EXCLUSIVO Presidente da Unimed confirma dívidas, mas nega venda: ‘Vamos ouvir proposta para equacionar o passado’

EXCLUSIVO Presidente da Unimed confirma dívidas, mas nega venda

EXCLUSIVO Presidente da Unimed confirma dívidas, mas nega venda e afirma que reunião desta quarta (23/05), revelada pelo Portal do Marcos Santos, será apenas para ouvir proposta da Central Nacional Unimed a fim de equacionar débito

Em entrevista EXCLUSIVA ao Portal do Marcos Santos, o presidente da Unimed Manaus nega que a empresa esteja sendo vendida. Sérgio Ferreira Filho, 58, afirma que a reunião marcada para esta quarta (23/05) terá outro objetivo. “Vamos ouvir uma proposta da Central Nacional Unimed (CNU) para resolver as dívidas do passado”, disse. A reunião está confirmada para as 14h, na sede do Conselho Regional de Medicina (CRM). Hoje (22/05), o portal noticiou que o encontro seria para receber uma proposta de venda da Unimed para a CNU.

O presidente não foi localizado antes da publicação e isso só ocorreu agora à noite. A fonte do portal, confiável, se baseou em dados resultantes de auditoria da empresa, que tem dívida considerada impagável.

Sérgio confirma as dívidas em torno de R$ 500 milhões. “Desse meio bilhão há cerca de R$ 300 milhões que estão negociados e parcelados. A empresa está equilibrada”, contesta.

O presidente nega que a Unimed esteja falida e diz que não assumiu o cargo enganado porque sabia das dificuldades. “Havia 50 Unimeds, em vários Estados, que não aceitavam mais usuário da Unimed Manaus. Hoje, os grandes centros, como São Paulo, Rio de Janeiro, Natal, Fortaleza e Belo Horizonte, estão negociados. Há apenas 15 Unimeds menores, de interior, ainda em negociação”, revela.

O presidente da Unimed Manaus reconhece que a venda não seria um mal negócio para o usuário. Afirma, por outro lado, que a empresa é amazonense e os amazonenses querem que ela continue com o Estado. “Vamos preservar os postos de trabalho e o patrimônio do cooperado”. Leia, a seguir, a íntegra da entrevista em que Sérgio Ferreira faz um Raio-X da Unimed:

Portal do Marcos Santos – O que significa vender a Unimed Manaus para a Central Nacional Unimed (CNU)? É isso o que será tratado nessa reunião desta quarta (23/05)?

Sérgio Ferreira – Não. A reunião não tem essa finalidade. A Unimed não está sendo vendida para a CNU. A Unimed atravessa a maior crise financeira de sua história. Estamos buscando caminhos para preservar o atendimento, postos de trabalho e marca da empresa. A CNU nos formulou proposta de estabelecer mecanismo de parceria para vencer a crise. Trata-se da quarta ou quinta maior operadora do Brasil. É a operadora do sistema Unimed. Todos estão preocupados com o posicionamento de marca, postos de trabalho dos cooperados etc. Essa é a questão que está posta. Vender para a CNU está fora de cogitação.

 

pms.am – Então a reunião é apenas para apresentar proposta sobre como pagar as dívidas da Unimed?

Sérgio Ferreira – Sim. Vão apresentar um modelo de negócio. Vamos conhecer e discutir entre os cooperados este modelo. Vamos ver se é um bom modelo, um bom encaminhamento, uma boa proposta. Mas, mesmo essa proposta, não terá decisão amanhã (23/05). Estamos trabalhando para manter a carteira e o crescimento dela. Queremos manter os postos de trabalho e a renda dos cooperados. É uma forma de proteção. A Unimed é uma empresa amazonense, do povo amazonense. Visitando indústrias, tribunais e outros parceiros comerciais, a gente percebe vontade coletiva de preservar a marca. O amazonense se identifica fortemente com a Unimed. Ele quer a Unimed. A gente busca reposicionar a marca, vender e entregar produtos da melhor forma.

 

pms.am – Conversamos há quatro meses e o primeiro diagnóstico da nova diretoria, que o senhor dirige, era de uma situação difícil. Como está hoje?

Sérgio Ferreira – Realmente a gente tem uma dívida grande, da ordem de R$ 500 milhões. É fato real. Isso foi auditado. Há, porém, cerca de R$ 300 milhões em impostos negociados. Ou seja, existe a dívida, mas ela não está vencida. Dívidas com cooperados e fornecedores a gente já negociou. E essa parte vem sendo adimplida (paga) pontualmente. Já trouxemos a empresa para o ponto de equilíbrio. Sem as dívidas do passado, a empresa estaria saudável. Hoje, a empresa não gasta mais do que arrecada. Tem sacrifícios para os cooperados, mas a empresa já está equilibrada. A dívida é um ativo oneroso. Por isso fomos atrás do sistema Unimed e mostramos todos os dados. Tivemos uma auditoria da KPMG, que diagnosticou nossa situação real. Estamos trabalhando para manter a empresa de pé. Não tenho dúvida que isso vai ocorrer. A Unimed não vai fechar, nem vai ser vendida.

 

pms.am – Vender não é o pior dos mundos, disseram várias fontes do Portal do Marcos Santos, para o usuário. O comprador teria que honrar os contratos feitos pela Unimed com os clientes. O senhor concorda?

Sérgio Ferreira – Verdade. Mas vamos perder nossos negócios e postos de trabalho, além da marca. A gente quer manter tudo isso. Para o usuário mudaria só o prestador de serviço. O plano seria o mesmo, se fosse esse o caminho que a gente estivesse buscando.

 

pms.am РO que vem da CNU? Qual ̩ a proposta que o senhor espera ouvir amanḥ?

Sérgio Ferreira – Amanhã isso ficará mais claro. Eles estão vindo para nos mostrar e para a gente ter oportunidade de discutir de onde virá receita para sanar o passado. Precisamos enfrentar essas dívidas. O presente está equilibrado. É preciso saber como fazer receita para fazer frente ao passado.

 

pms.am – Explique essa operação de compra de uma carteira de usuários por R$ 5 milhões, a IBBC. Parecia uma pechincha e hoje gerou uma dívida de R$ 60 milhões para a Unimed Manaus. Como isso se explica?

Sérgio Ferreira – Essa operação foi encerrada em outubro de 2017. Isso não existe mais. De uma forma bem clara: a nossa carteira é bem saudável, sem empresas deficitárias. Daí que a gente conseguiu trazer a empresa para o ponto de equilíbrio.

 

pms.am – A venda ou devolução da carteira, porém, gerou passivo jurídico e financeiro para a Unimed Manaus, não é?

Sérgio Ferreira – Essa era uma operação fora de Manaus. Era em Brasília, São Paulo, Rio de Janeiro, Niterói… Isso gerou endividamento fora da praça de Manaus. A maioria dessas operações já foi negociada. Não estão pagas, mas estão negociadas.

 

pms.am – Mas o negócio inteiro gerou essa dívida de mais ou menos R$ 60 milhões?

Sérgio Ferreira – Algo por aí, com certeza. Mais uma vez: isso é devido, mas é dívida negociada. O atendimento fora de Manaus está resolvido. Quando a gente assumiu, em janeiro, 50 Unimedes não atendiam Manaus. Isso foi equacionado há mais de dois meses. São Paulo, Rio de Janeiro, Natal, Fortaleza, Belo Horizonte estão entre os locais equacionados. Tem em torno de 15, do interior, ainda não negociadas. Os centros principais foram colocados em ordem de prioridade e resolvidos.

 

pms.am – Como está a empresa em relação à Direção Fiscal imposta pela Agência Nacional de Saúde (ANS)? Nesta situação, o plano de saúde pode ter alienação compulsória da carteira de clientes. (CLIQUE AQUI PARA SABER MAIS SOBRE DIREÇÃO FISCAL)

Sérgio Ferreira – Ainda estamos sob Direção Fiscal. Isso é mais complexo. Isso requer mais tempo. A empresa vinha nessa situação e continua, mas está funcionando, com o atendimento preservado.

 

pms.am РA proibi̤̣o de vender certos planos, tamb̩m imposta pela ANS, continua?

Sérgio Ferreira – Sim. Como tivemos, em outubro, novembro e dezembro, muitas reclamações pelo não-atendimento fora de Manaus, produtos nossos foram suspensos. A empresa é suspensa quando não atende às regras. No primeiro quadrimestre do ano há uma reavaliação. Como normalizamos o atendimento, no fim deste mês esperamos um posicionamento positivo sobre isso. Esse é o mecanismo do sistema de saúde.

 

pms.am – A venda de novos planos permite à empresa a reposição de usuários. É um jogo do mercado dos planos de saúde?

S̩rgio Ferreira РSim. Tem as quest̵es de pre̤o, atendimento. Empresas desse segmento flutuam.

 

pms.am – Em resumo, a reunião de amanhã (23/05), no CRM, é apenas para ouvir proposta da CNU? Não será tomada nenhuma decisão?

Sérgio Ferreira – Decisão só será tomada em assembleia específica para essa finalidade. Não se decide nada amanhã. Decisão pode vir em 70 dias, 90 dias. Estamos buscando a melhor rota a seguir.

 

pms.am – Como gestor da Unimed, em algum momento, o senhor pensou em jogar a toalha?

Sérgio Ferreira – Não. Ninguém me enganou. Eu sabia que o problema era grande. A gente percebe a vibração do cooperado. Tem os descrentes, mas isso é compreensível. Estamos passando pela oportunidade de fazer a virada e fazer a Unimed se reinventar e renascer. Creio que a empresa tem energia para isso.

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