Amigos quando Bento XVI foi eleito Papa causou certa surpresa para muitos, embora para certa maioria não, devido o mesmo ser o grande braço direito de Joao Paulo II.
Quando soube de sua eleição fiquei um tanto admirado. Eu era um dos que não esperava que ele viesses a ser Papa, devido a suas posições teológicas e pastorais. Entendia que ele era bem mais conservador que Joao Paulo II. Para mim, enquanto teólogo e filosofo que tenta acompanhar sempre de perto os caminhos da Igreja, vejo que ele deixou muitas marcas.
Entre as diversas marcas está a perspectiva ecumênica com as diversas denominações cristãs, judaicas e mulçumanos. Em uma de suas obras, “O Novo Povo de Deus”, Bento XVI, enquanto teólogo, evidencia a grande contribuição das ordens mendicantes, Franciscanos, Dominicanos, Servos de Maria e outras, na Idade Média. Elas muito contribuíram para o estabelecimento da dimensão petrina, ou seja, a implantação e expansão da autoridade do Papa, quebrando, assim, certo controle autoritário de certos bispos e autoridades civis sobre a vida cristã e social, dando segurança e garantia para tais congregações, com suas pregações e trabalhos pastorais, que não ficassem apenas reduzidos aos aspectos jurisdicionais de determinadas dioceses, embora não lhes desrespeitassem.
Essas coisas tiveram grande relevância para que determinado radicalismo na igreja fosse superado.
O amor aos pobres, que tais congregações nessa época despertaram e resgataram, entre figuras como Francisco de Assis, deve sempre estar presente no trabalho da Igreja, uma das dimensões caraterísticas marcantes do cristianismo, haja vista o exemplo que Jesus Cristo nos demonstrou.
Bento XVI foi muito coerente, verdadeiro, sábio e humilde em ouvir o Espirito Santo e deixar que Ele continue guiando a Igreja com outro sucessor de Pedro. Parabéns ao Papa. Foi uma medida certa. Que sirva de exemplo para todos os que lidam com o poder, na Igreja ou civil, a partir desse gesto tão sublime.
Seria tão bom que muitos políticos, ditadores no mundo e no Brasil, deixassem que outros tivessem vez.
Entre os papas que renunciaram, a historiografia da Igreja evidencia os seguintes:
. Papa Ponciano. Acredita-se que ocorreu em 235 dC quando este estava em exílio na Sardenha e percebeu que jamais seria solto para voltar ao Vaticano.
. Papa Silvério também abdicou da Cátedra de Pedro em 537 dC ao ser obrigado pela imperatriz Teodora a se exilar na ilha de Palmaria, também no Mediterrâneo. Quando conseguiu voltar ao Vaticano, a imperatriz já havia colocado outro pontífice em seu lugar, o papa Virgílio.
. Papa João XVIII abdicou pouco antes de sua morte para viver como monge na basílica de São Paulo, em Roma.
. Papa Bento IX acredita-se que foi para beneficiar seu padrinho, João Graciano, que veio a se tornar o papa Gregório VI, mas Bento IX foi reempossado dois anos depois.
. Papa Celestino V fez sua renúncia porque as obrigações da função não lhe permitiam a vida de eremita que almejava.
. O último papa a renunciar antes de Bento XVI: Papa Gregório XII em 1415 aos 90 anos.
Manaus, Fevereiro de 2013
Pe. Manuel do Carmo da Silva Campos
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