Operação Estocolmo: 20 pessoas vão ser julgadas por exploração sexual de adolescentes

Vinte pessoas vão responder a processo por prática de crimes de exploração sexual de adolescentes. O Tribunal de Justiça do Amazonas (TJAM) aceitou a denúncia oferecida pelo Ministério Público do Estado do Amazonas (MPE/AM) contra as pessoas indiciadas pela Polícia Civil do Estado do Amazonas na Operação Estocolmo, deflagrada em novembro de 2012. A decisão foi unânime.

O processo estava pronto para ser julgado desde o dia 13 de janeiro deste ano, porém, só pode ser colocado na pauta da sessão do Pleno após o retorno do relator, desembargador Rafael de Araújo Romano, que encontrava-se de férias, tendo voltado ao trabalho na última segunda-feira, dia 27. Na avaliação do magistrado, o trâmite desse processo foi extremamente rápido, considerando o tipo de ação, a grande quantidade de acusados e a dificuldade de localização dos citados. “Dos 20 acusados, cinco não foram encontrados. Com isso, acolheu-se a promoção ministerial e determinou-se a realização de novas diligências, entre elas a intimação de um dos acusados no interior do Estado e ofício ao Tribunal Regional Eleitoral para que posse fornecido o endereço dos denunciados”, comentou Romano.

Após a realização das diligências, dois acusados não foram intimados por não serem localizados. “Com isso, promovemos o ato por meio de edital. Como não houve qualquer manifestação, comunicamos a Defensoria Pública para que interviesse no feito e indicasse um defensor para a defesa de ambos”, acrescentou.

Na sessão do Pleno desta terça, o Plenário foi esvaziado para julgamento uma vez que a ação tramita em Segredo de Justiça a fim de proteger as vítimas, menores de idade, conforme determina a legislação. O julgamento começou um pouco antes das 9h30 e por volta das 13h foi encerrado. Na pauta da sessão, estavam previstas três sustentações orais, mas outros pedidos foram deferidos e no final, cinco advogados – Marcus Vinicius Rosa, Carla Luz Abreu, Jayme Pereira Júnior, João Carlos Dalmagro Júnior e Alexandre Magno Aranha Rodrigues – se manifestaram em plenário.

Como o desembargador Ari Jorge Moutinho da Costa, que iniciou presidindo a sessão, alegou impedimento para julgar o processo, pois possui um parente que atua no escritório de advocacia que representa um dos acusados, a presidência da sessão ficou sob responsabilidade do desembargador Domingos Jorge Chalub. Outros dois magistrados, Aristóteles Lima Thury e Djalma Martins, alegaram suspeição e não votaram nesse processo.

De acordo com o relator, desembargador Rafael de Araújo Romano, a denúncia contra as 20 pessoas indiciadas pela polícia se deu em tempo recorde e a partir de agora serão ouvidas as testemunhas de defesa e acusação. Um dos pontos destacados pelo desembargador foi a rapidez com que o processo foi aceito pelo Tribunal de Justiça do Amazonas. Romano destaca ainda que a denúncia foi oferecida pelo MP no dia 13 de março de 2013. O processo foi originariamente para o desembargador Djalma Martins e foi redistribuído em 09 de abril do mesmo ano. O segundo relator, desembargador João Simões, pediu a redistribuição do processo, conforme prevê o Regimento do TJAM, a um dos componentes das Câmaras Criminais da instituição.

O desembargador Rafael Romano recebeu os autos no mês de maio de 2013. Desde então foram realizadas diligências para citação dos réus e apresentação de defesa prévia, como prevê a lei. No último dia 08 de janeiro, o defensor público apresentou a defesa prévia dos dois acusados que permaneciam em local desconhecido.

Durante o processo, o relator analisou vários pedidos de revogação de prisão, restituição de bens apreendidos, nulidades processuais e prestou informações ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) a respeito de habeas corpus impetrado nessa instância.

“Não foi porque o CNJ esteve aqui que o processo veio a julgamento hoje, até porque não dependo do CNJ e nem de qualquer pessoa para julgar nada. Recebi esse processo e ele estava pronto para entrar em pauta desde o dia 08 de janeiro. Mesmo de férias trabelhei nesse processo”, afirmou.

Segundo Romano os réus serão ouvidos na presença dos seus advogados e disse que até o final do semestre o processo será concluído. O desembargador disse também que, quando a operação começou a polícia “não sabia quem era quem”. Com o decorrer da operação foram surgindo nomes, por isso, que a defesa de alguns dos acusados sustentam que a investigação era ilegal.

“A defesa está exercendo o direito dela. Isso vamos ver no decorrer do processo. Todos são iguais perante a lei e temos que investigar. Outro ponto que temos de destacar é o segredo de justiça. Está em segredo para proteger as vítimas, no caso as adolescentes. Isso está na lei”, disse Rafael Romano.

Acompanharam o voto do relator os desembargadores João Mauro Bessa, Cláudio Ramalheira Roessing, Sabino Marques, Carla Maria dos Santos Reis, Wellington José de Araújo, Jorge Lins, Onilza Gertz (juíza convocada), João Simões, Socorro Guedes, Yedo Simões e Paulo Lima.

Operação Estocolmo

A Polícia Civil do Amazonas, com apoio da Polícia Federal e do Exército, deflagrou no dia 23 de novembro de 2012 a Operação Estocolmo, para cumprir mandados de busca e apreensão e de prisão contra integrantes de uma suposta rede de exploração sexual e rufianismo (obtenção de lucro através de exploração sexual) que atuava em Manaus. Por determinação judicial, o processo corre em segredo de justiça. Os nomes, endereços e profissões das pessoas envolvidas não foram revelados.

Foram expedidos 15 mandados de busca e apreensão nas casas de supostos clientes, 31 mandados de busca e apreensão de vítimas, entre adolescentes e mulheres adultas e 8 mandados de prisão preventiva.

A investigação foi iniciada em maio de 2012, quando uma adolescente de 13 anos e a responsável legal que a acompanhava, denunciaram a prática de exploração sexual de mulheres e adolescentes, realizada por um grupo de pessoas na capital amazonense.

Ao longo de sete meses de investigação, inúmeras evidências foram sendo coletadas através de escutas telefônicas e investigações de campo, com a identificação dos agenciadores, clientes e vítimas dos crimes, até a representação pelos mandados junto à Justiça.

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2 comentários

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  1. Nivaldo Amorim disse:

    Segredo do justiça ????? Só porque podem, se fosse outra pessoa seria diferente, a emprenssa toda já sabem quem é mais nenhuma divulga, porque não tem corwgwm, se não sabem o nome de verdade, não é jornalismo. É preciso vie o Fantasatico da rede globo para que os Amazonenses fique sabendo po que ocorre em seu estado,Vamos nter vergonha e ter um jornalismo Investigativo e corajoso

  2. lily disse:

    E agora o desembargador será investigado por pedofilia com sua própria neta. Será que ele pedirá segredo de justiça pelo seu ato? Estampem e compartilhem…