Parabéns Armando do Valle e Chico Cardoso, sem vocês vencedor do Festival de Parintins teria cor e não lado

Nem Ericky Nakanome ou Larice Butel. Nem Fred Góes ou Allan Rodrigues. Quem decide o Festival de Parintins é a dupla Armando do Valle e Chico Cardoso. Eles estavam, afinal, no Caprichoso. Agora estão no Garantido. Os resultados dos festivais falam por si.

Dá até a impressão de que a mensagem é: “Esqueça essa história de fazer boi bonito. Investe nos jurados que a gente ganha”.

Ou qual a razão de o Caprichoso ter vencido, mesmo com aqueles áudios escandalosos vindo a público, quando eles estavam no azul? Pergunta que não quer calar: Por que os dois se escondem, não aparecendo nem no Bumbódromo, estejam de que lado estejam? Tem mandado de prisão contra eles? Pesquisei e parece que não. Até porque eles ocupam cargo público.

 

‘servidores’ público

Esse negócio do serviço público, aliás, enseja outra pergunta: Como dois sujeitos que se escondem numa simples brincadeira de boi ocupam cargos de confiança? Governador Wilson Lima e prefeito Bi Garcia abram os olhos. Se alguém não tem fé pública no boi, como é que vai ter no Governo do Estado ou na Prefeitura de Parintins?

Não há nem pudor. Jurados de anos anteriores, aqueles do favorecimento flagrante, aparecem anos depois como torcedores e convidados das diretorias. Boiam ao lado dos mesmos “fiscais de jurados” acusados anos antes de tê-los comprado.

 

David derrotado com a mesma nota

A ideia que a dupla passa é muito ruim. Verdade que Sebastião Júnior melhorou muito como cantor. Mas David Assayag perder as três noites, com a mesma nota (20 a 19,8)?. A nota não tem cor. Mas tem lado, o deles. Parece até que alguém, maquiavélico, decidiu deixar impressão digital nas notas.

O comentário, entre torcedores, era de que “o Garantido estava muito pobrinho, coitado, ficando patente que o outro é mais rico”. Mas como? Patrocinadores e dinheiro são, rigorosamente, iguais para os dois! A diferença é puramente administrativa, opcional, dependendo da vontade política e da escolha de investimento das diretorias.

Ericky Nakanome, quase um monge, sábio, paciente, persistente, criativo, amável em meio aos maiores perrengues, merece um desagravo. Mil vezes melhor perder seguindo esse guerreiro, que ganhar com Armando do Valle e Chico Cardoso.

 

O cotoco

Chico Cardoso se deixou fotografar mandando um cotoco para Lindolfo Monteverde. Deveria se ajoelhar no milho, todos os dias, pedindo perdão àquela alma humilde, perturbada em seu descanso eterno. O que fez, no lugar disso? Humilhou a herança dele, personificada em sua filha, usada para esbofetear diretoria e sócios do Garantido: “Ela me perdoou!!!”, esgrimiu. E a pobre senhora balançava a cabeça, assentindo, humilhada e inconsciente, na reunião da volta dele. A que preço? Só Deus – e eles – sabem.

O Festival de Parintins tem 100 anos de história. Ou mais, uma vez que não se restringe à data de criação dos bumbás, mas à ancestralidade do povo parintinense.

E os milhares de torcedores que se matam na fila da arquibancada? E os compositores? E as costureiras, os lavradores, os pescadores, as pessoas humildes que acreditam poder contribuir para a vitória? Supor que não foi aquela galera maravilhosa do Garantido que venceu… Ou que a pujança da galera do Caprichoso não perdeu… E que de nada adianta esforço algum porque o resultado não depende disso. É um coice na consciência.

Dane-se, dirão os cretinos. Eles não ligam para isso.

 

Campanha da saúva

Está na hora de começar a campanha da saúva, lembram? Ou o Festival de Parintins bane Armando e Chico Cardoso ou eles vão banir a dignidade da Festa dos Bumbás.

Há parintinenses dignos. Nascidos lá ou entre os que adotaram a cidade. Construíram uma bela festa. Todos estão proibidos de morrer sem resistir. A memória dos que se foram exige isso.