Braga venceu o debate sem dar um “ai”

O debate na Band, quinta (12/08), acabou consagrando uma máxima dos políticos: evitam criticar alguém que as pesquisas apontem como tendo popularidade alta. Pesquisas qualitativas dizem que bater num adversário nessa posição é perder voto. Alfredo, por conta disso, elogiou Eduardo Braga. O resultado é que o ex-governador se tornou o maior ganhador do debate, sem precisar dar um pio.A estratégia de Alfredo é uma tarefa para Hércules. Tentará “separar” Eduardo de Omar. Vai criticar Omar e elogiar Eduardo.

O problema desse caminho é que Eduardo anda colado em Omar, pedindo voto para ele, para cima e para baixo. Acaba colhendo, junto ao eleitorado, os frutos dos elogios que recebeu do adversário na TV e os repassa ao seu candidato.

As pesquisas qualitativas revelaram muitas coisas que os candidatos não sabiam. Antes, o sujeito atacava e esperava para saber o que isso representava dias, semanas depois. Agora não. O ataque é “ensaiado” numa sala, onde convidados, de diferentes classes sociais, reagem à exibição prévia. O candidato age de acordo com essa reação.

Como o político popular tem a simpatia geral, as pessoas não gostam de vê-los criticados.

Isso está tão disseminado que o sonho dos ocupantes de cargos executivos é passar a marca dos 70% de popularidade. É uma vacina contra críticas. É quando ele “descola” e vira alvo só de elogios. Aconteceu com Lula. Está acontecendo com Braga.

Elogio para quem tem popularidade alta é, portanto, “elogio útil”.

Alfredo, atrás nas pesquisas, precisa dos debates para voltar a ameaçar o adversário que, a esta altura, ganha no primeiro turno. Se repetir nos próximos o desempenho que teve na Band, com a estratégia de incensar Eduardo e tentar fazer o povo crer que Omar conseguiu desandar o Governo, em apenas três meses, sem trocar o secretariado, perdeu a eleição.

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Comentários

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  1. Chico Ayyumma disse:

    Não sou cientista político, mas percebo uma incomoda superficialidade entre aqueles que têm alguma chance de chegar ao governo. Aparentemente, tendem a fazer elogios e a vangloriar aquele que está com maior popularidade no momento, não importando os escândalos que supostamente possa ou não estar envolvido. O que vejo é um desejo pelo poder a qualquer custo, o que importa é vencer, mesmo que as propostas possam ser de questionável factibilidade. Acho que o problema da política no Brasil está no nível fraco dos políticos, nota-se claramente a sede pelo poder já o resto, isso se vê depois.