Hoverboard faz pajé flutuar na estreia surpreendente do Caprichoso no 53º Festival

O pajé Netto Simões flutuando, cunhã-poranga Marciele Albuquerque se atirando de joelhos no solo e Brena Dianná cheia de garra. A primeira noite do Caprichoso, no 53º Festival Folclórico de Parintins foi de arrepiar. “Todos os itens vão lutar pelo bicampeonato”, prometeu o presidente do azul e branco, Babá Tupinambá. Na primeira noite, a promessa está cumprida.

O Caprichoso teve outros momentos fortes.

A paraense diva do carimbó chamegado, Dona Onete, levou o auto do boi em versos. A estreia tardia na música, aos 62 anos, virou instrumento de marketing, mas no Festival de Parintins, aos 79, foi sofrida. Ela chegou acompanhada do presidente do Conselho de Artes, Erick Nakanome. E mostrou claramente a falta de entrosamento com o apresentador Edmundo Oran, que fez a percussão num tambor carimbó. Depois ela voltou no auto do boi e, novamente, quebrou o ritmo da apresentação. Ficaram o carisma pessoal e o esforço nítido da respeitada artista internacional.

A apresentação individual de Brena Dianná, como sempre montada em coreografias caprichadas, foi outro grande momento. Ela está se despedindo, após dez anos, e fez por onde deixar saudades. Veio na alegoria “Terror da noite”.

David Assayag defendeu a toada que mais gosta no playlist do Caprichoso 2018: Terra, mãe ancestral, de Adriano Aguiar. O “carcaça”, como é conhecido o principal compositor atual do azul e branco, acertou outra vez. Mas a letra, uma viagem pelos fenômenos da natureza, com forte apelo ecológico, precisa de certo tempo para ser digerida. A bela interpretação do “imperador”, que surgiu do tronco de árvore da alegoria com o mesmo nome, pode ser prejudicada por causa disso.

O coroamento da noite se deu quando Netto Simões, durante o ritual “Iniciação tariana”, apareceu “voando” em pé no flyboard air. “Parecia um helicóptero sobre a arena, de tanto vento”, disse um espectador. O equipamento, na verdade, foi pilotado pelo canadense Alexander Duru. Ele já repetiu a performance na Itália e Arábia Saudita, além de ter contrato com o Cirque du Soleil. Foi contratado diretamente pelo presidente Babá Tupinambá. Nem a assessoria de imprensa do Caprichoso tinha detalhes da geringonça.

 

Problemas

O Caprichoso teve problemas para retirar os módulos da primeira alegoria. Com isso, “Terra, mãe ancestral”, que trouxe a cunhã-poranga, acabou ficando muito tempo na arena. Marciele Albuquerque teve que se desdobrar em coreografias, além do previsto, para cobrir o espaço. Pode ter se beneficiado da exposição mais longa, mas tirou tempo da exibição dos outros itens. O resto da apresentação se deu de forma febril, correndo contra o relógio. Todos no bumbá esperam que o conjunto folclórico, magnífico, tenha impressionado os jurados e desviado a atenção deles.

O bumbá saiu com 2h28 minutos. A dois minutos do limite, após o qual perderia pontos no item Conjunto folclórico.