Garotada ribeirinha do Amazonas lança campanha contra desmatamento

Desmatamento

“Somos filhos da floresta, estamos lutando. E você vai fazer o quê?”. É com essa pergunta que jovens ribeirinhos do Amazonas encerram vídeo com um alerta ao crescimento do desmatamento na floresta amazônica. O grupo lançou campanha contra o avanço da destruição da fauna e flora e intitulou como Manifesto Juventudes Ribeirinhas ou Somos Filhos da Floresta, o nome mais popular.

São 60 jovens de 14 a 23 anos, moradores de oito unidades de conservação, como as Reservas de Desenvolvimento Sustentável (RDSs) Rio Negro, do Purus e de Mamirauá. Jovens que buscam no empoderamento comunitário uma forma de alertar os próprios moradores a cuidarem do local onde moram, de olho no futuro.

Segundo a estudante de gestão pública Odenilze Ramos, de 22 anos, da RDS Rio Negro e uma das líderes do movimento, os jovens se reuniram para formar uma rede pela preservação da floresta amazônica, a principal bandeira do grupo.

Assim como Odenilze, os 60 jovens são líderes em suas comunidades formados por indígenas, ribeirinhos, caboclos, negros e mulatos, que trabalham o empoderamento comunitário. Todos estão à frente de movimentos em seus próprios municípios, onde os problemas enfrentados são diversos.

Desmatamento

O desmatamento na Amazônia Legal brasileira atingiu 920,4 km² em junho, um aumento de 88% em comparação com o mesmo mês no ano passado, aponta o sistema Terra Brasilis, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).

O desmatamento em beira de estrada é o principal problema vivenciado na RDS Rio Negro. Segundo Odenilze, o problema vem crescendo e os jovens acompanham de perto, tentando orientar os comunitários a encontrar alternativas econômicas sustentáveis para a manutenção dos amazonenses que moram no interior.

Mas além da ocupação irregular em área de reserva, há também o crescimento do tráfico de drogas na região. Com o amplo espaço e com falta de fiscalização, o tráfico é triste realidade no interior do Estado.

Garimpo e prostituição

Em outras unidades de conservação, a problemática é o garimpo, que tem aliciado muitas jovens para a prostituição. Conversar e orientar os jovens tem sido a alternativa.

“Todas as unidades tem uma questão de renda muito fraca, então algumas jovens usam a prostituição pra ter uma renda. A gente tenta reunir essas pessoas e faz roda de conversa pra falar dos problemas e orientar”, conta Odenilze.

O Manifesto

O Manifesto Juventudes Ribeirinhas ou Somos Filhos da Floresta, como é mais conhecido, foi criado em novembro de 2018, durante um encontro em Manaus promovido pela Fundação Amazonas Sustentável (FAS). Como os jovens moram em diversos municípios do Amazonas, reunir todos é uma árdua tarefa e o encontro foi o momento ideal para a criação do movimento.

Os jovens fizeram um vídeo sobre o Manifesto para alcançar o maior número de pessoas, onde reuniram suas ideias e problemáticas na defesa da floresta.

Gravado no Parque do Mindu, em Manaus, durante o encontro, o vídeo teve a participação de treze jovens, todos amadores e líderes em suas comunidades.

A repercussão tomou forma em 2019, chamando atenção até mesmo de um grupo ligado ao Fórum Econômico Mundial, que quer fazer um documentário sobre a iniciativa dos ribeirinhos do Amazonas.

Chamar atenção

O principal mote do grupo é: “Somos filhos da floresta. A Amazônia não é sua, a Amazônia não é nossa, a Amazônia é de todos nós. Somos filhos da floresta, estamos lutando. E você, vai fazer o quê?”.

O Manifesto em forma de vídeo, que também foi feito em texto, quer chamar atenção da sociedade para a preservação. “Desde o início, a gente quis fazer a nossa parte como morador de unidade de conservação, de que forma podemos viver, que alternativas temos de economia. Mas e quem está fora, na cidade, está se preocupando?”, questiona Odenilze.

Na avaliação da estudante e líder comunitária, as cidades negam a floresta e esquecem que a Amazônia tem impacto no mundo inteiro. “Vivemos uma crise global ambiental e vemos muitos movimentos no mundo, mas não vemos no Brasil. Se a gente conseguir chamar a atenção da sociedade pra cuidar da Amazônia, podemos criar uma rede mais forte”, defende Odenilze.

Hoje, o contato dos manifestantes é via WhatsApp e Facebook, as principais ferramentas de comunicação. São nessas plataformas que o grupo une jovens, conta as problemáticas das comunidades, troca experiência e sugere alternativas para manter a floresta de pé.

O grupo, que tem uma página no Facebook chamada de Somos Filhos da Floresta, busca agora parceria e apoio para difundir as ideias da comunidade e a luta contra o desmatamento da floresta amazônica.

Assista ao vídeo sobre o Manifesto

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