Vírus do sarampo em Roraima é o mesmo da Venezuela, diz diretor da FVS

A confirmação da doença em uma criança da Venezuela, no dia 11/02, por profissionais da Fiocruz, rompeu um quadro epidemiológico estável no Brasil. Foto: Divulgação

O diretor-presidente da Fundação de Vigilância em Saúde do Amazonas (FVS), Bernardino Albuquerque, declarou, nesta sexta-feira (23), que o resultado da análise do vírus do caso de sarampo confirmado em Roraima, tranquiliza as autoridades brasileiras, quanto à origem da doença, identificada em uma criança venezuelana. Segundo a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), no Rio de Janeiro, a análise mostrou que o vírus é 100% idêntico ao que circula na Venezuela.

“Os resultados bateram exatamente com o vírus que está circulando na Venezuela, atualmente. Isso confirma que não é um caso autóctone (contraído no Brasil). É um caso importado do país vizinho. Não houve a reprodução de outros casos no ambiente de Roraima. Consequentemente, isso nos deixa um pouco mais tranquilos, no que diz respeito à expansão do vírus no País e no Estado de Roraima”, afirma o diretor-presidente da FVS, unidade vinculada à Secretaria de Estado de Saúde (Susam).

A confirmação da doença em uma criança da Venezuela, no dia 11/02, por profissionais da Fiocruz, rompeu um quadro epidemiológico estável no Brasil, que desde 2015 havia vencido totalmente o sarampo. Segundo Bernardino, com a confirmação de que o caso de Roraima não foi reproduzido, mas sim introduzido no País, as autoridades brasileiras devem se manter vigilantes com relação à vacinação das populações propícias ao vírus.

Bernardino ressalta que devem ser vacinados e monitorados tantos os venezuelanos que ingressam no País, quanto brasileiros e pessoas de outras nacionalidades, que tenham viajado a turismo para a Venezuela. “Temos que reforçar as ações no que diz respeito à possibilidade de reintrodução e de reprodução do vírus. E essas ações estão relacionadas à imunização da população suscetível ao sarampo. Para essa imunização, hoje, a arma mais eficaz que temos é a vacinação. E é em cima da vacinação que estamos trabalhando. Não só no que diz respeito a aumentar a cobertura vacinal na nossa população da capital e dos municípios da região metropolitana, mas também dos migrantes que estão vindo da Venezuela e da nossa população que faz turismo no país vizinho”, explica Bernardino.

A vacina contra o sarampo é aplicada em unidades básica de saúde dos municípios. A imunização deve ser feita em crianças. A primeira dose deve ser aplicada aos nove meses de idade e o reforço (segunda dose) aos 15 meses. Por conta do aparecimento da doença em Roraima, o Amazonas também disponibilizou a vacina para adultos, principalmente, para aqueles que não foram imunizados quando criança e que pretendem viajar para países com surto.

Bernardino lembra que não é só a Venezuela que tem registrado casos de sarampo. A doença também foi confirmada em vários países europeus em 2017 (como Romênia – 5,5 mil casos; Itália – 5 mil casos; e Ucrânia – 4,7 mil casos), segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS).

Pacto

Os estados do Amazonas e Roraima, com o suporte e aval do Ministério da Saúde, firmaram um pacto para por em prática um plano de proteção da fronteira contra o sarampo. O pacto, proposto pelo secretário estadual de Saúde, Francisco Deodato, foi aprovado pelo ministro da Saúde, Ricardo Barros, na última quarta-feira (21/02), durante a 2ª Assembleia do Conselho Nacional dos Secretários de Saúde (Conass), em Brasília. Recentemente, o Amazonas enviou 80 mil seringas para ajudar na vacinação em Boa Vista (RR) e nas cidades de fronteira. O secretário também disponibilizou apoio técnico ao estado vizinho, com envio de equipes da FVS para Roraima, caso seja necessário.

Capacitação

A Secretaria de Estado de Saúde (Susam) também está atenta à formação de seus profissionais com relação à identificação e diagnóstico precoce da doença. Na quinta-feira, 22, no auditório da FVS, foi realizada uma capacitação de servidores sobre o tema. “Estamos trabalhando também notas técnicas, que estão sendo enviadas aos nossos serviços de saúde, no sentido de alertar para o problema e no que fazer com um paciente suspeito. A nossa proposta, em termos de vigilância, é fazer a detecção da doença o mais precocemente possível”, explicou Bernardino Albuquerque.

Sintomas e transmissão 

Os sintomas do sarampo se caracterizam por febre alta, tosse, coriza, conjuntivite e manchas avermelhada no corpo, começando geralmente pelas áreas da cabeça e depois se disseminando por todo o corpo. Qualquer situação detectada com estas características, em pessoas que tenham viajado para áreas onde há transmissão da doença, é considerado um caso suspeito e será monitorado e acompanhado pela FVS. A transmissão do vírus do sarampo ocorre pelas vias respiratórias (tosse, fala, espirro), da mesma forma que a gripe. O tempo de incubação do vírus, prazo que leva para a doença se manifestar, vai de 10 a 14 dias.

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