Alienação compulsória da Unimed determinada oficialmente e publicada no Diário Oficial da União

Unimed tenta jogar cortina de fumaça sobre venda

Unimed tenta jogar cortina de fumaça sobre venda ou passagem da administração para Central Nacional Unimed (CNU)

A Unimed Manaus está suspensa de comercializar planos ou produtos, e teve a alienação compulsória da sua carteira de clientes publicada no Diário Oficial da União nesta terça-feira (26), conforme a Resolução Operacional 2.310, da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS).

A Unimed faliu, recebeu prazo da Agência Nacional, apresentou plano de recuperação, que, sexta (22/06), foi recusado. Agora tenta convencer a ANS de uma saída salomônica, que permitiria à empresa voltar ao comando do plano em sete anos.

Anormalidades

Segundo a resolução, em reunião do dia 25, “considerando as anormalidades econômico-financeiras e administrativas graves que colocam em risco a continuidade do atendimento à saúde”, fica determinado que a operadora Unimed de Manaus Cooperativa do Trabalho Médico Ltda., registro ANS nº 31.196-1, inscrita no CNPJ sob o nº 04.612.990/0001-70, “promova a alienação da sua carteira de beneficiários no prazo máximo de 30 (trinta) dias contados da data do recebimento da intimação a que se refere o art. 10 da Resolução Normativa – RN nº 112/2005”.

Veja a Resolução aqui: RO 2.310 sobre a Unimed Manaus.

Entenda o caso

O Portal do Marcos Santos publicou a informação de que, após 30 dias da comunicação da alienação compulsória, a Unimed “pode” ir a leilão. Não afirmou, em momento algum, que o plano “vai” a leilão. A nota oficial enviada ao portal nega a alienação, polidamente. Outra, interna, dirigida aos cooperados, espalhada nas redes sociais, nega o leilão de maneira grosseira.

Clique aqui e veja este documento da ANS. Foi enviado dia 22 de dezembro de 2017. Tem nota técnica, anexa, atestando a situação gravíssima da Unimed Manaus. Se você quer conhecer, oficialmente, como foi administrado o dinheiro da cooperativa, leia o documento até o fim.

Esse documento tem um código, no rodapé, para verificação da autenticidade. Basta você levar esse código ao portal da ANS, agência responsável pela fiscalização dos planos de saúde, para checar a veracidade.

Prazo de 15 dias

A partir desse documento, a diretoria provisória da Unimed foi à ANS, no Rio de Janeiro. Pediu mais prazo para apresentar um plano alternativo de recuperação. A principal alegação era de que a diretoria, presidida por Corina Viana Batista, havia sido destituída. A agência trata de esclarecer que “regimes fiscais” não são dirigidos a pessoas, mas a entidades.

Corina disse, numa Assembleia Geral, em novembro 2017, que a ANS havia determinado a alienação compulsória da carteira. E deu prazo para que a Unimed Manaus demonstrasse capacidade de cumprir o programa de saneamento. Como os cooperados não se convenceram da alienação da carteira, usaram isso para destituir a diretoria anterior.

A nova diretoria, que hoje tem o médico Sérgio Ferreira como presidente, foi eleita e tomou posse em janeiro/ 2018. Ela apresentou o plano alternativo de recuperação da Unimed Manaus.

Sexta (22/06), a ANS disse que o plano alternativo foi recusado. É evidência de que a alienação compulsória está próxima. O portal afirmou que, quando ela vier, a venda terá que ser feita em 30 dias. Se essa venda não acontecer, a Unimed será oferecida ao mercado em “oferta pública”, ou seja, leilão.

Reunião no MPE

Nesta segunda (25/06), numa reunião na 81ª Promotoria de Defesa do Consumidor, a diretoria da Unimed apresentou as duas saídas possíveis. A primeira é o aporte de recursos dos médicos cooperados. Eles teriam que tapar o rombo das dívidas com dinheiro do próprio bolso. Essa hipótese foi rejeitada por um cooperado, presente à reunião. “É a opinião pessoal dele. Mas não podemos tomar decisão com base nisso, antes de ouvir a Assembleia Geral (AGE)”, disse Sérgio.

A promotora Sheyla Andrade, que presidiu a reunião, é a representante do Ministério Público Estadual (MPE) na Unimed.

Nota Oficial

A Unimed enviou ao portal a Nota Oficial abaixo. Nela nega a alienação compulsória da carteira de clientes. E começa a justificar o negócio que vai propor quinta (28/06), em reunião na ANS, no Rio de Janeiro.

A ideia da diretoria da Unimed Manaus é usar o estatuto das Unimeds, que prevê socorro às associadas. A CNU ofereceria garantias à ANS e assumiria o comando da associada manauara. Em sete anos, as duas partes voltariam a conversar e o comando poderia ser devolvido aos cooperados amazonenses. “Se a Unimed for vendida, o que nós estamos lutando para evitar, não voltará ao comando do plano. Por isso estamos tentando esse acordo com a CNU”, disse Sérgio Ferreira ao portal.

O portal esclarece, com Cláudio Abramo:

Notícia tem a ética do marceneiro. Assim, como cadeiras e mesas, precisa permanecer de pé. A parceria Unimed Manaus-CNU, negada em Notas Oficiais, está confirmada. Agora aguardemos os acontecimentos.

 

Veja, abaixo a íntegra da Nota de Esclarecimento enviada pela Unimed ao portal:

 

Nota de Esclarecimento

Em face da matéria publicada no Portal do Marcos Santos, nesta segunda-feira (25/06), sob o título “Exclusivo – Unimed Manaus tem 30 dias para ser vendida ou pode ir a leilão, por determinação da ANS”, a diretoria da Unimed Manaus esclarece:

  1. A Unimed Manaus não teve sua alienação compulsória decretada pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), o que pode ser constatado na própria agência;
  2. A reunião entre a diretoria da cooperativa com o Ministério Público Estadual teve por objetivo apresentar os resultados de auditoria realizada pela BKR, empresa especializada, contratada para traçar um diagnóstico da real situação econômica e financeira da Unimed Manaus. Também a direção da Cooperativa reportou as ações que foram adotadas pela nova diretoria, de janeiro até maio, e o seu planejamento para os próximos meses de gestão. Em nenhum momento foi tratado sobre venda, leilão ou alienação da carteira de clientes da Unimed Manaus;
  3. Por fim, o sistema Unimed, representado pela Central Nacional Unimed (CNU) e a Unimed Brasil, trabalham em conjunto com a Unimed Manaus para o desenvolvimento de uma solução sustentável para a cooperativa local. No mês de Maio, os cooperados da Unimed Manaus aprovaram a realização de um estudo junto a CNU para uma possível parceria. A CNU é uma sólida operadora do Sistema Nacional Unimed que conta com aproximadamente 1,5 milhão de beneficiários, faturamento mensal na ordem de 366 milhões de reais, patrimônio líquido de R$ 664 milhões de reais e reservas junto a ANS em mais de 832 milhões de reais, se consolidando como a sexta maior operadora de planos de saúde do país. Empresas como Ambev, Serasa, C&A, Grupo Simões, Oi e Itaú são clientes da CNU em Manaus e atendidos na rede da Unimed Manaus, além de contar com uma rede complementar credenciada diretamente pela operadora. A parceria com a CNU tem o objetivo de sanear a Unimed Manaus e permitir a melhoria e ampliação dos serviços de assistência médica hospitalar a todos os clientes da Unimed Manaus.

A atual Diretoria da Unimed Manaus está comprometida com a recuperação da cooperativa e a melhoria contínua do atendimento de seus beneficiários.

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