Fora da prisão há 62 dias, Mano Kaio, do Comando Vermelho, pode ter iniciado execuções prometidas ao ser preso

Três homens foram mortos ontem na rua Dona Mimi, no Morro da Liberdade. Execução pode ter sido do bonde do Mano Kaio. Foto: Divulgação

Jeferson Emiliano de Moura Campos, 18, João Victor dos Anjos Montes, 21, e Lincoln Benício da Silva, 22, são os três homens que foram mortos na noite desta quinta-feira (12), na rua Dona Mimi, no Morro da Liberdade, zona Sul.

Jeferson, que estava saindo da escola estadual Antônio Lucena, foi perseguido por João e Lincoln, que estavam num Palio branco, e atiraram contra o jovem. Ele foi morto com cinco tiros, a maioria na cabeça, em frente a uma lanchonete na via.

Soldados

Durante a fuga da dupla, que seria de “soldados” do tráfico de droga, ligados ao traficante Kaio Wellington Cardoso dos Santos, o Mano Kaio, hoje do Comando Vermelho (CV), ocorreu perseguição policial e troca de tiros. Um foi morto dentro do carro e o outro conseguiu sair do veículo, mas no tiroteio morreu na via pública.

Lincoln respondia a quatro processos no Tribunal de Justiça do Amazonas (TJAM), sendo dois por tráfico de drogas, e foi apontado pela polícia como pistoleiro.

Mano Kaio

Há 62 dias foragido do Centro de Detenção Provisória Masculino (CDPM), de onde fugiram 35 detentos em 12 de maio, Mano Kaio foi pego no Rio de Janeiro em agosto do ano passado, em ação integrada com a polícia carioca e a Delegacia Especializada em Homicídios e Sequestros (DEHS).

Novo bonde

Quando foi preso no Rio, Mano Kaio estaria montando um novo bonde para se vingar de quando foi expulso da área do Quarenta. Apontado como suspeito de esquartejar o Frankinho da 40, outro traficante famoso do Estado, ele foi retirado da área a mando do narcotraficante João Pinto Carioca, o João Branco, da FDN.

Contra Kaio pesa a acusação de pelo menos 60 assassinatos. Em Manaus, o foragido de alta periculosidade contou que estava com planos para executar traficantes que o traíram, numa verdadeira chacina.

Fontes da polícia confirmam que Mano Kaio está buscando retomar áreas de tráfico e de controle para o Comando Vermelho.

Prisão de Mano Kaio foi feita em agosto do ano passado, na Região dos Lagos, no Rio de Janeiro

Em 12 de maio, o traficante conseguiu fugir do CDPM. Maioria dos fugitivos era de assaltantes e homicidas, além de ligados ao CV

Traficante mais procurado da Região Norte, ex-líder da facção criminosa Família do Norte e com uma fama de sanguinário, Kaio Wellington contou que estava armando um ataque na região do Igarapé do 40.

A ordem judicial em nome de Kaio foi expedida no dia 16 de abril deste ano, pelo juiz Mauro Moraes Antony, do Plantão Criminal da Comarca de Manaus. “Mano Kaio” estava foragido do sistema prisional do Amazonas desde 2014, já havia sido preso em Fortaleza (CE) e estava foragido no Rio desde abril.

Segundo a polícia, Mano Kaio é apontado como o responsável pelo início de uma guerra entre facções no Amazonas, que resultou nas mortes de, aproximadamente, 60 pessoas no primeiro semestre deste ano e, também, pelo esquartejamento de um dos principais traficantes de drogas do Amazonas, Frank Oliveira da Silva, o “Frankzinho do 40”, ocorrido em 2013.

Início aos 17 anos

Kaio começou a praticar pequenos furtos dentro de casa para sustentar o vício das drogas. Ainda com 17 anos foi apreendido por policiais civil da Delegacia Especializada em Roubos e Furtos (DERF) fazendo parte de uma quadrilha de assaltantes liderada pela namorada.

Dias antes de completar 18 anos, Kaio tentou assassinar outro adolescente, que foi pego como refém durante uma reunião no Centro Socioeducativo Dagmar Feitosa. Já maior de idade, o rapaz cometeu seu primeiro crime: roubo de um veículo no Centro.

Em 2012, Kaio decidiu abandonar a vida de assaltante e entrar para o mundo do tráfico Já em 2015, Mano Kaio foi preso no dia 1º de dezembro em Fortaleza por agentes da Secretaria de Segurança.

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2 comentários

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  1. Vinicius disse:

    Deixa o homi trabalhar, já matou 60.

  2. Roberto disse:

    Absurdo vcs jornalistas divulgarem co detalhes e enaltecendo a açao de traficantes. Isso potencializa o tráfico valorizando sias açoes criminosas.

    RESPOSTA
    Isso é uma tendência natural, normal. Corriqueira. O jornalista está para o fato como o mordomo para o crime: é sempre o culpado. Se não houver o relato dos fatos, como chegar a eles. A violência, a insegurança, não são obrigações privativas do Estado, mas o cotidiano mostra que têm implicação direta com o cidadão. Por que os fatos e seus meandros têm que ser monopólio do Estado? Por que só a polícia tem que conhecer essas atrocidades praticadas por esses criminosos? O conhecimento dói, mas é a partir dele que se constrói a resistência.