Aos 83 anos, morre Ruy Ohtake, arquiteto de formas curvas e geométricas

Aos 83 anos, morre Ruy Ohtake, arquiteto de formas curvas e geométricas

Morreu, neste sábado (27/11), o arquiteto Ruy Ohtake, que era o primeiro filho de da artista plástica japonesa, naturalizada brasileira, Tomie Ohtake, lutava contra um câncer de medula.

Conhecido por criar prédios com formas geométricas e muitas curvas, Ruy Ohtake foi um dos nomes mais importantes da história recente da arquitetura brasileira. Ele assinou mais de 300 obras no país e no exterior. Considerado parte do movimento arquitetônico pós-modernista, o profissional também tinha muito presente no trabalho o uso de cores vibrantes e de peças de destaque.

Em Brasília, além do shopping no formato de meio círculo, ele também assinou obras de destaque como Royal Tulip da cidade, localizado no Setor de Hotéis e Turismo Norte (SHTN) e marcado pela arquitetura curva e a forte cor vermelha; e o PO 700 bloco empresarial que leva o vermelho também para Setor de Rádio e TV Norte.

Aos 83 anos

O arquiteto era um admirador do plano urbanístico de Brasília e via a cidade com muito orgulho. “A estética da arquitetura e urbanismo a partir do Plano Piloto de Brasília são exemplos de estética mundial. Não tem uma cidade que tenha o mesmo nível de propostas espaciais e de urbanismo com a racionalidade como a do Plano Piloto. Isso é um orgulho para o Brasil. Um orgulho que temos que saber colocar na nossa cultura, nos seminários, nas discussões”, afirmou em entrevista ao Correio em 2018.

“O Ruy Ohtake foi um dos representantes do pós-modernismo no Brasil. Eu gosto dele porque ele interrompeu a lógica modernista de que tudo tem que ser branco e quadrado”, afirma Alle Guerra, estudante de arquitetura da Universidade de Brasília. Para o jovem de 26 anos, o profissional mudou a arquitetura do país com o próprio estilo .“Ele deu um pouco mais de dinamicidade para as edificações dele”, complementa.

Obras

Nascido em 1938 em São Paulo , Ruy Ohtake se formou na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade São Paulo (FAU-USP), em 1960. Ele fez parte da escola paulista de arquitetura, encabeçada por nomes como Vilanova Artigas e Paulo Mendes da Rocha. Com o próprio estilo, o arquiteto assinou obras como o o hotel Unique em São Paulo, A embaixada do Brasil em Tóquio e o Instituto Tomie Ohtake, também São Paulo. Ele também assinava peças de design próprias e tem uma cuba de pia famosa com próprio nome.

O arquiteto nem sempre agradou a própria comunidade, porém recebeu 2006 a comenda Colar de Ouro, a mais alta condecoração do Instituto de Arquitetos do Brasil, no 18º Congresso Brasileiro de Arquitetos. Entre outros prêmios foi contemplado, em 2012, com a Medalha de Anchieta e Diploma de Gratidão pela Câmara Municipal de São Paulo, como reconhecimento de toda contribuição a cidade de São Paulo e foi chamado para participar do 20.º Congresso da União Internacional de Arquitetos, em Pequim.

Além das obras arquitetônicas, fez trabalhos para o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), presidiu o Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico Arqueológico, Artístico e Turístico de 1979 a 1982, foi professor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Presbiteriana Mackenzie e da Universidade Católica de Santos e, em 2019, foi eleito membro da Academia Paulista de Letras.

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