Muçulmanos do AM encerram jejum do mês de Ramadã com orações e doação de duas toneladas de alimentos

“O exemplo daqueles que gastam os seus bens pela causa de Deus é como o de um grão que produz sete espigas, contendo cada espiga cem grãos. Deus multiplica mais ainda a quem Lhe apraz, porque é Munificente, Sapientíssimo”. Essas palavras sábias ensinadas durante séculos pelo Alcorão Sagrado representam bem o espírito de caridade que marcou o período de jejum do mês de Ramadã, em 2022, pela comunidade muçulmana do Amazonas.

Ao longo desse mês sagrado do calendário islâmico – que, por ser lunar, começou, neste ano, em 3 de abril e se encerrou nesta segunda-feira (02/05) -, foram arrecadadas e doadas duas toneladas de mantimentos como arroz, feijão, macarrão, carne bovina, frango, óleo, café, leite em pó, açúcar, bolacha e farinha láctea, entre outros itens.

Para a empresária Naime Baydoun, uma das coordenadoras da “Campanha de Doação do Mês de Ramadã 2022”, a iniciativa foi um sucesso. “Arrecadamos mais do que havíamos previsto inicialmente, graças ao empenho da comunidade muçulmana e de amigos não muçulmanos, que não hesitaram em ajudar e contribuíram em levar alegria para crianças e idosos necessitados de Manaus”, afirmou

Gratidão

Entre as entidades beneficiadas no mês de Ramadã estão a Casa da Criança e a Casa do Idoso São Vicente de Paulo.

Para a diretora da Casa da Criança, irmã Maria da Cruz da Conceição Silva, a iniciativa da comunidade muçulmana foi “gratificante”. “Num período no qual o egoísmo é grande na nossa sociedade, podemos ver essa atitude bonita e generosa dos muçulmanos do Amazonas. Só temos a agradecer e pedir a Deus que abençoe essa comunidade, que se prontificou a fazer esse sacrifício em prol da Casa da Criança”, afirmou a religiosa.

As doações na Casa da Criança foram entregues por um grupo de mulheres e crianças que representou a comunidade muçulmana do Amazonas, que puderam conhecer melhor o trabalho realizado pela entidade cristã. “O Islã nos ensina que devemos ajudar qualquer pessoa necessitada, independentemente da religião dela”, salientou a empresária Haya Rayan, uma das participantes da ação.

Mesquita

Na manhã desta segunda-feira (02/05), muçulmanos realizaram a oração coletiva do Eid El-Futra – festa que marca o término do mês de Ramadã-, na Mesquita de Manaus, na rua Ramos Ferreira, Centro. Na ocasião, houve uma confraternização entre os fiéis da comunidade.

”Neste ano, a mesquita conseguiu fornecer refeições não só para os muçulmanos durante a quebra do jejum (iftar) no início da noite, como, também, para não muçulmanos que nos procuraram em busca de alimentos. Ajudar o próximo é um dos ensinamentos básicos do Islã”, afirmou o diretor do Centro Islâmico do Amazonas, Walid Saleh.

História

Fundada em 1º de fevereiro de 1948, a Casa da Criança é uma entidade filantrópica, dirigida pelas Irmãs Filhas da Caridade São Vicente de Paulo, que funciona como creche escola, De acordo com a irmã Cruz, local tem capacidade para atender até 320 crianças de 2 a 5 anos, mas, atualmente, conta com 280 crianças, por causa da pandemia.

A Casa da Criança está situada na rua Ramos Ferreira, 1.345, no Centro. O telefone para contato é o (92) 3232-5282.

Com quase 42 anos de existência, a Casa do Idoso São Vicente de Paulo está situada na rua Jerônimo Ribeiro, 14, bairro São Raimundo, zona oeste de Manaus. Tanto a Casa da Criança quanto o Lar do Idoso dependem de doações para manter suas atividades.

Pilar da fé

Presente em todas as crenças monoteístas, a prática do jejum é um dos principais pilares do Islã. “Ó crente, o jejum foi vos prescrito, assim como fora prescrito aos que vos antecederam”, diz trecho do Alcorão, livro sagrado para os muçulmanos.

O jejum no mês de Ramadã consiste em abster-se de práticas materiais, como, por exemplo, comer, beber, fumar e ter relações sexuais desde alvorada até o crepúsculo, com a intenção de se aproximar de Deus. Neste período, os jejuadores devem manter uma excelente conduta moral.

O jejum tem seu papel central na educação e no auto controle, no comportamento e na força de vontade, para a preservação da saúde moral e física, afastando assim seu praticante do mal, da luxúria e da concupiscência. Por outro lado, o jejum estimula a cultivar o bem e a caridade, e sentir a dor da fome, a fim de usar de empatia para com aqueles que a sentem por causa da pobreza e por falta de recursos.