Após ameaça a delegado e a PMs em “salve” do Comando, polícia diz que mensagens não intimidam ninguém

Delegado e tenente dizem que não estão intimidados com 'salve'

Delegado Guilherme Torres e tenente da PM Tales Renan afirmam que o ‘salve’, as mensagens atribuídas à facção criminosa, não intimida trabalho na segurança pública. Foto: Divulgação

Um dia após serem ameaçados por meio de um “salve” atribuído à facção criminosa Comando Vermelho (CV), que circulou nas redes sociais nesta quarta-feira (13), o delegado de Polícia Civil do Amazonas Guilherme Torres e o tenente Tales Renan, da 23ª Companhia Interativa Comunitária (Cicom), citados diretamente na mensagem, falam com exclusividade ao Portal do Marcos Santos.

Ambos se mostram tranquilos diante da ameaça, mas reconhecem que os riscos na profissão são eminentes. Guilherme disse confiar na instituição a qual pertence, a Polícia Civil, que é uma família. Ele adiantou que o Departamento de Repressão ao Crime Organizado (DRCO), a Polícia Militar e a Secretaria de Segurança Pública (SSP) já estão apurando a autoria do “salve”.

De risco

Guilherme afirma que a profissão é de risco e sabe que ameaças assim são inerentes ao trabalho que desenvolve.  Porém, tem tomado medidas necessárias como de costume para se resguardar.

“Desde que virei policial não frequento determinados locais, por questões de segurança. Ando armado 24 horas por dia e sempre atento, adotando as cautelas básicas que todo policial adota. Além do mais, como disse, somos uma família. Mas a maior proteção vem de Deus”, disse o delegado.

Na última segunda-feira (11), conforme decisão do delegado-geral da PC, Mariolino Brito, Torres deixou a titularidade do Departamento de Repressão ao Crime Organizado (DRCO), onde estava desde 2017.

Lotação

Guilherme descartou a existência de que essas ameaças já existiam quando era diretor do departamento, assim como possa ter sido motivo do seu afastamento. “Na verdade eu apenas deixei a diretoria do DRCO, porém continuo delegado em qualquer lugar que eu for lotado. A qualquer momento o Delegado Geral decide a lotação.”

O ex-titular da Delegacia de Homicídios (DEHS), Juan Valério, que estava como adjunto do Departamento, assumiu a diretoria do DRCO. Torres ainda não teve a nova lotação definida pela Polícia Civil.

Conforme o tenente Tales Renan, polícias da 23ª Cicom receberam a notícia do “salve” com surpresa, uma vez que aparentemente, após varias prisões e apreensões, tudo parecia tranquilo.

Medidas extras

Desde ontem novas medidas de segurança tem sido tomadas em relação a incursões da Polícia Militar no Bairro da União.

“Estamos trabalhando com efetivo maior em nossas fiscalizações no bairro, além de estratégias utilizadas em zonas “hotspot” (zona quente ou zona de perigo). Tudo isso é para preservar a segurança de nossos policiais e dos moradores da área”, falou o tenente Renan.

Ele disse ainda que a Polícia Militar não irá de intimidar com as ameaças, e que a efetividade do patrulhamento no bairro seguirá normalmente.

“Seguimos a premissa de que, quem tem boca fala o que quer, e em tempos de redes sociais essas notícias se proliferam muito rápido. Independe da veracidade dos fatos, a segurança pública não vai se acovardar. Nosso serviços serão realizados com mais êxitos para levar tranquilidade e segurança à população de Manaus, que é nosso principal objetivo”, destacou Renan.

O tenente disse ainda que entendeu o recado como sendo direcionado diretamente a ele e o delegado Guilherme Torres. Ele também tem tomado medidas de segurança pessoal e esta preparado para qualquer eventualidade.

O “salve”

A mensagem chama o delegado de “verme”, por ter prendido os “manos do B.U.” (Bairro da União), além de ter “embassado” a área do Buritizal. “Onde encontrar vai ser sal e sal tbm nos verme da Cicon 23). O texto manda um abraço especial para o “mano Peruano”.

“Peruano”, de cabeça erguida, é apontado pela polícia como o líder do grupo no Bairro da União. Organização tem como chefe maior o Mano G, ex FDN. Foto: David Batista/ PMS

Peruano preso

Marco Aurélio de Moraes Pinheiro Júnior, o “Júnior Peruano”, foi preso durante a Operação “Tribunal do Crime”, realizada no dia 25 de maio, deflagrada nos bairros da União e Parque Dez, por equipes do Departamento de Repressão ao Crime Organizado (DRCO), Delegacia Especializada de Ordem Política e Social (Deops), Secretarias Executiva-Adjunta de Operações (Seaop) e Secretaria-Executiva-Adjunta de Inteligência (Seai), da Secretaria de Segurança Pública (SSP), e 23ª Companhia Interativa Comunitária (Cicom).

Organização

Na época, o então diretor do DRCO, Guilherme Torres, apresentou o organograma final da organização criminosa que atua na região, que tem como líder o narcotraficante Gelson Carnaúba, o Mano G, hoje do CV. Carnaúba está detido no presídio federal de Catanduvas. No organograma estão citados os líderes, mandantes de homicídio, soldados e executores diretos.

Reportagem: David Batista

Veja também
Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *