Marília Mendonça exposta, em fotos e vídeos, a quem interessa?

Marília Mendonça exposta

Marília Mendonça exposta, só pode ser coisa que partiu de alma inconseqüente e com muita maldade

Fotos do corpo da cantora Marília Mendonça, durante a necrópsia, no IML de Minas Gerais, estão circulando na Internet. Ela faleceu em 5 de novembro de 2021, em um acidente aéreo, em Caratinga (MG). Estava no auge da fama, como “Rainha da Sofrência”, interpretando volumoso repertório próprio, em plenos 26 anos.

Isso terá consequências. Divulgar fotos de cadáver é vilipêndio. É crime. A polícia está investigando e haverá punições.

O acidente chocou o País. Revelou a correria em que esses artistas vivem, alguns cumprindo agenda a semana inteira, em busca de aproveitar o (quase sempre) furtivo momento do sucesso. Agora vem essa nova onda, com a publicação de fotos macabras e desrespeitosas para com a memória da jovem vítima da tragédia.

O jornalista Otávio Ribeiro, mundialmente conhecido como Pena Branca, chamou todo o pessoal de polícia de A Crítica e foi taxativo: “Fotógrafo que me trouxer foto de cadáver está na rua. Editor que publicar esse tipo de foto também vai pra casa”. Ele foi contratado por Umberto Calderaro, com carta branca, para repaginar o jornal. Estamos falando do final da década de 1970.

Pena Branca, que foi considerado um dos cinco melhores repórteres investigativos do mundo, justificativa a ordem: “É uma covardia publicar foto de cadáver. O morto não pode se defender”. Não foi à toa que ele virou inspiração para o famoso seriado “Plantão de polícia”, interpretado por Hugo Carvana, na TV Globo.

No caso das fotos de Marília Mendonça, o que se vê é a exacerbação do desejo de obter acessos nas mídias sociais. É a busca da realização do sonho de ter mais de 1 milhão de seguidores, a porta larga pela qual passam as monetizações.

Há, ainda, uma questão de fundo que precisa ser dita. A maldade humana parece não ter limites.

Todos veem as fotos e tratam de passá-las adiante, dos grupos de família aos perfis patrocinados, sem se preocupar com a dor dos familiares de Marília. Ninguém pensa no pequeno Léo, filho dela, agora com três anos, que já entende o que se passa ao seu redor. Ele terá, além do mais, no futuro, acesso aos resíduos deixados na Internet.

Marília Mendonça foi uma luz que passou, como um relâmpago, no show business brasileiro. Cada fã que construiu, e foram milhões, é um membro da família. Cada brasileiro que compartilhou no coração as dores que ela cantava, vive hoje as dores de sua partida. Sofre ao vê-la nesse estado tão constrangedor.

Está aí um caso típico de divisor de águas. Veja quem compartilha essas imagens e afaste do seu convívio. Retire da sala, do celular e da sua vida. Dizia-se, antes da Era da Tecnologia, que o lugar onde mais doía era o bolso. Agora, pelo visto, onde mais dói é na redução do número de acessos.

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