Com Moraes saindo do TSE, análise de recurso de Bolsonaro contra inelegibilidade pode ficar com Cármen

Com Moraes saindo do TSE, análise de recurso de Bolsonaro contra inelegibilidade pode ficar com Cármen

A saída do ministro Alexandre de Moraes da presidência do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) pode deixar para a futura presidente, Cármen Lúcia, a análise de um recurso do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) contra sua segunda condenação à inelegibilidade.

Moraes deixa o comando da Corte em 3 de junho, data em que Cármen será empossada na função. Cabe ao presidente do TSE decidir se admite ou não o chamado recurso extraordinário que busca contestar no Supremo Tribunal Federal (STF) a condenação.

A defesa de Bolsonaro apresentou o recurso em 16 de maio. Os advogados questionam a decisão que declarou inelegíveis até 2030 o ex-presidente e seu então candidato a vice, Walter Braga Netto.

Por que houve a condenação?

Bolsonaro e Braga Netto foram condenados por abuso de poder político e econômico nas comemorações do Bicentenário da Independência, realizadas no dia 7 de setembro de 2022 em Brasília e no Rio de Janeiro.

As ações foram movidas pelo PDT e pela senadora e então candidata a presidente Soraya Thronicke (Podemos), que argumentaram ter havido desvirtuamento na finalidade dos eventos e uso do aparato do evento oficial para beneficiar ato de campanha.

Em 23 de maio, os autores das ações apresentaram suas manifestações sobre o recurso, chamado de “contrarrazões”. Desde então, o caso está esperando uma decisão de Moraes.

Justiça Eleitoral precisa avaliar

Antes de remeter ao Supremo, o presidente do TSE tem que avaliar se há requisitos para essa remessa. Caso negue andamento, ainda é possível recorrer diretamente ao STF.

Foi esse movimento que ocorreu com a primeira condenação à inelegibilidade, pela reunião que Bolsonaro fez com embaixadores em que atacou o sistema eleitoral, em 2022.

Apresentado o recurso buscando levar a discussão ao STF, Moraes negou andamento à contestação, em dezembro de 2023.

Para Moraes, o recurso não preencheu os requisitos para seu envio ao STF. O ministro disse que aceitar o recurso envolveria revisão de provas levantadas no caso, o que é inviável por meio do instrumento. Ele também negou ter havido ofensas a princípios constitucionais na condenação.

A defesa de Bolsonaro recorreu, então, diretamente ao Supremo, e o caso caiu com o ministro Cristiano Zanin.

Depois de pedido dos advogados, o magistrado se declarou impedido e o recurso foi redistribuído para Luiz Fux.

7 de setembro

No recurso contra a segunda declaração de inelegibilidade, a defesa de Bolsonaro e Braga Netto sustentam que não houve usurpação ilegal, para fins eleitorais, das comemorações do Bicentenário da Independência. A defesa ressalta que, ainda que candidatos à reeleição enfrentem restrições mais duras, “não se pode admitir que sejam silenciados em suas campanhas”.

“Tanto em Brasília quanto no Rio de Janeiro, afastado, física e temporalmente dos atos institucionais, o primeiro recorrente [Bolsonaro] se dirigiu a veículos de particulares, sem a faixa presidencial, onde discursou somente para aquelas pessoas que – igualmente – se deslocaram e se dispuseram a ouvi-lo e participar das atividades político-eleitorais”, afirma a defesa.

Placar

A inelegibilidade pelo 7 de setembro foi definida pelo TSE no final de outubro de 2023. O placar foi de 5 a 2.

Para a maioria dos ministros da Corte, ficou comprovado que a chapa fez uso eleitoral dos eventos comemorativos, por meio de uma deliberada confusão do ato oficial com o comício de campanha. Essa prática teve a gravidade o suficiente par desequilibrar o pleito de 2022, conforme a corrente que venceu o julgamento.

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