Constrangimento no aeroporto

Na terça-feira passada presenciei uma situação constrangedora que me fez pensar o quanto estamos desguarnecidos e sem defensores. Ao adentrar na sala de embarque do aeroporto de Manaus com uma bagagem de mão um cidadão fez aquele procedimento de checagem pelo que acho ser um aparelho de raio X. Sem nenhum sinal de que deveria ser revistado, o passageiro foi encaminhado para que um homem vistoriasse sua bagagem, alegando um tal de sorteio.

Em seguida teve que ficar com os pés em cima de duas figuras fixadas ao chão, com as pernas entreabertas, de frente pro “vistoriador”, com as mãos levantadas como se fosse um bandido sendo revistado pela polícia nas ruas. Feito isso, teve que virar de costas, com as mãos pra cima de novo, com o cara revistando. Isso em plena era de novas tecnologias e scanners de alta definição.

O pior, todo mundo olhando como se ele fosse um suspeito. Depois disso teve que abrir a mala.  No fim, como tinha muita gente olhando, falei para os presentes que aquilo era um absurdo, um exagero, até porque eles são incapazes de brecar no Brasil o vai e vem de drogas, armas, munições e a prática de contrabando e descaminho que tanto mal fazem à nação brasileira.

Lembrei que eu também já fui alvo dessa prática nesse aeroporto, e nunca aconteceu comigo em nenhum outro aeroporto no Brasil ou em outros países por onde passei. Digo mais: cometem um exagero com cidadãos de bem, sem que algum “representante do povo” se insurja contra essas aberrações, e isso vai se fortalecendo ao longo do tempo, até chegar chegarmos ao ponto em que ao cidadão não será dado sequer o direito de reclamar.

Não sei de onde partiu a ordem para esse tipo de procedimento. Seja da Anac, Infraero ou algo assemelhado, fica aqui o meu repúdio e a certeza de que isso não nos agrada. Em vez de estarem apalpando passageiros, esses órgãos “controladores” deveriam realmente trabalhar em prol dos usuários evitando atrasos e abusos das companhias, melhorar as acomodações nos aeroportos, pois isso causa desconforto e cansaço, deveriam promover uma nova redistribuição das rotas no Brasil, para evitar que tudo praticamente passasse por São Paulo e Brasília, melhorar os horários dos voos, pois muitos são desumanos, principalmente aqueles destinados à Região Norte.

Os governantes e esses órgãos deveriam se preocupar com o alto custo das tarifas dentro do Brasil, e principalmente dentro do Amazonas. Deveriam evitar que somente as empresas ditem as normas nesse país, como é o exemplo da cobrança das bagagens – a pretexto de reduzir as tarifas, coisa que nunca aconteceu –  e mais recentemente a cobrança pra se marcar os assentos. Percebemos que as empresas têm muita força, e que cabe ao cidadão somente a obrigação de arcar com elevados custos das passagens.

Em vez de ficarem bancando a agente secreto, esses vistoriadores deveriam solucionar as muitas reclamações acerca do alto custo da alimentação dos restaurantes e lanchonetes dos aeroportos, a qualidade e limpeza dos banheiros, que mais parecem ambientes de rodoviária. Isso sem falar na péssima qualidade da Internet, dos carrinhos e das instalações, bem como os caros estacionamentos, além da demora na devolução das bagagens e da destruição de malas.

Augusto Bernardo Cecílio

Augusto Bernardo Cecílio

* Auditor fiscal da Sefaz, coordena o Programa de Educação Fiscal no Amazonas.

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2 comentários

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  1. Leila disse:

    Eu também passei por essa tal verificação aleatória,muito constrangedor ,eu professora saindo de férias e me vejo passar por isso.Fiquei aguardando pra ver qtos iam ser sorteados mas não vi..

  2. Janaína disse:

    Passei por essa situação, já duas vezes. Dizem ser uma escolha aleatória, eu não acredito. É bastante desagradável, me senti constrangida sim, porém para não me prejudicar com relação ao horário do meu vôo, eu me submeti a esta revista, tirei meus tênis, fiquei na posição de pé sobre um local demarcado no piso, verificaram até meus cabelos… enfim, algo bem desagradável, já que eu havia passado pelo detector e não houve nenhum problema.