Barítono Homero Velho é destaque na estreia mundial de “Vulcão Azul”, no FAO

Barítono Homero Velho dá vida ao holandês Van Roory, dono de mineradora na estreia mundial do FAO. Artista fala sobre ópera e canto. Fotos: Michael Dantas/ SEC

Vem de uma mistura de mitologia e tintas de ficção, embebidas em realidade, a nova produção operística brasileira que terá estreia mundial no próximo domingo (27), no Teatro Amazonas: “Kawah Ijen”, do compositor brasileiro João Guilherme Ripper, que foi encomendada especialmente para o Festival Amazonas de Ópera (FAO).

Segunda peça encomendada a Ripper para o FAO, “Kawah Ijen”, ou o “Vulcão Azul”, trará ao palco do teatro uma história que se passa nos arredores do vulcão, na Indonésia, onde o dono de uma mineradora, o holandês Van Roory, enriquece às custas da exploração dos habitantes da vila.

E quem dá voz e vida a Van Roory no FAO é o barítono Homero Velho, um dos cantores mais comprometidos com a ópera contemporânea brasileira. Homero é um dos artistas expressivos do festival, estando presente nos palcos do Teatro Amazonas desde 2003.

Em entrevista ao Portal Marcos Santos, o barítono, que leciona na Escola de Música da Universidade Federal do Rio de Janeiro, contou que o que torna a estreia mais especial é o fato de poder criar algo que nunca foi feito antes.

“Posso fazer uma coisa que ninguém fez. Posso imprimir uma primeira interpretação, fazer algo que nunca foi montado antes. É um papel muito especial, tanto para os intérpretes quanto para os músicos, maestro e produção”, fala Homero.

Cena lírica

Artista requisitado na cena lírica nacional, o barítono dedica-se ao canto lírico desde os 18 anos. Viveu nos EUA, onde participou de diversos festivais de ópera, interpretando papéis principais como The Ghosts of Versailles (Corigliano) e Don Giovanni (Mozart).

“Manaus se firmou como um dos cenários operísticos, com o festival, mais importantes da América Latina. E na Amazônia temos um polo regular, incluindo o festival de Belém. E o Teatro Amazonas é um dos mais fantásticos, e tinha que voltar a pertencer à função principal de realizar ópera”, disse Homero Velho.

Indonésia

Sobre a estreia de Guilherme Ripper, o artista adianta que é uma história bem dramática e com vários arquétipos em relação a personagens com perfis do bom e do mau. “A música é melódica e é uma maneira fantástica de estimular esse microcosmo que é o da ópera. Tudo será pela primeira vez no “Vulcão Azul”, e o público terá uma oportunidade muito bonita de acompanhar”.

Barítono experiente, Homero lembra que hoje o repertório base da ópera mundial se resume a 40 peças, e que estreias como a de “Kawah Ijen” são estimulantes. “O FAO tem coisas próprias que o tornam único e muito importante, como o envolvimento local, com os corpos estáveis, a escolha do repertório, as estreias mundiais, além de tudo que se cria em torno, como a fonte de empregos e de próprio orgulho para o Estado”, fala.

Em casa

O artista se sente em casa em Manaus e conta que a vida, a rotina, acaba girando em torno do teatro, de onde guarda a sensação única e especial de cantar. “É uma emoção única cantar num teatro no meio da floresta amazônica, com toda essa história e mundialmente conhecido. Acho que em 2018, Manaus será a cidade brasileira que mais terá mais montagens de ópera no ano. Isso é especialíssimo”.

A estreia

No dia 27 de maio, o Teatro Amazonas será palco da estreia mundial de “Kawah Ijen”, do compositor brasileiro João Guilherme Ripper, que foi encomendada especialmente para o Festival Amazonas de Ópera (FAO).

A história se passa nos arredores do vulcão Kawah Ijen, na Indonésia, onde o dono de uma mineradora enriquece às custas da exploração dos habitantes da vila. Obrigados a chegar até as profundezas da cratera para recolher as melhores pedras de enxofre, os mineiros acabam por inalar o gás venenoso que os vitima ainda jovens.

Graças ao pacto com a divindade do vulcão, o dono é protegido das constantes revoltas e ameaças do povo. Entretanto, uma inesperada reviravolta acontece quando ele cobiça e violenta uma jovem da vila que dará à luz aquele que mudará o destino de todos e do próprio vulcão.

Ficha técnica

As reapresentações acontecerão nos dias 31 de maio e 2 de junho, no encerramento do Festival, com o Corpo de Dança do Amazonas, Coral do Amazonas, Orquestra Amazonas Filarmônica, sopranos Isabelle Sabrié e Daniella Carvalho, tenores Daniel Umbelino e Juremir Vieira, baixo Murilo Neves, barítonos Homero Velho e Inácio de Nonno, e o ator Matheus Sabbá. A direção e regência são de Marcelo de Jesus.

Os ingressos para as apresentações estão disponíveis na bilheteria do Teatro Amazonas e no site www.aloingressos.com.br, com valores que vão de R$ 5 a R$ 60.

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