
Eleição 2022 deve ter novo acordo, explícito ou não, entre Amazonino (esquerda) e Braga (direita) para enfrentar Wilson Lima (centro)
Os ex-governadores Amazonino Mendes e Eduardo Braga, diante do movimento da máquina governamental, alavancando Wilson Lima, podem se unir. Eles já conversaram e os interlocutores de sempre, que transitam intimamente nos dois grupos, se movimentam. O problema está na briga pela cabeça da chapa. Mas o diálogo foi aberto.
Ausência de Otávio
Amazonino e Braga, que usam métodos muito parecidos e têm grupos similares, se ressentem da ausência do empresário Otávio Raman Neves. Era quem, numa hora dessas, ouvia os financiadores e cochichava nos ouvidos, indicando caminhos. Otávio foi vítima da pandemia de Covid-19.
O começo de tudo
O primeiro encontro público de Amazonino e Braga se deu numa reunião, na Assembleia Legislativa, em meados de 1983. A pauta era o preço da passagem de ônibus em Manaus. Amazonino, prefeito, nomeado por Mestrinho. Braga, jovem vereador, do PDS, representando a Câmara Municipal, fez um discurso contundente. Amazonino cochichou com assessores. Semanas depois, os dois eram aliados. Mantêm o mais longo casamento da política estadual, embora recheado de altos e baixos.
Histórico de acordos
As trajetórias de Amazonino e Braga revelam tudo. Amazonino escolhe Braga como vice, depois de muita disputa interna no grupo. Ganha, vira prefeito (1993-1994) e renuncia para disputar a sucessão de Mestrinho no Governo do Estado, em 1994. O vice, Braga, vira prefeito e pavimenta a carreira no Executivo.
Histórico de acordos (2)
Eleição de 1996, Amazonino fica em casa e Braga resolve para o candidato da dupla, Alfredo Nascimento. Quatro anos depois, na campanha da reeleição de Alfredo, Braga é o adversário. Olhando agora, sob perspectiva histórica, não é difícil enxergar a barreira perfeita ao extragrupo Serafim Correa – que perdeu, no 2º Turno, porque a classe média foi para os balneários, por meros 2,5 mil votos.
Histórico de acordos (3)
Reeleição de Amazonino, 1998, o adversário, outra vez, é Eduardo Braga. Fim dos oito anos de Amazonino e sucessão inevitável. O candidato é? Acertou quem pensou Braga. Ele ganha, com apoio de Amazonino, fica oito anos no poder e emplaca Omar Aziz como sucessor.
Caso de ciência
Resumo da ópera: as frases mais antigas da política se aplicam à dupla dinâmica. Dividir para conquistar e os fins justificam os meios são as principais. Nada de Montesquieu, para quem o Estado (poder) deveria promover o bem comum e o desenvolvimento do cidadão. Sequer Maquiavel, que preconizava ser meta do príncipe a felicidade do povo (atribui-se a ele, injustamente, “os fins justificam os meios”, embora a frase sirva para síntese, rasa, de seu pensamento).
Máquina
Braga, sem máquina, não sabe andar. Amazonino idem. Os dois, juntos, conseguem reunir empresários que gravitam em torno do poder. Separados dividem esse bolo e se fragilizam.
Wilson Lima
O grande problema de Amazonino e Braga chama-se Wilson Lima. O governador aparecia em todas as pesquisas abaixo de 5%. Saltou, depois dos movimentos em direção ao funcionalismo, auxílios emergenciais e afinação com prefeitos, inclusive o de Manaus, para perto dos 20%. Entrou no game. Os dois veteranos achavam que o novinho seria presa fácil. Não é. A eleição promete.
Adail Pinheiro
Amazonino surpreendeu a todos e, muito próximo dos Tiradentes, foi a Coari e apoiou a chapa adversária, de Adail Pinheiro, Keitton à frente, na eleição tampão. Ganhou. O clã dos Pinheiro, porém, anda conversando com tudo quanto é candidato a governador. Querem apoio financeiro, máquina, dinheiro para campanha. Quem leva? Quem der mais.
Omar-Lula
Lula, quando foi presidente, só tinha no Amazonas a oposição solitária de Arthur Virgílio. Agora tem pisado em ovos para definir apoiadores amazonenses. O senador Omar Aziz, que anuncia com estardalhaço cada aperto de mão com o petista, posa de mais próximo dele.
Menezes-Bolsonaro
O beija-mão correspondente de Omar-Lula, no lado governista, é feito pelo coronel Alfredo Menezes, em relação ao presidente Bolsonaro. Adota a mesma tática de campanha: abraçou, tocou, avistou, chegou perto divulga foto.
Wilson-Bolsonaro-David
Tudo indica que a chapa governista fechará de cima a baixo, em torno de Wilson Lima. O presidente Bolsonaro e o prefeito David Almeida apoiarão a reeleição do governador. Para essa amizade se fortalecer anda mais, no entanto, primeiro terá que sobreviver à atual fase da pandemia. Depois, para ficar “de rocha”, Governo Federal e Governo do Estado precisam liberar recursos para o prefeito trabalhar. E o governador, além disso, abrir espaço para um vice indicado pelo prefeito.
O vice
David transita entre indicar Sabá Reis, o secretário de Limpeza Pública, ou o vice-prefeito e secretário de Infraestrutura, Marcos Rotta, como vice de Wilson Lima.
Correndo por fora
Também estão nas ruas, correndo por fora, na disputa da sucessão de Wilson Lima, o deputado estadual Ricardo Nicolau e a ex-secretária estadual Carol Braz. Lançados e dispostos a ir até o final. PT, até agora, nada de indicar candidato. Fará o que for melhor para Lula.
Mirando a onça
A sensação de mirar uma onça de perto, na natureza, é incrível. O felino é o topo da cadeia alimentar, ou seja, no mano a mano ela leva. Vê-la, magra, afastar-se com a presença humana é… diferente. Registre-se a dignidade do caminhar leve, o olhar direto e a parada para espreitar atrás da mata. O vídeo está nesta matéria do portal (clique para ler).
Bonifácio
A ida ao rio Jauaperi-RR trouxe à tona o personagem José Bonifácio Sales Corrêa, 80 anos. É maranhense, negro-caboclo, quase índio, culturalmente cafuzo. Circula com desenvoltura entre os índios waimiri-atroari, mas franjas de cujas terras vive com a família. Uma entrevista marcante. Uma história amazônica. Clique aqui e veja a entrevista em vídeo.
Covid-19
Após o recorde de 8.319 novos casos de infecção pelo coronavírus, em 24 horas, o número foi de 3.555, nesta segunda (24/01). Caiu abaixo da metade. Está alta, ainda assim, a infestação pela variante Ômicron.
Covid-19 (2)
O prefeito David Almeida testou positivo para Covid-19. Está bem. Corre e malha todos os dias. Tem o peso correto. Despacha em casa e tudo indica que volta às ruas em breve.
Covid-19 (3)
Saindo da segunda contaminação pelo coronavírus. Um lamento por todos que tombaram na pandemia. Gratidão pelos que sobreviveram e que haja humildade em reconhecer não haver mérito pessoal nisso. Estão aí as vítimas vacinadas com três doses – obrigação individual que o vírus dribla, aqui e ali – e atletas em polimento para competições que tombaram. Nada de arrogância. Luta contínua. A praga permanece de pé.
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