Gamelão é destaque na estreia mundial da ópera ‘Kawah Ijen’

Os ingressos estão disponíveis na bilheteria do Teatro Amazonas e no site www.aloingressos.com.br, com valores que vão de R$ 5 a R$ 60. Foto: Divulgação

O instrumento gamelão será um dos destaques da estreia mundial do 21º Festival Amazonas de Ópera (FAO), a ópera “Kawah Ijen – Vulcão Azul”, que acontecerá na noite deste domingo (27), no Teatro Amazonas. Doado pelo governo da Indonésia, por intermédio do embaixador Toto Riyanto, o instrumento, único na América Latina, será tocado por oito percussionistas portugueses que realizam o projeto “Gamelão de Java”, em Lisboa.

O FAO 2018 é uma realização do Governo do Amazonas, por meio da Secretaria de Estado de Cultura (SEC), com patrocínio do Bradesco Prime – que celebra 10 anos de parceria com o festival –, incentivo do Ministério da Cultura (Minc) por meio da Lei Rouanet; além do apoio da Agência Amazonense de Desenvolvimento Cultural (AADC) e da Aliança Francesa.

Instrumento musical coletivo típico das ilhas de Java e de Bali, o gamelão é composto por xilofones, tambores, gongos, instrumentos de cordas e metalofones. A timpanista Elizabeth Davis, que coordena o projeto em Lisboa há mais de 10 anos e desde 1993 é chefe de percussão da Orquestra Sinfônica Portuguesa do Teatro Nacional de São Carlos, vai tocar o instrumento com seu grupo, intitulado “Yogistragong”.

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”Tudo começou há dez anos, quando eu e o meu marido, Fernando Barata, fomos convidados pela Indonésia para aprender o gamelão de Java e para que pudéssemos introduzir a cultura indonésia em Portugal – os dois países já entraram em conflito no passado, e isto era uma forma de amenizar as relações”, diz. “O gamelão é um instrumento mágico e, além de integrar concertos, também transmite sons relaxantes e harmoniosos, que são usados em atividades com pessoas autistas, crianças hiperativas, também ajuda no foco, melhorando a aprendizagem”, destaca.

Ainda segundo a timpanista, o gamelão, encomendado para Manaus e afinado especificamente para integrar a Orquestra Amazonas Filarmônica é um dos melhores do mundo. “O instrumento doado para Manaus é um Gamelão Real, que é banhado em prata e bronze, com sons lindos. Cada instrumento tem duas escalas, de cinco e sete notas, mas cada instrumento é único e soa diferente, no intervalo das notas ou na sonoridade de cada gongo e tambor. O de Manaus tem um dos sons mais lindos e harmonizantes que eu já ouvi”, aponta Elizabeth Davis.

Mitologia indonésia – O instrumento é essencial para representar a mitologia indonésia na ópera que tem composição e libreto pelo compositor carioca João Guilherme Ripper, que também já contribuiu para o FAO com a ópera “Onheama”, em 2016. A obra chegou a ser apresentada em Portugal, em 2016, e foi nesta ocasião que Elizabeth e Fernando se aproximaram do compositor para apresentar um conto que falava sobre a deusa de um vulcão que expele lava azul, e da trajetória de ganância de um dono de mineração de enxofre, que precisa alimentar a deusa para acumular riqueza.

“A história traz elementos da cultura e mitologia indonésia. A mineração de enxofre é uma das principais fontes de renda das famílias que moram próximas ao vulcão e, até hoje, é feita de forma perigosa e sem proteção, ocasionando a morte de muitos. E quando o vulcão entra em atividade, os habitantes das ilhas se preparam para tocar o gamelão e acalmar os deuses do vulcão. Ter o instrumento na ópera é um simbolismo muito importante”, explica Elizabeth.

O casal diz que trazer o gamelão a Manaus e conseguir a realizar a ópera no Amazonas foi um milagre. “Desde o começo do projeto até o encontro com o Ripper tudo se encaixou para que pudéssemos apresentar essa ópera, a primeira completa com um gamelão. É maravilhoso que possamos apresentar a cultura indonésia juntamente com o som do gamelão, é uma conquista”, define Fernando Barata, que escreveu o conto no qual se baseou “Kawah Ijen”.

Cerimônia – Para inaugurar o instrumento no Teatro Amazonas, será realizada uma cerimônia de batizado, no sábado (26/05), às 10h, com presença do secretário de Cultura, Denilson Novo, e do embaixador da Indonésia, Toto Riyanto. Elizabeth explica que é comum na cultura indonésia dar um nome ao instrumento.

“Cada gamelão é único, então cada um tem o seu nome e suas particularidades. O nome, que é sempre ligado a algo da natureza, é dado ao embaixador, que, então, divulga ao público. É uma cerimônia tradicional após a construção do gamelão”, ressalta.

Legado – Com a doação do instrumento ao Governo do Amazonas, o gamelão deixará um legado de aprendizado. De acordo com Elizabeth Davis, após a estreia no FAO, o grupo realizará um concerto com o instrumento e também fará um workshop para ensinar o gamelão aos musicistas locais. As datas ainda estão em planejamento e serão divulgadas pela SEC.

“A ideia é começar este processo de criar um centro de aprendizagem para o gamelão em Manaus, que seria um dos pioneiros na América Latina”, afirma Elizabeth.

Ainda segundo a timpanista, o público do FAO vai se impressionar com o som do gamelão. “É um instrumento maravilhoso, com ressonâncias mágicas. As pessoas vão ficar hipnotizadas não só em termos visuais, pois o gamelão é lindo, mas também em termos sonoros. Ele captura a pessoa desde a primeira nota”, diz.

Festival Amazonas de Ópera – Este ano, o Festival conta com a apresentação de cinco óperas: “Faust”, “Dessana Dessana”, “Florencia en el Amazonas”, “Acis and Galatea” e a estreia mundial “Kawah Ijen (Vulcão azul)”. Os ingressos estão disponíveis na bilheteria do Teatro Amazonas e no site www.aloingressos.com.br, com valores que vão de R$ 5 a R$ 60.

Durante a temporada de ópera, também acontecerão atividades paralelas nos centros de convivências, shoppings, nos municípios de Manacapuru, Iranduba (no distrito do Cacau Pirera) e em Novo Airão; além do “Ópera Delivery”, que levará sessões exclusivas de trechos de obras à casa dos amazonenses, e do projeto “Ópera Studio”, da Escola Superior de Artes e Turismo da Universidade do Estado do Amazonas (UEA), que apresentará “La Boheme”, de Giacomo Puccini, no Teatro da Instalação.

Sobre o Bradesco Cultura – Com mais de 350 projetos patrocinados anualmente, o Bradesco acredita que a cultura é um agente transformador da sociedade. O Banco apoia iniciativas que contribuem para a sustentabilidade de manifestações culturais que acontecem de norte a sul do País, reforçando o seu compromisso com a democratização da arte.

Com apoio a eventos regionais, museus, feiras, exposições, centros culturais, orquestras, musicais e muitos outros, a instituição tem, ainda, uma plataforma de naming rights com o Teatro Bradesco, que conta com unidades em São Paulo e Rio de Janeiro. Em 2018, já passaram pela Temporada Cultural do Bradesco as exposições Julio Le Parc, Mira Schendel e Hilma af Klint, o espetáculo Bibi Ferreira e o Lollapalooza Brasil. Estão em cartaz os musicais Peter Pan e Ayrton Senna, além de diversas atrações confirmadas ao longo do ano, como os festivais de Parintins, Tiradentes, a festa junina de São João do Caruaru, ArtRio, MIMO e MADE, entre outras.

Serviço: ‘Kawah Ijen’ terá estreia mundial no 21° Festival Amazonas de Ópera

Data/hora: Dia 27 de maio, domingo, às 19h

Local: Teatro Amazonas – Avenida Eduardo Ribeiro, 659, Centro

Entrada: Os ingressos estão disponíveis na bilheteria do Teatro Amazonas e no site www.aloingressos.com.br, com valores que vão de R$ 5 a R$ 60.

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