Sessão de besteirol na Assembleia, ignorando coronavírus, mortes e o sacrifício dos salários. Veja vídeo

Sessão de besteirol na Assembleia

Sessão de besteirol na Assembleia ocorreu em torno de projeto da deputada Joana D’Arc, empossada com a cadela em superprodução (foto)

Deputados estaduais protagonizaram, na sessão híbrida da Assembleia Legislativa do Amazonas (Aleam), esta quarta (24/02), um festival de besteiras. Eles discutiram, às gargalhadas e até com palavrão, o projeto que cria “O dia do animal sem raça definida”, ou seja, o dia do vira-latas. E também o projeto do “Gato fera”.

A autora das duas propostas, deputada Joana D’Arca, não estava presente, virtual ou fisicamente, e teve os projetos subscritos pelo colega Saullo Vianna. Depois, arrependido, ele chegou a retirar os projetos de pauta, mas o festival de acintes ao povo amazonense já havia iniciado.

Belarmino Lins foi o mais irônico. Quando ele pediu a palavra para apartear, logo um dos pares exclamou: “P… que o p…”. “Esse projeto devia ter uma emenda aditiva, tornando o dia amplo e irrestrito dos animais. Por exemplo, anta, cotia, veado…”, disse Lins.

Foi então que ficou bem claro ter havido ampla tramitação do “projeto” nas comissões da casa. Ele foi relatado, na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), pelo deputado Delegado Péricles. E na Comissão de Meio Ambiente, pela deputada Alessandra Campelo.

Alessandra, aliás, ria às escâncaras, ao apartear colegas. E tentou se esquivar, mas foi constrangida pelo bem-humorado Saullo, que pediu explicações da relatora. “A minha parte era apenas dizer se era ou não prejudicial ao meio ambiente. Não é prejudicial”, disse. Mas, em seguida, estocou Joana D’Arc, autora, de quem é aliada incondicional: “… embora não fosse um projeto que eu apresentasse”.

A deputada ainda chamou Péricles para o debate. “O senhor também foi relator”. “Cabe à CCJ apenas discutir a admissibilidade. O mérito é no Meio Ambiente”, disse Péricles. “O deputado Carlos Bessa foi o relator do projeto do “Gato fera”, “entregou” Campelo.

 

Pandemia

O Amazonas tinha 309.311 casos de infecção pelo novo coronavírus, até ontem (23/02). São 24.211 casos, só entre 10 e 13 de fevereiro, período no qual ocorreram 1.288 mortes. A pandemia ceifou, até aquela data, 10.573 vidas no Amazonas.

Foi nesse contexto que os deputados estaduais, citados, usaram o dinheiro do povo amazonense, que paga os gordos salários deles, para brincar na sessão da Aleam desta quarta (24/02). Foi um festival de insensibilidade e desrespeito.

 

Febeapá

O Festival de Besteiras que Assola o País (Febeapá) se tornou famoso como título do primeiro de três livros do jornalista Sérgio Porto, de 1966. Ele escrevia, sob o heterônimo de Stanislaw Ponte Preta, no jornal “Última hora”, criado por Samuel Wainer. Os três volumes do Febeapá foram republicados pela Companhia das Letras, em 2015.

Trata-se de crônicas, irônicas, bem-humoradas, em que Porto retrata o festival de besteiras das autoridades da ditadura de 1964. O principal alvo era o governador da Guanabara, Carlos Lacerda e o primeiro escalão do Governo Federal.

VEJA O VÍDEO NO TRECHO DA DISCUSSÃO DOS DEPUTADOS E CONFIRA OS ENVOLVIDOS:

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