Prédio do Rio Negro é tombado e vencedor de leilão terá que manter a estrutura atual

Prédio do Rio Negro é tombado

Prédio do Rio Negro é tombado e isso deve influenciar no leilão por dívidas trabalhistas. Foto: Célio Said

A sede do Atlético Rio Negro Clube (ARNC), na avenida Epaminondas, Centro, foi tombado pela Câmara Municipal de Manaus, em 2013. A sanção do tombamento, feita pelo prefeito Arthur Virgílio, fez parte das comemorações dos 100 anos de fundação do clube. “O tombamento não impede o leilão, mas garante que a estrutura seja preservada”, disse o vereador Professor Samuel, autor da lei, à época.

Este portal publicou, neste sábado, com exclusividade, a informação de um novo leilão da sede, marcado para 30 de novembro. Pelo menos essa é a data estipulada no calendário de leilões pelo Tribunal Regional do Trabalho da 11ª Região (TRT11). O edital deve ser publicado segunda-feira (26/10), segundo o leiloeiro Wesley da Silva Ramos.

“Na época, quando surgiu a ideia do tombamento, foi por causa da possibilidade de um leilão. A lei cuida do tombamento histórico e imaterial. Quem comprar, não poderá modificar nada na estrutura do prédio. O leilão a gente não pode impedir”, disse Samuel, hoje (24/10). “Sou nacionalino (risos, porque é o clube rival), mas tomara que apareça um simpatizante do clube para comprar e manter o patrimônio”, disse.

Samuel afirma que, durante a elaboração da lei, conversou muito com o ex-presidente da Câmara Municipal, Luís Alberto Carijó. “Foi ele que me pediu para acrescentar o ‘imaterial’ na lei. Isso garante que o imóvel não pode ser mexido. Não é como em outros tombamentos, onde o proprietário mexe na fachada e constrói por dentro. No caso do Rio Negro, nada pode ser mexido”, explica.

O tombamento ocorreu justamente por conta da ameaça de um leilão. “Nós conseguimos sustar a venda. Houve até uma festa, nos 100 anos, porque conseguimos evitar”, disse.

 

Repercussão

“Inimaginável o patrimônio tradicional dos rionegrinos e de todos os amazonenses nessa decadência. Perda inigualável para a cidade. Espero que consigam reverter essa situação. O fim dos clubes sociais e o alto custo da manutenção e falta de funções levam a isso”, disse o presidente da Academia Amazonense de Letras e ex-secretário estadual de Cultura, Robério Braga.

O deputado estadual Serafim Corrêa, nacionalino, lamenta a situação do clube rival e acredita que o leilão não terá participantes. “Mesmo R$ 9 milhões é um valor muito alto. A história do prédio e o local onde está situado tem um valor muito superior a isso. O comprador, porém, terá que manter tudo como está. O prédio terá que ser sede de clube para sempre. Ele não pode, por exemplo, desmontar o Salão dos Espelhos”, explica.

“Temos, no entanto, que trabalhar com a possibilidade de surgir alguém para comprar a sede. Sou nacionalino, mas Nacional e Rio Negro viveram, sempre, um da rivalidade do outro. Que os rionegrinos se unam e encontrem um caminho para solucionar isso. Creio que as dívidas trabalhistas são bem menores que os R$ 9 milhões. Talvez tenha faltado, no passado, mais entendimento, mais conversa. Agora é hora de buscar solução”, acrescenta.

A questão do preço é também contestada pelo digital influencer e candidato a vereador Tio Adão. “O valor equivale a US$ 1,5 milhão (1 milhão e meio de dólares). Houve uma avaliação, em outra época, em que o imóvel foi avaliado em US$ 5 milhões (cerca de R$ 30 milhões, ao câmbio de hoje).

A rivalidade Nacional versus Rio Negro tem outras curiosidades. O radialista Arnaldo Santos, rionegrino ferrenho, levava o pai, Francisco Caetano de Andrade, o “seo” Caetano, nacionalino fanático, para assistir os clássicos. Vibrava com a vitória do clube, mas com um olho de preocupação e cuidados no pai. E era consolado por “seo” Caetano, quando o Galo perdia.

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