EXCLUSIVO Porto de Parintins aberto. Entenda protesto de prefeito e decisões do DNIT

Porto de Parintins

Porto de Parintins tem lotado, há semanas, na expectativa do maior Festival Folclórico de todos os tempos

O fechamento do porto de Parintins, às vésperas do “maior festival de todos os tempos”, chegou como uma bomba, na manhã desta quarta (22/06). À tarde, por volta das 15h, depois de muita pressão, o superintendente do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) no Amazonas, engenheiro Luciano Moreira de Sousa Filho, mudou a informação. “Fizemos apenas uma análise de risco. Vamos tentar manter o porto funcionando, até o fim do Festival”, afirmou, com exclusividade, para o portal.

O que houve? Fechar o porto de Parintins foi um reflexo do afundamento do Cais das Torres, do Roadway, em Manaus, ocorrido sexta-feira (17/06). Suspeita-se de roubo das tampas de aço da balsa de sustentação, mas há uma investigação em curso para apurar negligência. Um gênio da lâmpada decidiu vistoriar, somente agora, a balsa do porto de Parintins. E descobriu que há água no porão.

“A gente monitora isso todos os dias. Temos pessoal da Prefeitura trabalhando nisso. Não tem mais de 20cm de água no porão. Nada de anormal”, protestou o prefeito de Parintins, Bi Garcia. “Estão comparando o Roadway, que tem mais de 100 anos de idade, com um porto inaugurado em 2006”, argumentou.

“Até a noite de ontem (21/06), o porto estava operando regularmente, com a devida autorização do DNIT e da Marinha”, disse o governador Wilson Lima, em nota.

 

Decisão de manter aberto

Foram horas de reuniões online com Brasília. O fechamento foi decidido pela diretora nacional de Infraestrutura Aquaviária, Karoline Brasileiro Quirino Lemos. Veja o comunicado dela clicando aqui. O comunicado chegou à superintendência regional do DNIT, ao Governo do Estado e à Prefeitura de Parintins. E logo ganhou o mundo.

O governador Wilson Lima e o prefeito Bi Garcia, além dos protestos públicos, partiram para a pressão, em Brasília. Mas só no meio da tarde veio a decisão de manter o porto aberto.

Ouça o áudio do prefeito, momentos depois de comunicado da decisão:

 

Problemas

O porto de Parintins foi inaugurado com problemas. Construído na gestão de Alfredo Nascimento, então ministro dos Transportes, ainda em 2006, ano da inauguração, surpreendeu a todos quando foi anunciado que não receberia navios de cruzeiro. Parintins está no roteiro dos grandes navios que cruzam o Caribe e entram no rio Amazonas, até Manaus. Mas construíram um porto, novinho em folha, sem estrutura para receber embarcações de grande porte.

O choque se tornou maior ainda quando vieram as cheias. Em 2009 (29,77 metros) e 2012 (29,97), cotas abaixo dos 30 metros, e 2021, quando a enchente chegou à marca histórica (30,02), o porto foi ao fundo. “Virou parada de submarino”, diziam os memes.

“Todo dono de balsa na Amazônia sabe que elas precisam de manutenção, a cada oito anos. Essa manutenção não foi feita”, denuncia o prefeito de Parintins. “Eles (o DNIT) não fazem, nem deixam a gente fazer”, acrescenta.

 

Mudança no comando

O superintendente do DNIT no Amazonas mudou, silenciosamente. Saiu o engenheiro Afonso Lins, que é presidente do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (Crea-AM). Entrou Luciano Moreira, que é funcionário efetivo do órgão e especialista em transporte aquaviário. A troca ocorreu no dia 08/06.

A mudança ocorreu por influência política. Alfredo Nascimento, ainda presidente regional do Partido Liberal (PL), o partido do presidente Bolsonaro, continua dando as cartas no DNIT-AM. Tudo indica que Afonso Lins caiu em desgraça com o manda-chuva.

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