Tempos de nulidades

O que resta de um país que um dia já chegou entre as principais economias em ascensão do planeta são trapos, apenas resquícios do que um dia já foi um país em desenvolvimento. O Brasil não aparece mais entre os principais destinos escolhidos para investimento do capital estrangeiro. Se não vem capital imagine, então, turistas. Pasmem, até a nossa garota de Ipanema agora tem uma versão escrachada. É, chegamos ao fundo do poço, se é que também já não levaram ou penhoraram o fundo ou o poço.

Não se trata aqui de praticar o discurso da terra arrasada, mas francamente, quando o ministro da Defesa Raul Jungmann admite que o “sistema de segurança do Brasil está falido” é difícil acreditar que haja luz no fim do túnel ou nem túnel mesmo. Enquanto o ministro explicava algumas medidas que serão tomadas como tentativa de retomar a segurança no Rio de Janeiro, usou o exemplo da interferência de um preso, mesmo distante cerca de cinco mil quilômetros do Rio. Segundo ele o sistema faliu porque o governo federal não tem ingerência sobre os estados.

Hipoteticamente, vamos admitir um país cujo governo central tivesse o poder de tomar medidas dentro das jurisdições estaduais. Mas, como atuar de forma a promover Ordem e Progresso contando com a ministra Luislinda Valois, dos Direitos Humanos, que pediu salários de R$ 61 mil – acumulando a aposentadoria de desembargadora (R$ 30.400) e o salário de ministra (R$ 31.000) – e se justificou citando “trabalho escravo”, sem se incomodar com o teto do funcionalismo público, que é de R$ 33.700.

Como levantar o astral do povo brasileiro? Fica difícil quando se vê Romero Jucá ficar livre de processo que passou 14 anos no STF, agora arquivado. Quando temos um presidente que não pode ser investigado porque os parlamentares não deixam, e quando vemos  ministros e políticos acobertados pelo foro privilegiado ou malas de dinheiro roubado num país violento, sem saúde e sem controle.

Tentar empossar a deputada Cristiane Brasil (PTB) como ministra do Trabalho é fechar o caixão. Em 2016 ela foi condenada a pagar R$ 60 mil por violar a lei trabalhista, em processo movido por um motorista. É um atropelo após o outro, faz-se a cada dia a mesma coisa de um jeito ainda pior.

Cazuza profetizou … “o futuro repetindo o passado, um museu de novidades, e a vida não para”, e segue destronando a conhecida Garota de Ipanema, de Vinícius de Moraes e Tom Jobim, pela obra prima de massa, sem massa, que elege Jojô Toddynho como sua sucessora. Cancela tudo e vamos começar de novo.

 

Augusto Bernardo Cecílio

Augusto Bernardo Cecílio

* Auditor fiscal da Sefaz, coordena o Programa de Educação Fiscal no Amazonas.

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