O deadline das pesquisas eleitorais e a lógica que vai além da matemática comum, a do cesto de ovos

A matemática de campanhas eleitorais engana muito. O brasileiro sabe bem fazer a conta dos “jogos que valem seis pontos”, quando se trata do time de futebol do coração, mas ignora essa lógica nas eleições. O cesto de ovos é a melhor analogia para explicar como os números podem oscilar entre dois candidatos, numa eleição polarizada como a do Amazonas, hoje entre o senador Eduardo Braga e o governador José Melo.

Imagine que você tem numa cesta 49 ovos e na outra 38. Se tira três ovinhos da cesta mais cheia, ela cai para 46. E se esses ovos vão para a outra cesta, ela passa a ter 41. A diferença, que era de 11 unidades, passa a ser de apenas cinco. Outra mexida desse mesmo porte, aparentemente pequena, e a cesta menos aquinhoada ultrapassará a outra.

Peque os ovos acima, coloque o porcentual de intenção de votos para Eduardo Braga na cesta com mais ovos e o de José Melo na cesta com menos votos. A mudança de ovos da cesta maior para a cesta menor parece ser uma tendência. Mas, concentrando-se pessoalmente no interior e deixando a candidata a vice Rebecca Garcia na capital, Braga trabalha com a lógica – igualmente válida – de tirar dois ovinhos da cesta de Melo, jogando-os na sua, com o que liquida a eleição no 1º turno.

As pesquisas eleitorais, nos primeiros meses da campanha, têm o condão de dirigir o financiamento da campanha. Costumam arrastar, igualmente, a maioria dos prefeitos do interior, que age como “Maria vai com as outras, parte pelo fisiologismo puro e simples, parte por conta da dependência do poder estadual.

O “arrastão”, porém, com o surrado método de empurrar a margem de erro ladeira acima para o favorecido e ladeira abaixo para o adversário, além de diluir pontos entre os demais candidatos, tem um deadline, um prazo limite. À medida que a data do pleito vai se aproximando, a pesquisa precisará ficar mais fidedigna ou o instituto compromete os futuros negócios. O Amazonas inteiro conhece erros grosseiros de quem perdeu esse time em eleições passadas.

Calculo que, faltando 15 dias para a eleição, os números tendem a se aproximar mais e mais da realidade.

Pesquisa eleitoral é a foto do momento. Esse axioma tem sido álibi para registros que mudam da luz feérica do meio-dia para o lusco-fusco do pôr-do-sol.

Este blog está preparando um quadro com todas as pesquisas que foram publicadas até aqui. Vai ser ume beleza confrontá-lo com o resultado final do pleito. Veremos muita uva virando abacaxi.