Os animais e a crueldade humana

De Augusto Bernardo Cecílio

Rotineiramente somos agredidos com notícias de envenenamento proposital de animais de estimação, atropelamentos evitáveis, abandonos de animais por pessoas que saem de férias, além dos que “trabalharam” a vida toda dando amor e carinho para a família inteira e que agora estão velhos e são descartados porque já não servem mais. Péssimos ensinamentos que os adultos passam para as crianças, que formarão o futuro do país.

No mundo, os animais são utilizados para a alimentação, entretenimento, rituais religiosos, tráfico, tração em trabalhos pesados, caças esportivas e para utilização de pele, mas é no entretenimento que a crueldade fica mais visível ao público, quando o homem explora a beleza e os aspectos curiosos dos animais, confinando-os em zoológicos para o deleite das pessoas.

Se observarmos bem, os animais dos zôos são tristes e deprimidos. As crianças – bem mais sensíveis – em geral sentem pena dos animais. Afastados dos seus ambientes naturais, os bichos não entendem por que estão presos, e o mesmo raciocínio serve para os criadores de pássaros em gaiolas e viveiros, que não conseguem perceber ser impossível aprisionar a beleza, a arte, o canto.

No circo os animais trabalham por medo, obedecendo ao domador. O que acontece com os animais nos bastidores supera qualquer má expectativa. Seu treinamento inclui dor, humilhação, fome e sede.

O golfinho em cativeiro é outra situação grave. O oceano é seu playground onde nada até 40 milhas por dia atrás de peixes e brincando com seus amigos, e se vê violentamente arrancado de sua casa e vendido a um parque marinho onde tem que saltar através de arcos e interagir com o público pagante para receber comida. Entre os shows é forçado a esperar num pequeno tanque.

As touradas são rituais macabros. Dias antes do espetáculo, são colocados pesos sobre as costas do touro, que lhe causam muitas dores. Um dia antes o animal é posto num recinto escuro, sem água ou alimento. Dão-lhe laxantes, provocando diarreias que o desidratam. As pontas dos chifres são cerradas, tornando-se sensíveis e dolorosas a qualquer toque. Seus olhos são besuntados com vaselina, o que dificulta a visão. Quando a porteira se abre e ele entra na arena cheia de claridade, está fraco, debilitado, dolorido e sem enxergar direito. Quando o touro já não mais se aguenta de pé, chega o “heroico” matador para o golpe final. Depois corta-lhe as orelhas e a língua e as exibe, triunfante, para uma plateia ensandecida.

No Brasil, apesar dos esforços das entidades protetoras nacionais e internacionais, a “farra” do boi continua sendo praticada em Santa Catarina, e na época da Páscoa. A farra começa quando o boi é solto e perseguido pelas ruas por pessoas enlouquecidas e em sua maioria embriagados, munidos de paus, facas, lanças de bambu, chicotes, pedras, espetos, e atinge o auge quando o animal exausto tomba.

Os rodeios estão se alastrando pelo e recebem patrocínios de empresas nacionais e internacionais. As rinhas de galos e de cachorros fazem com que os animais protagonizem um espetáculo sangrento. Eles são treinados para matar, para brigar até a morte.

Por tudo isso, ao tomar conhecimento, denuncie nos distritos policias que são competentes para receber a notícia-crime, sendo indicado procurar o mais próximo do local em que o crime ocorreu, pois maltratar animal é crime.

Augusto Bernardo Cecílio

Augusto Bernardo Cecílio

* Auditor fiscal da Sefaz, coordena o Programa de Educação Fiscal no Amazonas.

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