Arthur, Wilson, David, Rotta, Zé Ricardo e demais, na corrida pela Prefeitura de Manaus

Arthur, Wilson, David, Rotta, Zé Ricardo

Arthur, Wilson, David, Rotta, Zé Ricardo e outros nomes, como Conceição Sampaio, Marcelo Ramos, Rebecca Garcia e Alfredo Nascimento, estão na corrida da Prefeitura de Manaus

A disputa pela Prefeitura de Manaus esquenta. Sindicalistas há anos calados voltam a falar e até rompem silêncio com categorias que deveriam representar. Os mais exaltados são, marcadamente, candidatos a vereador, no mínimo. Houve uma greve da Polícia Militar – todos lembram! – que elegeu uma penca de PMs. Mas os candidatos a protagonistas não conseguem ultrapassar a barreira estabelecida: eleições municipais no Amazonas passam pelo governador do Estado e o prefeito de Manaus. Muito do que emergirá das urnas, em 2020, depende da ação de Wilson Lima e Arthur Virgílio. Este ano, no entanto, pelo menos três candidatos tentam provar capacidade para não depender deles. David Almeida, ex-presidente da Assembleia, terceiro colocado em 2018, aparece na frente nessa corrida. O vice-prefeito Marcos Rotta, o deputado federal Zé Ricardo e vários outros nomes também partirão descolados dos líderes. Veja as chances de cada um.

 

Wilson Lima

O governador Wilson Lima se elegeu contra todas as expectativas. Os principais trunfos dele na disputa da Prefeitura enfrentam problemas gigantescos. O ex-deputado estadual Luiz Castro patina na greve dos professores. Perdeu um dos bens mais preciosos, a voz, tendo agora que calar nas manifestações públicas sobre o movimento. Não goza, nitidamente, da confiança mínima dos grevistas. Carlos Almeida quase se queima na Secretaria Estadual de Saúde. Pulou da fogueira quando começava a arder. Wilson deixou a casca e já está nas ruas, visitando obras.

 

Wilson Lima (2)

O vice-governador Carlos Almeida vem trabalhando feito um mouro, quase 24 horas por dia. Deixou a Susam, mas “herdou” todo o resto. Há crescente admiração pela figura dele, nas hostes internas do governo, devido à lealdade ao governador. Os dois parecem ter intendido que, trabalhando em conjunto, dividem os problemas e compartilham soluções. E Carlos ainda dedica parte do tempo a auxiliar o sucessor na Susam, Rodrigo Tobias.

 

Wilson Lima (3)

Wilson Lima tem dois caminhos na eleição do ano que vem. O primeiro é viabilizar ou Luiz Castro ou Carlos Almeida para 2020. Ou não participar do pleito, no 1º Turno, e partir com tudo para apoiar um dos participantes do 2º Turno. A força do governador dependerá muito da imagem dele na opinião pública. Que, por sua vez, está muito ligada à imagem do presidente Jair Bolsonaro. Os dois, afinal, se elegeram catapultados pela onda do “novo”.

 

Arthur Virgílio

O prefeito de Manaus, Arthur Virgílio Neto, virou uma esfinge. Especula com interlocutores, dando pistas para uns que indicam uma direção e depois, com outros, aponta no sentido contrário. Arthur, em 2020, terá vivido 28 anos após a experiência com José Dutra, em 1992. Dutra perdeu para Amazonino e Arthur o caminho do Governo do Amazonas, que tinha tudo para disputar com chances em 1994. Agora, o prefeito não quer errar, mas o horizonte tem ficado estreito. Mais ainda após o rompimento com o vice-prefeito Marcos Rotta, ano passado.

 

Arthur Virgílio (2)

Arthur está, neste momento, fazendo musculação com a própria popularidade. Tem prontos para investir no Plano Verão – entre verbas próprias, empréstimos e repasses – R$ 1,1 bilhão. Mergulhará no trabalho. Maior ou menor intensidade dependerá do quanto for “cutucado”. O prefeito é movido a adrenalina. No fundo, no fundo, Arthur espera ter popularidade alta, à espera de candidatos que se viabilizem.

 

Arthur Virgílio (3)

Neste momento, a candidata preferida do prefeito de Manaus chama-se Conceição Sampaio. A ex-deputada federal e atual secretária municipal da Mulher, Assistência Social e Cidadania não espere, porém, sombra ou água fresca. Terá que se viabilizar sem comprometer a máquina, antes de ter o ombro de Arthur nas ruas para pedir voto.

 

David Almeida

David Almeida, ex-presidente da Assembleia Legislativa, lidera as primeiras pesquisas pré-eleitorais para a Prefeitura. Vem montado num atributo raro entre os políticos: soube perder. Perdeu, ano passado, sorrindo, agradecendo, reunindo a família para “comemorar” com o eleitor. Não ficou emburrado e não mergulhou na oposição, que soa despeitada para perdedores. A vantagem que abrir, quando a “estrutura” – o dinheiro de campanha – falar, definirá o pleito para ele.

 

Marcos Rotta

O vice-prefeito de Manaus, Marcos Rotta, trabalha com a convicção de que tinha chances de chegar à Prefeitura, em 2016. Entende que a aliança com Arthur Virgílio, feita pelo senador Eduardo Braga, interrompeu essa trajetória. Analisou também as pesquisas de 2018 e viu que dividiria votos com Wilson Lima. Isso se devia ao recall do programa “Exija seus direitos”. É por isso que está de volta à TV e, breve, estará em partido que abrigue sua candidatura em 2020. Hoje desembarcaria no PP, da ex-deputado federal Rebecca Garcia. Mas como ela vem aparecendo bem nas pesquisas, esse caminho pode complicar.

 

Zé Ricardo Wendling

O deputado federal Zé Ricardo Wending vem sofrendo o “choque de Congresso”. Acostumado a ser estrela da imprensa local, na rala oposição da Assembleia Legislativa, agora é parte de um PT desestruturado. Sem visibilidade na imprensa nacional e jogado no limbo das comissões pela maioria bolsonarista, Zé Ricardo quase sumiu.

Zé Ricardo Wendling (2)

Para piorar, Marcelo Ramos virou presidente da principal comissão do Congresso, a da Reforma da Previdência. Pablo Oliva é presidente da Frente Parlamentar da Amazônia. Bosco Saraiva preside a poderosa Comissão de Economia. Capitão Alberto Neto circula como um azougue na Explanada dos Ministérios. Silas Câmara preside a Comissão de Minas e Energia. Átila Lins preside a de Desenvolvimento Regional e da Amazônia. Sidney Leite é titular em cinco comissões, inclusive as do Fundeb e do Orçamento Impositivo, e suplente em outras três. Restou um Zé Ricardo titular em quatro comissões periféricas. O cargo mais importante que ocupa é de suplente na Comissão de Educação. É pouco para quem precisa de visibilidade na disputa da Prefeitura de Manaus.

 

Marcelo, Alfredo, Rebecca e Hissa

Há vários outros nomes que também podem disputar em 2020. Mas todos dependem dos fados e fatos nos próximos meses. Marcelo Ramos, por exemplo, se viabilizar a Reforma da Previdência pode arranhar interesses do trabalhador. O fracasso do que chama de “atual Plano Real”, por outro lado, teria efeito ainda mais devastador. Adversário do 2º Turno na eleição de Arthur, Marcelo gastou o recall sendo vice de Eduardo Braga na eleição tampão de 2017. E, para ser candidato, terá que deixar o PR, onde Alfredo Nascimento, sem mandato e vaidoso, deve disputar. Rebecca Garcia bate em quem chamá-la para vice. Ela perdeu como vice de Eduardo Braga (2014) e depois como vice de Amazonino (2018). Só vai disputar agora se for na cabeça e só fará isso se tiver chances de vencer. Hissa Abrahão, derrotado para o Senado em 2018, com votação pífia, pode até concorrer a vereador. Vai depender da disputa interna do PDT-AM, onde o líder ainda é Amazonino Mendes.

 

Azarão

Empresário da construção civil, que se movimenta no meio político, seria candidato do presidente Jair Bolsonaro à Prefeitura de Manaus. Conta com a simpatia do meio militar, onde transita muito bem. A candidatura dele, porém, depende do mínimo de popularidade. O apoio presidencial seria decisivo, desde que ele reunisse chances mínimas. A fatia significativa do empresariado que o apoia espera mais ação em Manaus e menos em Brasília.

 

Interior

Os candidatos a prefeito, nos Municípios do interior, dependem dos recursos próprios. Os prefeitos atuais, candidatos à reeleição ou não, estão sem verbas estaduais ou federais. Isso dá alento a quem disputará como oposição. Pesará muito, para esses, o desempenho do presidente Bolsonaro e do governador Wilson Lima. Se eles não estiverem bem, “o novo” não terá nenhuma chance em 2020.

 

Corrida de fundo

Em toda corrida há os “coelhos”. São atletas contratados pela direção de prova para “puxar” o ritmo. Eles disparam na frente, lideram por alguns minutos e depois deixam a competição. O acordo é que deem o máximo, logo no começo, e não sigam em frente. No caso da disputa da Prefeitura, que é uma corrida de fundo, os “coelhos” são os mais atirados. Eles pagam pesquisas para aparecer e conquistar apoio financeiro. A corrida para valer, porém, só se dará meses antes da eleição. Até lá a luta é por viabilidade.

 

Preditor de votos: projetos

Há uma coisa que os marqueteiros e pesquisadores estudam com muita atenção. Chama-se “preditor de voto“. “O novo”, ano passado, ocupou esse papel. Agora, pelo que as primeiras pesquisas qualitativas indicam, quem tiver os melhores projetos terá mais chances. O eleitor está cansado do oba-oba e da demagogia. Quer candidatos que digam o que pretendem fazer e que mostrem como fazer. Está aí o caminho das pedras.

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1 comentário

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  1. J Cícero Costa disse:

    Três blocos (parágrafos) para Wilson e Arthur, e somente 1 (um) para David ?!

    Como diria Fernando Henrique Cardoso: “Assim não dá, assim não pode”.

    Brincadeiras à parte, creio que dos nomes até aqui aventados para a prefeitura de Manaus em 2020 – à exceção do Rotta -, todos os demais têm chances, sobretudo David Almeida que soube, como ninguém, aproveitar a interinidade à frente do executivo estadual, ampliando seu capital político-eleitoral de tal forma que, se as eleições fossem hoje, seria eleito governador do Estado, conforme indicam as primeiras pesquisas e sondagens.

    Até 2020, porém, muita água ainda vai rolar, e o cenário político pode mudar, pois “política é como nuvem, você olha e ela está de um jeito; olha de novo e ela já mudou” (Magalhães Pinto).