Panorama político: Omar, Braga, a ‘despedida’ de Arthur, o renascimento de Henrique Oliveira e as ambições de Melo

O panorama político do próximo ano amazonense vai aos poucos sendo definido. Mas há muita coisa dependendo da Operação Lava Jato, do tamanho da ambição política de cada um e das ações que os principais atores eleitorais farão. Há muitos fatos que podem servir de fio da meada.

Os senadores Omar Aziz e Eduardo Braga deram uma trégua, depois de semanas se digladiando. Estavam transformando as investigações que os envolvem num Fla x Flu, em que um dos dois seria eliminado, como num grande paredão do BBB, da disputa de 2018. Ou os dois, se a marcha do debate se mantivesse.

O governador José Melo, enquanto isso, mantém a batida de campanha política. Tudo indica que deixará o governo, em 2018, para o vice-governador Henrique Oliveira. A não ser que o foro privilegiado, que já caiu em votação de 1º Turno no Senado Federal, deixe de existir.

É aí que a coisa ganha novo complicador.

O último governador do Amazonas eleito sem a máquina pública foi, em 1982, Gilberto Mestrinho. Enfrentou Josué Filho, que tinha apoio do Governo do Estado, Prefeitura de Manaus e Suframa. Veja:

1986 – Amazonino se elegeu com apoio do governador Gilberto Mestrinho;

1990 – Mestrinho se elegeu com apoio do governador Amazonino;

1994 – Amazonino se elegeu com apoio do governador Mestrinho;

1998 – Amazonino se reelegeu;

2002 – Eduardo Braga se elegeu com apoio do governador Amazonino;

2006 – Eduardo se reelegeu;

2010 – Omar Aziz se reelegeu, após ter herdado o governo do governador Eduardo Braga;

2014 – José Melo se reelegeu, após ter herdado o governo do governador Omar Aziz.

Alguém acha que, com esse histórico vitorioso da máquina administrativa estadual, Henrique Oliveira deixará de ser candidato a governador?

Restará a Omar Aziz, caso consiga se desvencilhar das acusações que lhe são impostas, convencer José Melo a ficar no sereno, a partir de 2019, continuando à frente do Governo do Amazonas e assumindo o comando da campanha do ex-chefe. Essa decisão do atual governador fica mais fácil se não fizer diferença ser senador, deputado federal ou um cidadão comum, diante da Justiça e se tornar melhor guardar o dinheiro da campanha para os advogados.

Melo tem demonstrado que suas ambições pessoais estão acima de qualquer coisa. Dificilmente renunciará ao desejo de disputar o Senado Federal, mesmo mantendo os atuais recordes de impopularidade. Isso significa que precisará de apoio da máquina. Nem todo o dinheiro do mundo permite que um candidato entre num Município, com patrulha mecânica, asfaltando ruas.

Ou seja, como se diz na linguagem dos bastidores da política, Omar só não será jogado na água pelo aliado se acabar o foro privilegiado. E Henrique, de Patinho feio da eleição para prefeito, ano passado, quando tanto Marcelo Ramos quanto Arthur Virgílio dispensaram explicitamente o apoio dele, pode se tornar candidato de peso em 2018. Embora, por outro lado, o “legado” de rejeição do governo Melo lhe ofereça potencial para se tornar o primeiro governador não reeleito da história amazonense, apesar da máquina.

Arthur Virgílio anuncia que este é o último mandato dele. Que não disputará mais nada. Que fica até 2020 na Prefeitura e depois se retira. Está desgostoso com o quadro político nacional, após ter sido relacionado por um delator da Operação Lava Jato.

O cargo de prefeito tem, mais que qualquer outro, contato direto com o povo. Um simples buraco mexe com a imagem do ocupante. Ao “renunciar” à continuação da carreira política, Arthur tira dos ombros a pressão eleitoral e manda o recado claro de que manterá a máquina municipal na mão para 2018.

Alguém disse que Arthur “renunciou porque sabe que ficará inviável”. Bobagem. A afirmação lembra de quando disseram que ele repetiria Serafim e Amazonino, não conseguindo a reeleição na Prefeitura. Deu no que deu. A acusação da Lava Jato contra ele não resiste a uma investigação séria e o prefeito sairá dela fortalecido politicamente.

2018 ferve.

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6 comentários

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  1. Prof. GIRÃO disse:

    Muito lúcida e análise.
    Está fora do baralho?
    Prof. Girão

  2. José Gouvêa disse:

    Marcos santos, sempre faz comentários sensato, parabéns

  3. João Rodrigues disse:

    Caro Marcos Santos, vc sempre brilhante nos seus conhecimentos e avaliações. Parabéns, mano! Mais Sucessos! Abração do João Pinduca Rodrigues.

  4. Cesar Correa disse:

    Elogiável Marcos, não tenho dúvidas que a eleição do próximo governador dependerá tanto da máquina municipal de Manaus, quanto da máquina estadual. Assim obrigatoriamente os interesses devem convergir para um nome de qualidade e extensão eleitoral que consiga reunir os dois governos. Difícil sim, sem duvida. Provável, também já que estarão em “conversa”: cadeira de prefeito, de governador e dois senadores. Talvez possamos ver: Eduardo Governador, Vice Bisneto, prefeito Rota, Arthur e Marcelo Semadores… não necessariamente nessa ordem.

  5. Maria Íris Fonseca disse:

    O povo está evoluindo nem o Henrique vai esses políticas da mídia jamais nem os vereadores sádicos também estão difícil de se elegerem os professores vão trabalhar dentro de sala de aula

  6. Márcio freitad disse:

    O levandowisque presentiou a Dilma rasgando a constituição mantendo ela com todos os direitos não perdendo os direitos políticos e porque os outros que perderam seus cargos não tem os mesmos direitos o livro já não foi rasgado