Técnico de manutenção afirma que excesso de peso é única explicação para queda de avião Sêneca que matou secretária de Educação

Mardoqueu Santiago de Araújo, ouvinte da CBN Manaus, mandou um e-mail para o “Fale conosco” do site da rádio (www.cbnmanaus.com.br) à guisa de explicação para a queda do avião Sêneca que conduzia cinco funcionários do Estado, com a morte de todos e mais o piloto. Nesta quarta-feira acontece a Missa de 7º Dia de todos, na Catedral Metropolitana de Manaus, às 19h. Transcrevo, a seguir, o e-mail do ouvinte:

“Lamentável esse sinistro, ainda mais quando há vitimas fatais. Essa aeronave, Sêneca, é uma ótima aeronave, de boa performance. Não sabemos realmente o que aconteceu naquele momento, mas digo que o piloto Miguel Vaspeano era um excelente profissional, não porque faleceu, mas devemos honrar a quem merece a devida honra. Eu o conhecia de longos anos.

Para que um acidente aéreo venha acontecer, existem vários fatores contribuintes. Temos que primeiro levar em consideração, o peso estrutural máximo de decolagem. Esse é um fator que deve ser respeitado pelo operador da aeronave. Todo avião decola com certo peso e pousa com outro. O peso de decolagem jamais poderá ser excedido – não estou aqui afirmando que teria sido esse a causa do acidente.

Essa aeronave, Seneca PA-34, tem capacidade de decolar com 2.155Kg. Caso esse peso seja excedido causará aumento na performance de decolagem e o CG do avião (Centro de Gravidade) também poderá sofrer problema.

Toda performance de decolagem, seja ela de qualquer tipo de aeronave, é feito em cima de um motor inoperante, isto é, caso durante a corrida de decolagem ocorrer uma falha em um dos motores, o piloto deve optar por abortar ou prosseguir na decolagem. Mas caso haja um excesso de peso, ainda que a aeronave saia do solo, o piloto terá dificuldades em manter aquela aeronave em vôo.

Já tem o peso do combustível + o peso dos passageiros + bagagens. Se tudo for somado e estiver dentro do gráfico de peso e balanceamento, o avião não terá dificuldades em subir, mas se for contrariado, o que diz no certificado de aeronavegabilidade do avião, sempre ocorrerá acidentes porque não foi feito um balanceamento adequado para aquele vôo.

Não sei se foi o caso desse acidente, mas é muito difícil um avião cair em outras situações…

A Anac, que é o órgão responsável pelas investigações, é quem vai dar o parecer final.

Quanto a questão de Manutenção, posso garantir que nenhuma aeronave é liberada para vôo se estiver com algum item que possa colocar em risco a segurança do mesmo, pois toda empresa aérea tem o seu CTM (Controle Técnico de Manutenção). Nesses controles técnicos é acompanhado todo o histórico de qualquer avião.

Isso sem falar na manutenção preventiva e corretiva, feitas todas as vezes que uma aeronave pousa, ou pernoita. Creio que nenhum empresário deseja ver o nome de sua empresa estampada em jornais ou em qualquer meio de comunicação quando se trata de um acidente. O que ele almeja é ver sua empresa prestando bons serviços aos seus clientes.

Não sou funcionário da CTA, mas como Técnico em Manutenção de Aeronaves sei da seriedade e esforços que as empresas empregam para evitar tragédias como estas.

Lamento pelas vidas e pelo nosso amigo Vaspeano. Que Deus venha derramar um bálsamo de consolo aos seus familiares.
Um abraço,

Mardoqueo Santiago de Araújo

Técnico de Manutenção em Aeronaves”