Fake news: imunidade natural adquirida após infecção de Covid x vacinas?

Fake news: imunidade natural adquirida após infecção de Covid x vacinas?

O termo “vacina” foi o mais pesquisado no Brasil em 2021. A palavra atingiu 250 milhões de buscas ao longo do ano, que marcou o início da vacinação contra a covid-19 no país. Mas há quem olhe o imunizante com desconfiança e afirme que a imunidade natural é muito mais eficaz. Será? Vamos aos fatos.

A primeira afirmação da ciência e comprovada por diversas pesquisas¹ é: a vacina continua sendo a estratégia mais segura para se proteger contra diversas doenças, entre elas a covid-19.

Isso já exclui narrativas, divulgadas diariamente nas redes sociais, que defendem que a imunidade adquirida após contrair a covid-19 é mais eficaz do que a própria vacina. Vamos entender melhor como funciona a imunidade natural e por que é importante que todos se vacinem.

O que é imunidade natural?

É o processo pelo qual uma pessoa se torna resistente a uma doença após ter contato com ela. Funciona assim: quando uma pessoa é infectada pela primeira vez por uma substância estranha ao organismo, o sistema imunológico produz anticorpos (proteínas que atuam como defensoras no organismo) para combater aquele invasor.

Se aquela substância invadir o corpo novamente, o sistema imunológico vai produzir anticorpos em velocidade suficiente para evitar que a pessoa fique doente uma segunda vez. É a imunidade em ação.

É comum que pessoas que tiveram sarampo, catapora ou caxumba, por exemplo, e foram curadas, ganhem uma imunidade mais longa contra estas enfermidades e não adoeçam novamente.

A vacina é a melhor estratégia

As evidências mostram que pessoas que tiveram covid-19 costumam desenvolver uma resposta imune após se recuperarem. Porém, a carga viral adquirida (quantidade de coronavírus que o indivíduo tem contato no momento da infecção) varia de pessoa para pessoa, podendo ser baixa, média ou alta. Isso traz diferentes níveis de imunidade para cada indivíduo. Entenda: uma pessoa pode desenvolver uma super resposta imunológica, enquanto outra conquistou uma defesa fraca e pouco efetiva, aumentando o risco de se reinfectar novamente.

Por isso, não é possível afirmar que a imunidade natural é o melhor remédio, já que ela é diferente em cada pessoa. Além disso, há variáveis como a gravidade da doença, a idade e a genética, por exemplo, que também moldam a resposta do sistema de defesa. Outro ponto é que há uma queda da imunidade com o passar do tempo. Por isso, é necessário que as pessoas se vacinem.

Uma coisa é certa: não é nada seguro buscar uma “imunidade natural” para algo que já matou mais de 700 mil pessoas só no Brasil e que ninguém sabe como cada organismo irá reagir.

Sistema

A vacina ensina o sistema imunológico a combater os agentes infecciosos que encontrar pelo caminho. Ela também oferece uma dose pré-determinada, ou seja, ela causa uma resposta imune forte e adequada, capaz de prevenir a infecção em uma grande porcentagem dos casos.

Ou seja, tomar as doses da vacina só trará benefícios: aqueles que não desenvolveram uma resposta imune após a infecção, conseguem com a vacina ativar o sistema de defesa. Já os que conseguiram algum nível de proteção após ficarem doentes, podem “atualizar” e “aprimorar” os processos imunológicos desenvolvidos previamente com a vacinação.

Vale lembrar também que a vacinação é uma estratégia coletiva. Quanto mais pessoas estiverem protegidas, menor será a transmissão do vírus.

A única contraindicação do imunizante contra a covid-19 é para pessoas com hipersensibilidade ao princípio ativo ou a qualquer dos excipientes da vacina; pessoas que já apresentaram uma reação anafilática confirmada a uma dose anterior de uma vacina; pacientes que sofreram trombose venosa e/ou arterial importante em combinação com trombocitopenia após vacinação com qualquer vacina para a covid-19; e pessoas com histórico de síndrome de extravasamento capilar.

Já peguei covid-19 e estou bem. Preciso me vacinar?

Com certeza. Pesquisas apontam que a imunidade natural da COVID-19 só protege para reinfecção por um período limitado; enquanto oferece muito mais risco para o infectado do que a qualquer vacina que já foi oferecida pelo PNI. A vacinação para COVID-19 reduz as internações e mortes; enquanto outros estudos indicam que a infecção natural não é capaz de produzir o mesmo efeito. Assim a vacinação da população em geral ainda é a intervenção mais eficaz para controlar novos surtos da COVID-19.

Se ainda restam dúvidas, os especialistas afirmam que tomar as doses da vacina só trará benefícios: aqueles que não desenvolveram uma resposta imune após a infecção, conseguem com a vacina ativar o sistema de defesa. Já os que conseguiram algum nível de proteção após ficarem doentes, podem “atualizar” e “aprimorar” os processos imunológicos desenvolvidos previamente com a vacinação.

Vale lembrar também que a vacinação é uma estratégia coletiva. Quanto mais pessoas estiverem protegidas, menor será a transmissão do vírus.

Vacinas são mesmo seguras?

Sim. Todas as vacinas são muito seguras. Elas passam por rigorosos testes de segurança e qualidade, incluindo estudos clínicos, antes de serem aprovadas para o público.

Atualmente, a imunização evita quase três milhões de mortes todos os anos, globalmente. As vacinas estão entre os medicamentos mais seguros para o uso humano, proporcionando amplos benefícios à saúde pública de um país.

As reações aos imunizantes são geralmente pequenas e temporárias, como dor ou rubor (vermelhidão) no local da injeção. Reações mais graves são extremamente raras e cuidadosamente monitoradas e investigadas pelo Ministério da Saúde.

É muito mais provável que uma pessoa adoeça gravemente por uma enfermidade que pode ser evitada pela vacina do que pela própria vacina. A doença poliomielite, por exemplo, pode causar paralisia; o sarampo pode causar encefalite e cegueira; e algumas doenças podem até resultar em morte.

Quer saber se outras vacinas são adequadas para você? Confira o calendário nacional de vacinação. Se você ainda não completou o ciclo vacinal ou está com alguma dose em atraso, vá até a unidade de saúde mais próxima de você.

Faça parte do Movimento Nacional pela Vacinação!

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Fontes consultadas:

1. SETTE, Alessandro; CROTTY, Shane. Immunological memory to SARS-CoV-2 infection and COVID-19 vaccines. Department of Health & Human Services USA, 2023.
Perguntas Frequentes – Vacinação
Encontrar informações atualizadas sobre o coronavírus (Covid-19)
2. Shioda K, Chen Y, Collins MH, Lopman BA. Population-Level Relative Effectiveness of the COVID-19 Vaccines and the Contribution of Naturally Acquired Immunity. J Infect Dis. 2023.
3. Du, H., Saiyed, S. & Gardner, L.M. Association between vaccination rates and COVID-19 health outcomes in the United States: a population-level statistical analysis. BMC Public Health. 2024.

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