Anunciada ponte no rio Amazonas, hidrelétrica e rodovia por general: ‘Amazônia é tratada como latifúndio improdutivo’. Ouça

Anunciada ponte no rio Amazonas

Anunciada ponte no rio Amazonas, por general, em entrevista à Voz do Brasil. Será localizada a partir do porto de Óbidos (foto). Ele afirma que “a Amazônia é tratada como latifúndio improdutivo”

“A Amazônia contém 10 milhões de pessoas abaixo da linha de pobreza. Não é mais possível fechar os olhos a essa região e tratá-la como um latifúndio improdutivo”. A frase é do secretário Especial de Assuntos Estratégicos da Presidência da República, general Maynard Marques de Santa Rosa. Em entrevista à Voz do Brasil, ele anunciou três obras do programa Calha Norte na região.

A principal obra é um sonho antigo. Trata-se de ponte sobre o rio Amazonas, em frente a Óbidos (PA), o trecho mais estreito do rio. “A obra terá ponte elevada, com 1,5 quilômetro de vão. Ainda serão realizados estudos da Engenharia de Construção do Exército”, disse o general.

Outra obra anunciada é a Hidrelétrica do rio Trombetas, que deságua no rio Amazonas em frente a Santarém (PA). “Será reforçada a capacidade de carga na Bacia Amazônica. Precisamos resolver os apagões em Manaus e Boa Vista”, disse Santa Rosa.

A extensão da rodovia BR-163 (Santarém-Cuiabá), de Santarém até a fronteira com o Suriname é a terceira obra anunciada. “Será usada para escoamento de grãos da Região Centro-Oeste e integrando uma área até então desértica”, disse.

 

Decreto presidencial

As obras anunciadas pelo general Santa Rosa integram o Projeto Barão do Rio Branco. São parte do Programa Calha Norte, do Ministério da Defesa. Militares constroem escolas, creches e hospitais em áreas carentes da Amazônia, com base nessa estratégia.

O presidente Jair Bolsonaro vai editar um decreto que instituirá o projeto Barão do Rio Branco. O nome homenageia o grande diplomata, que conseguiu resolver as questões do Amapá, Japurá e Acre. O Barão do Rio Branco é também patrono da diplomacia brasileira.

“É preciso integrar a região ao aparato produtivo nacional, para desenvolver oportunidade de trabalho e riqueza para essa população. O trabalho envolve vários ministérios e passará por decreto presidencial, para iniciar”, explicou o general. “O Governo trabalha com a necessidade de integrar a Calha Norte”, disse.

Os militares, principalmente do Exército, defendem a integração como forma de defesa da Amazônia. Mas não conseguiam ser ouvidos pelos presidentes. Agora, sob a administração de Jair Bolsonaro, estão trazendo à tona os projetos que sempre preconizaram.

 

Polêmica

O general Maynard Marques de Santa Rosa ficou conhecido por uma polêmica recente. Em 2010, quando o presidente Lula criou a Comissão da Verdade, para apurar violações dos Direitos Humanos na ditadura. Ele disse que seria “uma calúnia de fanáticos… Adotaram terrorismo, sequestro de inocentes e assalto a bancos como meio de combate ao regime para alcançar o poder. Será uma fonte de desarmonia a revolver e ativar a cinza das paixões que a lei da anistia sepultou”, escreveu.

Nelson Jobim, então ministro da Defesa, exonerou Santa Rosa. Ele ocupava a chefia do Departamento Geral de Pessoal do Exército.

Em seu relatório final, apresentado em 2014, a comissão contabilizou 434 mortes e desaparecimentos de vítimas da ditadura militar no país. Entre essas pessoas, 210 ainda são consideradas desaparecidas.

Bolsonaro chamou o general para a Comissão de Transição. Como chefe da Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência, ele comandará o Programa de Parceria de Investimentos (PPI).

CLIQUE AQUI PARA OUVIR A ENTREVISTA DO GENERAL SANTA ROSA À VOZ DO BRASIL.

 

Veja, abaixo, a íntegra da nota do general Santa Rosa sobre a Comissão da Verdade, conforme publicado no site “O Antagonista”:

“A verdade é o apanágio do pensamento, o ideal da filosofia, a base fundamental da ciência. Absoluta, transcende opiniões e consensos, e não admite incertezas.

A busca do conhecimento verdadeiro é o objetivo do método científico. No memorável “Discurso sobre o Método”, René Descartes, pai do racionalismo francês, alertou sobre as ameaças à isenção dos julgamentos, ao afirmar que “a precipitação e a prevenção são os maiores inimigos da verdade”.

A opinião ideológica é antes de tudo dogmática, por vício de origem. Por isso, as mentes ideológicas tendem naturalmente ao fanatismo. Estudando o assunto, o filósofo Friedrich Nietszche concluiu que “as opiniões são mais perigosas para a verdade do que as mentiras”.

Confiar a fanáticos a busca da verdade é o mesmo que entregar o galinheiro aos cuidados da raposa. A História da inquisição espanhola espelha o perigo do poder concedido a fanáticos. Quando os sicários de Tomás de Torquemada viram-se livres para investigar a vida alheia, a sanha persecutória conseguiu flagelar trinta mil vítimas por ano no reino da Espanha.

A “Comissão da Verdade” de que trata o Decreto de 13 de janeiro de 2010, certamente, será composta dos mesmos fanáticos que, no passado recente, adotaram o terrorismo, o seqüestro de inocentes e o assalto a bancos, como meio de combate ao regime, para alcançar o poder.

Infensa à isenção necessária ao trato de assunto tão sensível, será uma fonte de desarmonia a revolver e ativar a cinza das paixões que a lei da anistia sepultou.

Portanto, essa excêntrica comissão, incapaz por origem de encontrar a verdade, será, no máximo, uma “Comissão da Calúnia”.”

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1 comentário

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  1. Aguinldo Caboclo disse:

    Realmente, o Brasil se quiser ser grande, secessita integrar essa grade porção de terra,conquistada à Coroa Espanhola pelos nossos desbravadores ao Brasil real.