Militares da Marinha celebram o Natal em locais remotos

Militares da Marinha celebram o Natal em locais remotos

Enquanto a maioria dos brasileiros aproveitará o fim de ano ao lado de familiares e amigos, vários militares da Marinha do Brasil (MB) passarão as festividades natalinas e o réveillon em locais remotos. Na noite de 24 de dezembro, eles estarão longe do aconchego do lar, mas sempre dispostos a cumprirem a missão de servir ao País.

É o caso dos militares que atuam na Estação Antártica Comandante Ferraz (EACF), localizada a, aproximadamente, 3.600 quilômetros do Brasil, na Península Keller, continente Antártico. Os militares celebrarão juntos as festividades, mesmo diante dos desafios impostos pelo clima rigoroso. As celebrações natalinas na EACF incluem decoração típica, ceia e troca de presentes, em meio à rotina de pesquisas científicas.

Desde a saída do Navio de Apoio Oceanográfico “Ary Rongel”, no dia 8 de outubro deste ano, a distância separa os membros do Grupo Base “Austral” de suas famílias. Essa já não é a primeira vez que o Suboficial Genival Gomes de Oliveira, encarregado de motores da EACF, passa o Natal longe dos familiares. Mas as condições climáticas da Antártica representam um desafio a mais na carreira do militar.

“É uma experiência desafiadora, estar em um ambiente ICE [Isolado, Confinado e Extremo]. Mas também é gratificante e motivador estar apoiando a pesquisa científica no Continente Gelado, já que todo dia é uma experiência nova, que retoma o sentimento de patriotismo”, destacou.

A rigidez do ambiente polar é acompanhada da saudade, sentimento constante na Estação. Apesar disso, os militares tentam atenuar a distância usando a tecnologia. “O Natal me remete a lembranças que prezo muito. Esse sonho de estar aqui é meu e da minha família, que sempre torceu pelo meu êxito. Com a facilidade da internet, mantenho contato diariamente através de videochamadas, o que ameniza a saudade”, relatou o Suboficial Gomes.

Suboficial Gomes durante Natal em Família –  Imagem: Arquivo pessoal

Outro militar que estará a bordo da EACF durante as festas de fim de ano é o Primeiro-Sargento (Fuzileiro Naval) Paulo Roberto da Silva, encarregado de secretaria e comunicação na Estação. Apesar do isolamento, ele destaca que manter o trabalho na Estação é essencial. “A parte boa desta experiência é que todos nós estamos aqui na Antártica por um bem comum, apoiando as pesquisas científicas, e sabendo que estamos contribuindo significativamente para o bem das futuras gerações, no que tange à mitigação dos efeitos das mudanças climáticas”, declarou.

 

Primeiro-Sargento (FN) Roberto em área externa da EACF – Imagem: Arquivo pessoal

Passar um longo período distante dos familiares não é novidade para o Primeiro-Sargento (FN) Roberto. Com experiências anteriores, o militar aprendeu a lidar com o isolamento. “Eu, minha família e amigos já vivenciamos um momento parecido em 2006, quando participei da Missão de Paz no Haiti. A saudade é enorme, porém, o sentimento do dever cumprido é maior. Todos eles sabem que fazem parte das minhas conquistas”, acrescentou.

O sol da meia-noite

Um fato curioso, que certamente acontecerá durante o Natal na Antártica, é que praticamente não escurece. Nas zonas polares ocorre um fenômeno chamado popularmente de “Sol da meia-noite”. É quando os dias são longos, e praticamente não existe a escuridão noturna. No inverno, esse processo se inverte, já que tais fenômenos são provenientes da localização geográfica dos pólos e dos movimentos de rotação, translação e inclinação do eixo da Terra.

Clique aqui para saber mais sobre a Estação Antártica Comandante Ferraz.

Natal no coração do oceano

Outra área inóspita ocupada pelos militares da Marinha é a Ilha da Trindade, localizada a cerca de 1.200 quilômetros de Vitória (ES). No local, a MB mantém o Posto Oceanográfico da Ilha da Trindade (POIT), um destacamento inaugurado em 1957. A ocupação da ilha é fundamental para manter a soberania brasileira na Amazônia Azul, região que compreende 5,7 milhões de km².

Esta é a terceira vez que o Capitão-Tenente (Auxiliar Fuzileiro Naval) Alexsandres de Azevedo Marques, chefe do POIT, serve no Posto. “O militar aprende, desde a sua formação, que serão vários os desafios a serem enfrentados durante a sua carreira, entre eles, os eventuais e temporários distanciamentos da família, seja na realização de missões específicas ou em atividades de rotina, estando, inclusive, ciente da eventual possibilidade do sacrifício da própria vida em prol da defesa do nosso país”, destacou.

Capitão-Tenente (AFN) Alexsandres na Ilha da Trindade – Imagem: Arquivo Pessoal

Apesar do isolamento, o espírito de Natal é mantido entre os militares e pesquisadores da ilha. “Geralmente, buscamos realizar as tradições típicas desta época, como a tradicional ceia, com os gêneros providenciados pelo Comando do 1º Distrito Naval, e o amigo oculto com as lembrancinhas e presentes que trouxemos para cá. Outra atividade interessante e muito marcante será quando nos reunirmos para assistir aos vídeos que foram enviados pelos familiares com mensagens que tocam o coração”, comentou o Capitão-Tenente (AFN) Alexsandres.

Militares do POIT reunidos. Imagem: Arquivo pessoal.

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