Um novo paradigma em gestão

“Gerenciamento é substituir músculos por pensamentos, folclore e superstição por conhecimento, e força por cooperação”.

Peter Drucker

A edição eletrônica da revista Veja desta semana trouxe uma matéria que analisa o perfil do Prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab.  A reportagem demonstra como a capacidade de transitar entre diversos grupos e extraordinário talento de articulador transformaram o menino carismático do Liceu Pasteur no atual mandatário da maior cidade do país e um dos políticos mais influentes do Brasil de hoje.

Sem adentrar no mérito (ou deméritos) do político ou do partido que Kassab preside, o qual segundo ele mesmo diz “não é de esquerda nem de direita”, o que chamou minha atenção na matéria foi a maneira como a cidade com o maior orçamento do país passou a avaliar os resultados da gestão do administrador público Kassab.

A publicação relata que São Paulo foi a primeira cidade do Brasil a implantar, por lei, um Programa de Metas, e Kassab o primeiro prefeito a ter o mandato avaliado por essa métrica. A iniciativa data de 2009 e a Prefeitura se comprometera a cumprir 223 metas até 2012.

Um levantamento da Secretaria de Planejamento do Município aponta que, a oito meses do fim da gestão, setenta metas foram cumpridas e uma não foi iniciada. Das 152 metas em andamento, 61 foram consideradas atrasadas em relatório apresentado no final do ano passado. O estudo da Secretaria conclui que é grande a probabilidade de elas não serem atingidas até o fim do mandato.

A matéria conclui que “A tímida eficiência da gestão acompanhada pelo vasto noticiário político sobre o empenho de Kassab em fundar um novo partido derrubaram a popularidade do prefeito”.

Há um avanço muito positivo em avaliar o desempenho da gestão pública por meio de indicadores de metas e resultados. A profissionalização da gestão é uma realidade que veio (ou vem) para ficar. Isso decorre das mudanças pelas quais o Brasil vem passando. O aumento da classe média é um dos pontos focais de um novo cenário na administração pública brasileira.

Cada vez mais cientes de suas responsabilidades (pagamento de impostos, voto, participação social, geração de empregos), conhecedores de seu peso político, a classe média que emerge e ganha importância, exige melhores entregas públicas (saúde, educação, segurança, transparência, etc) e menores custos públicos.

Pesquisa realizada pelo Instituto Análise, em 2009, revela que a maioria da população acredita que o Governo pode reduzir impostos e mesmo assim terá recursos suficientes para cumprir suas tarefas. Para isso, acreditam que é preciso reduzir desperdícios e gastar com mais eficiência o dinheiro dos impostos.

Por outro lado, há um avanço democrático na política de gestão do Município de São Paulo. Um Plano de Metas e indicadores faz bem para o processo de gestão, além de ser uma ferramenta de avaliação e controle social.  Infelizmente, poucos gestores públicos aceitam ser avaliados com base nesse sistema. A negação de uma métrica objetiva esconde, muitas vezes, a incapacidade técnica, o autoritarismo e a falta de comprometimento com resultados e entregas à sociedade. Esses vícios podem ser combatidos com iniciativas políticas comprometidas com o bem comum. Eis um bom exemplo.

Junior Brasil

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* Júnior Brasil é Perito em Contabilidade e Finanças, especialista em administração Pública e Mes...

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