De costas para o povo

Augusto Bernardo Cecílio*

 

O recente e abusivo aumento dos combustíveis é mais uma atitude cruel e traiçoeira desse governo para com a sociedade e empresários. Temer governa com o Congresso e para os parlamentares, e de costas para o povo brasileiro. Ao mesmo tempo em que penaliza a população, precariza os serviços públicos, não corta gastos supérfluos e abre os cofres para comprar apoio parlamentar.

Encurralado pelas denúncias, envergonhado pela baixíssima popularidade e tentando agradar a um pequeno grupo que aplaude suas impopulares medidas e reformas, se apega à única tábua de salvação que são os parlamentares. Aí ele comprova o quanto é ruim pra sociedade um governante ter apoio da maioria absoluta do legislativo: aprova o que quer, não é fiscalizado e sequer tem suas denúncias apuradas.

A ONG Contas Abertas mostra a quantidade de dinheiro que Temer disponibilizou para as emendas parlamentares, e que a maior parte da liberação dos recursos aconteceu no mês de julho: 2,1 bilhões de reais. A “generosidade” do peemedebista é vista como moeda de troca para tentar barrar a denúncia contra corrupção passiva que tramita contra ele na Câmara. Em apenas seis meses ele já liberou mais do que Dilma em 2015 inteiro.

Temer dá aulas ao povo, que se nega a aprender. Com seus trejeitos, seu jogo de mãos e palavreado eloquente, ele prova o quanto se deve investigar a vida dos candidatos a vice. No Brasil os eleitores focam nos candidatos principais e esquecem do vice para a presidência, governadores e prefeitos, bem como para suplentes de senadores. E dá nisso.

Alguns chegam a esquecer que Temer e Dilma formaram a mesma chapa. E que isso é apenas a continuação de um longo sofrimento – mais do que merecido, por sinal – para aprenderem a votar. Aécio, o segundo mais votado, também se debate entre acusações, que merecem a mais profunda investigação.

Voltemos ao aumento da tributação de PIS/Cofins sobre os combustíveis, que conseguiu a unanimidade nacional de críticas pesadas a esse governo, principalmente pelo impacto negativo em cascata sobre todas as atividades, principalmente em época de crise, momento em que não se deve esmagar quem já está esmagado, e sim socorrer.

Como disse Ralph Assayag, qualquer reajuste adicional no diesel afeta os custos de toda a cadeia produtiva e interfere no bolso de cada cidadão. Se ele quiser comprar uma roupa ou outro item vai ter que escolher entre a compra ou diminuir o uso do seu carro, ou pegar o transporte coletivo.

Essa medida pode até provocar mais desemprego, diminuição da produção, e até mesmo a diminuição da arrecadação, pela retração do consumo.

Esse governo joga rasteiro contra aposentados e pensionistas. Após os aumentos o ministro do Planejamento se apressou em dizer que o governo teve que aumentar impostos porque a reforma da Previdência não foi feita. Já não bastasse a falácia do “rombo”, as caras propagandas veiculadas na grande mídia e pagas pelo povo, ainda jogam o povo contra os trabalhadores. Aumentaram os impostos para jogar a sociedade contra os que resistem à perda de direitos, a fim de que mais uma maldade seja aprovada.

Gil Castelo Branco afirma que o governo deve cortar despesas em vez de recorrer a aumento de impostos: “Nós temos 151 empresas estatais ainda. Temos o Legislativo que custa R$ 28 milhões por dia. Um deputado pode ter até 25 assessores e um senador pode ter até mais de 70. Nós temos 20 mil cargos de assessoramento. Nós temos quase 100 mil cargos comissionados, com comissões e gratificações. Nós temos um Judiciário que paga auxílio moradia para juízes e promotores”.

 

*Auditor fiscal da Sefaz

Augusto Bernardo Cecílio

Augusto Bernardo Cecílio

* Auditor fiscal da Sefaz, coordena o Programa de Educação Fiscal no Amazonas.

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