PF acha inverossímil versão apresentada por suposto envolvido no crime de Dom e Bruno

PF acha inverossímil versão apresentada por suposto envolvido no crime de Dom e Bruno

O superintendente da Polícia Federal, Eduardo Fontes, diz não acreditar completamente na versão do crime descrita por Gabriel Pereira Dantas, de 26 anos, que afirmou ter participado da morte do indigenista brasileiro Bruno Pereira e do jornalista britânico Dom Phillips. Fontes disse achar a versão “inverossímil”.

No depoimento do suposto suspeito, Gabriel disse ser de Manaus, mas afirmou que morava em Atalaia do Norte (AM). Ele alegou que Amarildo da Costa de Oliveira prometeu não entregá-lo à polícia “se a casa cair”, e que Dom foi alvo do crime por ciúmes.

“Ele disparou e matou o ‘gringo’ mais magro [Dom] pelo motivo de que ele [Amarildo] disse que ele mexeu com sua mulher”, afirmou Gabriel à polícia.

Sobre o motivo da morte de Bruno, de acordo com o depoimento, Gabriel disse que “morreu de graça” para não incriminar Amarildo.

Gabriel contou que no dia do crime ele estava bebendo com Amarildo, conhecido como Pelado, um dos suspeitos preso pelo crime, e recebeu um convite para pilotar a embarcação. Amarildo confessou, no dia 15 de junho, ter participado do assassinato da dupla.

O depoimento de Gabriel passa por análise da Polícia Federal, que investiga, até o momento, cinco suspeitos pelo crime, dos quais três estão presos.

As vítimas

Gabriel disse que ele e Amarildo avistaram o barco em que estavam o indigenista e o jornalista inglês. Antes de se aproximarem da embarcação da dupla, disse o suspeito, Pelado tirou uma espingarda de 16 polegadas e apontou para o indigenista e o jornalista. Ambos não reagiram, segundo Gabriel.

Ele ainda relatou à polícia que o primeiro disparo foi dado no “magrinho”, se referindo a Dom e em seguida, Amarildo deu o segundo tiro em Bruno. Segundo o homem que se apresentou, os tiros foram dados a uma distância de aproximadamente três metros.

Sobre o local do crime, o Gabriel afirmou que ocorreu no rio Madeira, próximo a uma comunidade conhecida por Santa Isabel.

Após os disparos, ambos rebocaram o barco das vítimas e Pelado cobriu os corpos de Bruno e Dom “para não chamar atenção”. Depois disso, segundo o depoimento, ele foi buscar ajuda.

De acordo com Gabriel, duas pessoas chegaram para ajudá-los, mas ele afirma não saber a identidade de ambos. O homem que procurou a polícia disse não saber se algum dos homens que participaram do crime era parente de Amarildo.

Segundo seu advogado, Fabio Costa, “o procedimento feito no 77º DP foi regular, mas vamos discutir a legalidade da prisão dele. Ele não participou da execução do Dom e do Bruno, não participou da ocultação dos corpos, ele apenas escondeu alguns pertences.” Costa declara que analisará o inquérito e pedirá um habeas corpus.

Prisões

Na terça-feira (14) a Polícia Federal prendeu Oseney da Costa Oliveira, 41 anos, por supostamente estar envolvido no caso. Ele é irmão de Amarildo. As equipes de investigação encontraram sangue e vestígios que seriam humanos em sua embarcação.

O suspeito contou à policia de São Paulo que os participantes dos assassinatos navegaram pelas águas do rio até encontrarem um local mais escondido. Ele conta que retirou os corpos junto com Pelado e os outros dois homens.

Gabriel afirma ter sido o responsável por pegar os pertences de Bruno e Dom e escondê-los na mata, enquanto os outros suspeitos cuidaram dos  corpos das vítimas e ao barco.

O indigenista e do jornalista carregavam uma câmera fotográfica, remédios, além de outros itens pessoais. Segundo Gabriel, ele pensou em pegar esses pertences, mas resolveu deixar na mata com receio de que aquilo poderia comprometê-lo.

Após o crime, ele afirma ter fugido por Santarém, no Pará, e depois viajou de ônibus até Manaus e depois São Paulo. Gabriel afirmou que estava nas ruas e disse “não aguentar mais a situação, pois estava com sentimento de culpa, por ter filhos pequenos”.

O homem se apresentou à polícia após chegar em São Paulo e perambular pelas ruas até resolver se apresentar e falar sobre o crime.

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