Israel invade terceiro local mais sagrado do Islã e deixa 158 feridos

Israel invade terceiro local mais sagrado do Islã e deixa 158 feridos

Aconteceu de novo, desta vez na segunda sexta-feira do Ramadã — o mês sagrado para o islã em que os muçulmanos observam o jejum absoluto do nascer do sol ao crepúsculo. Policiais israelenses invadiram a Esplanada das Mesquitas, na Cidade Velha de Jerusalém, por volta das 6h30 (0h30 em Brasília).

O local abriga a Mesquita de Al-Aqsa, o terceiro lugar mais sagrado para os muçulmanos. De acordo com a polícia de Israel, uma hora e meia antes, “dezenas de jovens desordeiros encapuzados”, alguns com a bandeira do movimento islâmico Hamas, “começaram uma procissão” pelo complexo e teriam atirado pedras em direção ao Muro das Lamentações — local de peregrinação dos judeus e muralha remanescente do templo do Rei Salomão.

Os confrontos entre as forças de segurança do Estado judeu e os palestinos deixaram 158 feridos, seis deles em estado grave. Os militares israelenses também detiveram 450 manifestantes. Em 20 de maio de 2011, um incidente semelhante, na Esplanada das Mesquitas, deixou 331 feridos.

Sob condição de não ter a identidade revelada, Mahmud (nome fictício) contou que chegou à Esplanada das Mesquitas minutos após a entrada das forças israelenses.

“Depois das orações do amanhecer, centenas de fiéis se reuniram na praça da mesquita e começaram a gritar que o local é dos muçulmanos. Foi então que um grande número de policais invadiu o local, usando granadas de efeito moral e balas de borracha. Os israelenses começaram a perseguir as pessoas e a golpeá-las com cassetetes para forçá-las a abandonar o complexo”, relatou.

Lançamento de pedras

“Alguns jovens lançaram pedras e entraram na Mesquita de Al-Aqsa. A polícia trancou o local com correntes de ferro e lançou as granadas de efeito moral pelo telhado, depois de quebrar os vidros das janelas. Os confrontos continuaram por três horas.”

Os policiais levaram 450 palestinos presos. Após as detenções e a saída dos israelenses da área, os fiéis limparam a Mesquita de Al-Aqsa. Pelo menos 60 mil palestinos foram ao templo para as orações da sexta-feira, considerada dia sagrado para o islã. A polícia israelense informou que três membros de sua tropa ficaram feridos.

Diretor da Mesquita de Al-Aqsa, Omar Al-Kiswani confirmou à agência France-Presse um segundo incidente pela manhã envolvendo uma intervenção da polícia israelense no próprio local de culto. “A ocupação (o nome dado a Israel pelos palestinos) sabe que a Mesquita de Al-Aqsa é uma linha vermelha que não deve ser ultrapassada”, declarou.

Enquanto os distúrbios ocorriam, o primeiro-ministro de Israel, Naftali Bennett, se reunia com o gabinete de segurança de emergência para avaliar a situação em Jerusalém. O jornal Haaretz informou que Kobi Shabtai, chefe da polícia, disse na reunião que seus homens evitaram fazer de tudo para invadir a Esplanada das Mesquitas. “Pedimos aos guardas locais que cuidassem dos baderneiros e os removessem do Monte do Templo, mas de nada adiantou”, comentou.

EUA

O governo dos Estados Unidos afirmou estar “profundamente preocupado” com os incidentes de ontem na Esplanada das Mesquitas. “Pedimos a todas as partes que exerçam moderação, para evitar provocações e retórica”, disse o porta-voz do Departamento de Estado, Ned Price, por meio de um comunicado. “Pedimos às autoridades palestinas e israelenses que cooperem para diminuir as tensões e garantir a segurança de todos”, acrescentou.

Em entrevista, Ibrahim Alzeben, embaixador palestino no Brasil, afirmou que “a continuação da escalada israelense atingiu um nível que ameaça a segurança regional e a paz social no mundo”. “Ela transforma o conflito em uma guerra religiosa, da qual ninguém será poupado das consequências devastadoras, tanto no Oriente quanto no Ocidente”, advertiu o diplomata.

Ele instou uma “ação imadiata, urgente e decisiva” da comunidade internacional para “deter essa deterioração e eliminar suas causas”. “Chega de padrões duplos. Na Palestina, a causa principal é a ocupação — fonte de terror e de violência. O conflito dura 74 anos. O mundo vê e ouve, mas vira o rosto para longe da verdade”, acrescentou.

Tags: Islã, Israel
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