A crise na saúde entra numa fase mais aguda nesta sexta (01/02). Os médicos de 12 associações que prestam serviços ao Governo do Amazonas entram em greve. Eles restringirão o atendimento à “Classificação de Manchester” nas etiquetas vermelho e laranja, isto é, emergência e muito urgente. O anúncio da manifestação foi feito em comunicado distribuído à noite e o início ocorrerá às 7h.
O Governo havia prometido pagar, até 31/01, pelo menos um mês atrasado. A promessa não foi cumprida. Os grevistas exigem ainda pagamentos atrasados dos enfermeiros e técnicos, pessoal de manutenção e limpeza etc.
Pacientes que têm cirurgias marcadas, a maioria há meses, voltarão das portas dos hospitais. As chamadas “cirurgias eletivas” estão suspensas.
Os médicos, segundo a última nota, têm pendências salariais desde setembro do ano passado. O comunicado revela dívida deixada pelo Instituto de Medicina, Estudos e Desenvolvimento (Imed). Era responsável pela administração do hospital Delphina Aziz. O contrato com o Imed foi rompido e os médicos reclamam os salários pendentes também aí.
As entidades que abrigam os médicos receberam pagamento em dezembro. Mas esclarecem que se trata de valores referentes a julho e agosto de 2017, dependendo da instituição.
Calote
O ex-governador Amazonino Mendes alardeou que recebeu o sistema de saúde com três meses de atrasos salariais e pagou esses atrasos. Ele assumiu o governo de transição no dia 5/10/2017. Ocorre que, como fica claro no atual movimento dos médicos, o governo pagava o passado e não pagava o presente.
Em dezembro, derrotado e em vésperas de deixar o governo, Amazonino usou os médicos para pressionar a Assembleia Legislativa. Pedia autorização para remanejar recursos do Fundo de Fomento ao Turismo, Infraestrutura, Serviços e Interiorização do Desenvolvimento do Amazonas (FTI). Dizia que isso seria suficiente para pagar os médicos. E deixou pendentes os salários de setembro em diante.
Reunião
Nesta quinta (31/01), o governador Wilson Lima e o vice Carlos Almeida reuniram-se com o Ministério Público Estadual (MPE), na sede do governo. Os procuradores e promotores reclamaram que Almeida, também secretário estadual de Saúde, não compareceu às reuniões que marcaram. “Vamos transformar cada ausência num processo penal”, chegou a dizer a procuradora Silvana Nobre.
Wilson e Carlos abriram os canais de diálogo com a procuradora-geral do Amazonas, Leda Albuquerque. Garantiram o livre acesso de procuradores e promotores, envolvidos com o caso, aos dados da Susam. Eles também se queixavam de que os diretores de unidades não estavam informando sobre o estoque de medicamentos.
O MPE e o Ministério Público Federal (MPF) entraram com “ação de obrigação de fazer”, contra a Susam. Querem o reabastecimento imediato de remédios nas unidades estaduais.
A falta de medicamentos, equipamentos e instrumentos é outra queixa dos médicos.
Maus Caminhos
A crise no setor de saúde do Amazonas foi escancarada com a Operação Maus Caminhos. Polícia e Justiça federais e MPF revelaram desvio superior a R$ 300 milhões do setor. O médico Mouhamad Moustafa, via Instituto Novos Caminhos, foi condenado por comandar o esquema.
O ex-governador José Melo, a ex-primeira dama Edilene, o irmão de Melo Evandro e diversos ex-secretários foram presos. O ex-governador permanece em prisão domiciliar e usando tornozeleira eletrônica.
Veja a relação das especialidades que paralisarão as chamadas cirurgias eletivas, a partir desta sexta (01/02):
Cirurgiões (Icea)
Pediatras (Cooap e Imed)
Cardiologistas pediátricos (Cardiobaby)
Neonatais (Coopaneo)
Ortopedistas (Itoam)
Anestesistas (Coopanest)
Terapia intensiva (Coopati e Sati)
Clínicos (Cooperclim)
Vasculares (Univasc)
Nefrologiastas (CNA)
Ginecologia e obstetrícia (Igoam)
Nefrologistas (Uninefro).
CLIQUE AQUI PARA LER A ÍNTEGRA DO COMUNICADO DAS EMPRESAS MÉDICAS.
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