Conheça as cunhãs-porangas de Caprichoso e Garantido. Quem é melhor, Marciele ou Isabelle? Veja fotos e vídeos

 

CHRIS REIS E

ROSIANNE COUTO

ESPECIAL PARA O PORTAL DO MARCOS SANTOS

Marciele ou Isabelle? Cunhã-Poranga do Caprichoso ou do Garantido, qual a melhor? A resposta é considerada fundamental para os bumbás que concorrem no 53º Festival Folclórico de Parintins. Dias 29 e 30/06 e 01/07, elas estarão no auge da malhação, afinadas na coreografia e dando sangue no Bumbódromo.

“Mulher bonita”, na tradução do tupi-guarani, o item 9 no julgamento do Festival de Parintins significa mais para os bumbás. Guerreira, sacerdotisa, guardiã, carismática, simpática. Quem o defende precisa ter todas essas facetas. E ainda concorrer a uma espécie de “Miss Simpatia”. Porque os torcedores não perdoam mau humor.

Marciele Albuquerque, 24, tem ancestrais na tribo Munduruku e estreou vencendo, em 2017. É unanimidade, entre torcedores e diretoria do Caprichoso, que ela “cresce” quando dança na arena.

Isabelle Nogueira, 24, estreia em 2018, após três anos defendendo o item 8, Rainha do Folclore. Logo no primeiro ano, ela encenou um parto em plena arena.

 

‘Sei o ponto fraco dela’

Desde outubro de 2016, quando se tornou Cunhã, Marciele vem aprimorando a apresentação. Ela conversa com os membros do Conselho de Artes e faz preparação física e ensaio de coreografias. Tem personal trainer e coreógrafo sempre por perto, nas idas e vindas para shows, principalmente em Manaus e Parintins.

“Vai ser uma disputa muito boa. Sei do ponto fraco dela, mas vou ciente de que tenho que dar o meu melhor lá. Sei que eu vou conseguir isso. Tenho plena consciência de que, se me esforçar, vou conseguir ser novamente campeã”, diz Marciele.

Dona de um olhar compenetrado, passos fortes e bem marcados, Marciele tem o estereótipo da índia amazônica. Isso ela complementa bem nas expressões faciais e na dança. Para ela, conhecer a temática do boi e o enredo a ser discorrido em cada noite, além do preparo físico, é a chave do sucesso nas apresentações.

“A gente precisa saber de onde e como vai surgir. Qual o momento, qual a toada que vai anteceder a evolução e o que vai ser representado? Esse ano acho que está muito claro que uma das noites vai ser Mãe Terra. Inclusive já apareci no DVD”, revela a cunhã.

Ter o conhecimento do significado das palavras entoadas nas canções também é fundamental para apresentação primorosa. “Eu também estudo o personagem para vir, ao máximo, e convencer os jurados de que realmente sou aquilo”, completa.

 

‘Vai ser único e inesquecível’

Isabelle é conhecida por inovar em suas apresentações. Em 2015, ano da estreia, fez um parto cênico e depois declamou texto teatral em plena arena. O item de nº 9 do bumbá encarnado já vai avisando que a galera pode esperar muitas surpresas este ano. “Estou muito empolgada, feliz e ansiosa para dar vida a esse projeto que o Garantido designou para eu realizar no Bumbódromo. Acredito que será memorável, único e inesquecível”, avalia, mostrando segurança.

Para ser campeã, Isabelle diz que experiência conta, mas, cita o conjunto como essencial para formar um item vitorioso. É uma dica de esmero em indumentária, aparições, contexto, embasamento, dança, alegria e harmonia.

“São muitos fatores que formam um item campeão. Temos uma responsabilidade enorme. Ao entrar na arena levamos conosco o trabalho do artista de alegoria e de indumentária, do coreógrafo. Além do contexto cênico que vamos realizar”, avalia.

Segundo a índia de pele vermelha, por mais que o festival seja uma festa grandiosa, profissional e extremamente técnica, o ingrediente que difere é o que vem de dentro, do coração.

“Por mais que tenhamos técnica, o que importa mesmo é a paixão que mostramos na arena. É o amor por essa festa e pelo boi Garantido, que vem da alma, que nos faz ir à frente, que nos faz superar”.

 

Come de tudo e compensa na malhação, mas não gosta

Cunhã-poranga vive sob as luzes da ribalta, mas não pode se descuidar. Há diferenças entre as musas de Caprichoso e Garantido.

Marciele não faz dieta e nem se priva de guloseimas. Ela intensifica a preparação para o item na academia. Faz exercícios aeróbicos e/ou musculação pela manhã e de resistência à noite, pelo menos três vezes na semana.

“Eu gosto de comer à vontade e não gosto de malhar, mas tenho noção de que preciso. Procuro encaixar os horários da academia com a minha agenda. Faço procedimentos estéticos, mas foco muito mais lá, que é onde também ganho resistência. E isso é até mais importante que a estética. A gente não pode demonstrar cansaço e nem perder a postura durante as evoluções”, afirma a cunhã.

A guerreira munduruku integrou o Corpo de Dança Caprichoso (CDC) há sete anos. Sempre sonhou em brincar de boi. Chegou a ser criticada pela torcida azulada por não ser de origem parintinense – nasceu em Juruti (PA). Hoje é aclamada por torcedores que veem nela a renovação e revolução do item 9 do Festival.

“Desde que fui eleita dizia que ia dar meu melhor e conquistar a nação azulada. Agradeço muito a quem confiou e afirmo que seguirei me dedicando para fazer o melhor na arena. Mais até do que beleza, gosto de representar a mulher guerreira”, concluiu a cunhã campeã.

 

Power flex, cross fit, pilates, dança e dieta paleolítica

Isabelle Nogueira tem 1,65 metro de altura e pesa 60kg. Trabalha com vários profissionais e, claro, com os setores artísticos do projeto de arena do “Boi do Povão”.

A cunhã do Garantido cumpre rotina espartana para extrair o melhor de si nas três noites de Festival. Ela conta no staff do coreógrafo, Alessandro Carneiro, ao acupunturista Luiz Ribas e à professora de power flex Gabriella Almeida.

Isabelle explica que aposta em um conjunto de atividades físicas para estar 100% nas três noites de embate. Faz musculação, pilates, power flex, cross fit e dança. Tudo para completar a preparação.

A cunhã faz questão de ressaltar que o volume de exercícios faz parte de sua rotina e que está acostumada a “pegar pesado”.

Em relação a dietas, Isabelle diz não seguir à risca nenhuma, mas, adota uma reeducação alimentar. É isso que lhe permite manter as medidas e, segunda ela, qualidade de vida. “Dieta é para quem segue assiduamente ou não. Já a reeducação é um hábito para a vida toda”, destaca. “Adotei a alimentação paleolítica. Ela nos permite comer tudo que vem da terra (com limitação calórica) e não alimentos industrializados”, esclarece.

No campo psicológico, o apoio da família para um bom desempenho é essencial. Ela destaca a ajuda da mãe, em especial do noivo e também dos torcedores que mandam mensagens carregadas de otimismo. “Tudo isso é maravilhoso. Somado claro, à minha fé em Deus, me sinto fortalecida”, observa.

“É minha fé que sempre está presente e que me dá força e calmaria”, completa Isabelle. Ela ostenta uma tatuagem com a palavra “Jesus” no punho.

 

Veja os vídeos das duas guerreiras em ação

https://www.youtube.com/watch?v=vTWlWSUNRkk