Caprichoso investe em toadas conhecidas, mexe com a galera e faz apresentação perto do perfeito

Omar Gusmão e Roseane Couto (Especial para o Portal Marcos Santos)

Com uma apresentação coesa com direito a mais um voo, dessa vez da galera até o centro da arena, o boi-bumbá Caprichoso surpreendeu novamente na segunda noite de apresentações do Festival Folclórico de Parintins em 2018. Já de entrada, uma alegoria representando caravelas que aportaram no Brasil trazendo os homens brancos, dessa vez trouxeram os itens 1 e 2,  respectivamente, o apresentador Edmundo Oran e o levantador David Assayag, para a arena.

A partir desse momento, a arena do bumbódromo não ficou mais vazia. Logo em seguida, a Amazônia incaica foi lembrada com outra alegoria que serviu para a representação da lenda do casamento da filha do sol, dando a deixa para o surgimento da porta-estandarte Marcela Marialva. E foi aí que aconteceu um dos momentos mais surpreendentes da noite: o estandarte do Caprichoso foi entregue à Marcela pelo canadense Alexandru Duru, que utilizou um skate voador para voar da galera ao centro da arena com a flâmula.

Da Amazônia incaica, o Caprichoso voltou a Amazônia brasileira com uma alegoria representando o Teatro Amazonas e homenageando o caboclo seringueiro.  Dessa alegoria, surgiu a sinhazinha da fazenda Valentina Cid, o amo do boi Prince do Caprichoso.  Numa transformação da própria alegoria, a Amazônia deu lugar a uma senzala de onde saíram dois orixás e um gigante boi de engenho que trouxe a rainha do folclore Brena Dianná como iansã. Estava instaurado a matriz africana brasileira lembrada na toada “Boi de negro”, que nesta noite concorreu a toada, letra e música.

O Boi Caprichoso apresentou sua evolução com grafismos na cara que lembravam o bumba-meu-boi  maranhense, mais uma vez lembrando as raízes africanas.

A alegoria Cosmogonia Saterê-Mawé deu início ao momento tribal do bumbá, com apresentação de nações indígenas, a cunhã-poranga Marciele Albuquerque, que veio trazida por uma enorme lagarta de fogo, oportunizando a lembrança da clássica toada “Lagarta de fogo”, dos anos 90.

O final da apresentação, com o ritual Apocalípse Xamânico, representou uma guerra entre os índios yanomami e os garimpeiros “comedores de floresta”. A alegoria, do artista Kennedy Braga, que pegou fogo na última quinta-feira, foi reconstruída em menos de 20 horas pelos artistas do galpão e brilhou na avenida.

Para encerrar, o Caprichoso emocionou o público com um momento inédito. Numa interpretação solo, David Assayag entoou a canção ‘Sensibilidade’ – de Adriano Aguiar e Geovani Bastos, composta em sua homenagem. Foi acompanhado por um coral de libras e por um dos maiores violinistas da atualidade, o santareno Sebastião Tapajós.

Veja fotos da apresentação do Caprichoso:

A rainha do folclore Brena Dianná veio como iansã.

Caprichoso evoluindo na arena. Fotos: Tereza Cidade

O touro negro com a Sinhazinha da Fazenda.

Chegada do Pajé

A cunhã-poranga Marciele Albuquerque.

O levantador de toadas David Assayag.

Alegoria que trouxe a cunhã poranga.

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