brasil forma a mão de obra, os atletas, mas está cada vez mais difícil mantê-los. “A Europa é como um imã pela riqueza e capacidade de vender seus produtos em termos mundiais”, diz.

O economista alerta que é preciso repensar a economia do futebol. “Ao contrário do resto do mundo que administra de forma profissional, a economia no futebol brasileiro ainda é feita de forma amadora”, observa. “No momento em que o esporte está se globalizando cada vez mais, o Brasil é responsável só por 3% de tudo o que se movimenta no futebol, um país que é quase o sinônimo de futebol. Estamos nos transformando em simples exportadores de atletas. É o momento de fazer uma modificação e aproveitar a economia do futebol como fator de geração de riquezas no Brasil”, afirma.

 

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