Manifesto: tratamento especial à PF-AM

Na semana passada, a Assembleia Legislativa do Estado do Amazonas (Aleam) rendeu justas homenagens a Leonardo Matsunaga Yamagutti, 26 anos, e Mauro Lobo, 43, mortos no dia 17 de novembro de 2010, nas águas do rio Solimões, no cumprimento do dever, quando interceptavam um carregamento de 300 quilos de cocaína pura, vindo do Peru. Mais que uma cerimônia simples, o parlamento estadual tomou ali, por minha indicação, a decisão de cerrar fileiras com a Polícia Federal no Amazonas e buscar, junto ao Governo Federal, a estruturação dessa força para o combate ao tráfico de drogas.

Tracemos um cenário fictício, para que o leitor entenda melhor do que falamos.

Imaginemos que o Brasil decida entrar em guerra contra uma nação vizinha, fronteiriça. Mandamos para a frente de batalha as Forças Armadas, Exército, Marinha e Aeronáutica. Será que, em algum momento, vai passar pela cabeça dos brasileiros que, ao vencer a batalha, os inimigos deixarão de cobrar algum preço aos civis? Será que se contentarão em ficar nas nossas fronteiras ou vão querer marchar pelo nosso território, aprisionando nossas crianças, escravizando homens, violentando mulheres?

Ocorre que essa batalha, que para muitos é fictícia, está sendo travada entre o tráfico de drogas e a sociedade brasileira. E nós, que aparentemente não temos nada a ver com isso, estamos perdendo, como pode ser visto, diariamente, no noticiário policial.

Pais, filhos, irmãos, parentes de todos os matizes são perdidos para essa onda que, progressivamente, vem invadindo os lares brasileiros. Em todos os setores da sociedade, do mais inocente burocrata aos altos escalões do funcionalismo, nos três poderes, revelam-se dependentes químicos.

Enquanto isso, na principal frente de batalha contra o tráfico, na fronteira do Brasil com o Peru, maior produtor de folha de coca, e com a Colômbia, onde estão os maiores industrializadores, um minguado grupo de policiais, com armas antigas, veículos – barcos, carros, lanchas – e equipamentos de vigilância e guerra eletrônica totalmente ultrapassados dão o primeiro combate, em nome dos quase 200 milhões de brasileiros.

É contra isso que a Aleam, em nome de todos os amazonenses, se rebela, exigindo que o Governo Federal dê à Polícia Federal e ao Exército Brasileiro as condições profissionais de trabalho. A Superintendência da Polícia Federal no Amazonas, seus delegados, escrivães, peritos, agentes e funcionários administrativos são prioridade nacional. Ou se dá a eles o equipamento necessário para trabalhar ou estaremos dizendo ao mundo que o Brasil é, no mínimo, leniente com o tráfico de drogas.

O Brasil não aceita entregar a Amazônia, cuja maior parcela brasileira está localizada no Amazonas. Nem para nação estrangeira nem para narcotraficantes. Não podemos aceitar que o Estado seja considerado “território perdido” ou “corredor de passagem de droga” nem nada próximo disso.

O Governo do Amazonas deu o primeiro passo ao inaugurar, no dia 27 de março, o asfaltamento da Estrada Mauro Lobo, que leva à base da Polícia Federal no Tarumã, há tantos anos esperado. Foi uma forma de homenagear a PF pelos 68 anos de fundação, que transcorreu no dia seguinte, 28 de março.

O Amazonas tem uma vocação de progresso e desenvolvimento, com patrimônio natural que nação nenhuma é capaz de desprezar.

Os homens da PF-AM, que estão dando o primeiro combate ao tráfico, não ficarão só. O Manifesto assinado por todos os deputados estaduais do Amazonas é o primeiro passo da luta para ajudá-los.

Marcos Rotta

Marcos Rotta

* Marcos Rotta é deputado estadual, vice-presidente da Assembléia Legislativa e presidente da Com...

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1 comentário

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  1. Augusto disse:

    Realmente , a nossa instituição PF , deve ser Honrada, e abastecida de recursos , afins de dar o correto combate as
    legiões de Traficantes que Tanto Sofrimento trazem ao nosso povo , especialmente aos ribeirinhos que viram refens destes Bandidos .
    Parabens a Todos os Deputados por essa Homenagem .