Um Brasil paralelo

Na proporção que o tempo passa, mais aumenta a lista de adjetivos pejorativos que o Brasil adquire, tanto no cenário internacional quanto no doméstico. Desde os mais antigos, como “república das bananas”, “subdesenvolvido”, “terceiro mundo”, etc … até os mais atuais que revelam o quanto o país tem entrado em queda meteórica.

Quem diria, até o nosso produto nacional número um caiu em desgraça. A hegemonia mundial do futebol sucumbiu ao meio de enxurrada de corrupção comandada pelos cartolas nacionais e estrangeiros.

Em meados de 1971, em viagem oficial aos Estados Unidos, o presidente Emílio Garrastazu Médici foi recebido pelo presidente Richard Nixon, na Casa Branca, quando o anfitrião exaltou: “para onde o Brasil for o resto da América Latina irá”. Quase meio século depois o que se vê é uma América Latina combalida, com parco crescimento econômico, enormes bolsões de miséria, uma violência assustadora e, quase nenhuma perspectiva de contornar esse quadro sombrio. As projeções de Nixon estavam certas, mas ninguém conseguiu decifrar, a tempo, que a saída era fortalecendo o conjunto dos países e não alimentando uma concorrência desleal e infrutífera, onde apenas o tráfico saiu ganhando.

Em todos os aspectos, em todas as esferas, em todos os temas e assuntos, o Brasil tem ou teve um caso de conotação negativa para ilustrar o anedotário mundial. Não, não acredito que exista um complô para esta finalidade, que tudo seja obra orquestrada por um conluio de mentes do mal trabalhando com o único objetivo de atravancar o país. Como explicar tantas mancadas? Como entender tanta corrupção, tanta gente fazendo o mal a milhões de outras pessoas e, o pior, todas brasileiras. Como se pode compreender, filhos da mesma pátria imbuídos e diplomados no ofício de saquear, roubar, de corromper, de ludibriar, de amealhar fortuna em detrimento ao seu semelhante, que padece nas intermináveis e fétidas filas e corredores de hospitais, com milhares de desempregados e muitos entrando para a marginalidade.

Chacotas e mais chacotas. Uma após outra. Em que país sério se nomeia ministra do trabalho uma pessoa que já foi denunciada e condenada pela Justiça do Trabalho? É um descalabro, um acinte. Onde já se viu, quase todos os partidos políticos do Brasil vão ter que devolver mais de R$ 13 milhões ao Fundo Partidário, ou seja, dinheiro público mal gasto em campanha política. Tem mais, essa condenação do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) refere-se às eleições de 2012, de lá pra cá sabe Deus as maracutaias e os pixulecos que praticaram e ainda praticam. Enquanto isso, a matéria que cria mais rigor na fiscalização do uso dessas verbas está engavetada no Congresso Nacional.

É surpreendente como tudo acontece de ruim para a maioria da população, enquanto uma casta cuida apenas de seus próprios interesses. É como  se existissem dois países dentro de um só.

 

 

Augusto Bernardo Cecílio

Augusto Bernardo Cecílio

* Auditor fiscal da Sefaz, coordena o Programa de Educação Fiscal no Amazonas.

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